Desmedido
Apresentação brutal e interação com o público marcam a estreia tardia do As I Lay Dying no Rio. Fotos: Daniel Croce.
Mais cedo – mas nem tanto, já que o show dura pouco mais de uma hora – o início é devastador, com uma trinca cuja obsessão é o esporro ensurdecedor em sua face mais cruel, mas, ao mesmo tempo, e talvez por isso mesmo, cativante. Isso porque o diálogo entre os vocais gritados de Tim Lambesis com o limpos do baixista Josh Gilbert funciona muito bem, como se fosse necessário a treva inicial para o encontro com aquele refrão açucarado. Tudo isso sem prejuízo das guitarras cortantes e incansáveis que, por força de uma acertada equalização técnica do som, resulta em audição perfeita no seio da plateia. Em “Through Struggle”, que arremata a sequência inicial, brutal – repita-se – esse artifício, máxima do death metal melódico, é lindo de se ver.
Ressalta-se que o grupo voltou à ativa no ano passado depois de um recesso de uns quatro anos, enquanto Lambesis acertava as contas com a justiça americana, e que essa formação reaparece ajustadíssima. Sobretudo com a dupla de guitarristas Phil Sgrosso e Nick Hipa, toda trabalhada em riffs velozes e solos extra-melódicos sob esporro cerrado, mas também pelo batera mão de aço Jordan Mancino, remanescente da formação original, junto com Tim Lambesis. Eles preparam o lançamento do álbum “Shaped By Fire” para o final do mês, e desse material, três músicas entram no show: “My Own Grave”, que nem parece nova, dada a cantoria do público; a faixa-título, a melhor delas, com refrão precioso também; e “Redefined”, uma traulitada de imediata imposição por pura distorção.Aproximadamente metade do repertório vem dos álbuns “Shadows Are Security”, de 2005, e “An Ocean Between Us”, de 2007, fase em que o grupo mais brilhou ao influenciar novas gerações até do metal core americano. Daí que saem “The Darkest Nights”, colante que só ela, já no início instrumental, e que deságua em refrão quase pop; “Nothing Left”, recebida no bis com cantarolar espontâneo da plateia; os solos melódicos em duelo permanente da britadeira “The Sound of Truth”; e “An Ocean Between Us”, outra daquelas em que o refrão ecoa lindamente do meio do salão. Um show curto – repita-se – mas que vale muito mais pela intensidade impingida pelos músicos – quase todas as músicas são coladas umas nas outras - e muito bem recebida por um público ensandecido, em mais que perfeita interação. A espera, enfim, acabou.
Mais cedo, chamou a atenção a quantidade de púbico que já está familiarizado com o som da Reckoning Hour. O grupo, que volta e meia faz a abertura para turnês de bandas internacionais, está se consolidando como um dos grandes nomes do metal nacional mais recente. Em uma apresentação curta, de menos de meia hora, foram tocadas músicas do novo álbum, “Beyond Conviction”, caso de “Away From The Sun”, e outras mais conhecidas e até cantadas pelo público. A novidade ao que parece é a participação de outros integrantes nos vocais limpos, sendo que o vocalista JP se sai muito bem nos limpos e rasgados, e uma presença de palco que tem melhorado a cada show.Set list completo As I Lay Dying:
1- Meaning in Tragedy
2- An Ocean Between Us
3- Through Struggle
4- Within Destruction
5- Redefined
6- The Sound of Truth
7- Forsaken
8- Shaped By Fire
9- Condemned
10- Instrumental
11- The Darkest Nights
12- A Greater Foundation
13- Parallels
14- My Own Grave
15- 94 Hours
Bis
16- Nothing Left
17- Confined
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