Bola é Bola Mesmo

Por um triz

Alemanha fica à beira do abismo, mas se salva com ajuda de apito amigo; Bélgica passeia em goleada com liberdade e lance típico da Copa de 70. Fotos: Divulgação FIFA.

alemanha23-6-18A 30 segundos do final dos acréscimos de cinco minutos, a partida parece estar resolvida. Mas - alto lá! - uma falta lateral é marcada e a equipe que está prestes a ficar em uma situação irreversível na competição tem a oportunidade de lançar uma última bola para a área adversária. É a jogada se desenrolar e o jogo termina. Eis que, em uma cobrança de dois toques, a bola é rolada quase sem se mexer e o meia desfere um tiro enviesado no ângulo do goleiro. É gol da Alemanha!

Gol não de uma pessoa qualquer, mas de Tony Kroos, que, segundo consta, passa meses sem erar um passe. Mas que, nessa mesma partida errou um fatal. Aquele que ofereceu o contra-ataque à Suécia, cuja bola foi lançada para um belíssimo gol de Toivonen, encobrindo o gigante Neuer, ainda no primeiro tempo. Com o um a zero, a Alemanha, atual campeã do mudo, seria praticamente eliminada. Seria, mas não foi, com um gol de empate no início da segunda etapa e esta batida salvadora de Kroos. Assim é futebol.

No videotape – que é burro – observa-se quem na barreira o jogador sueco que deveria atacar a bola batida pelo meia alemão se vira de lado, deixando a brecha fatal por onde ela bola passaria. E que o goleiro Olsen, que tanto fez para fechar o gol, resistindo bravamente ao ataque alemão durante mais de 90 minutos, deu um leve passo para a direita, abrindo justamente a possibilidade de a redonda entrar no seu lado superior esquerdo. É, meus amigos, assim é o futebol.

E – ainda tem mais essa – na primeira etapa, quando o jogo ainda estava zero a zero, o atacante Berg, em clara e manifesta oportunidade de gol, é derrubado pelo zagueiro Boateng dentro da área, em um pênalti escandaloso que, se marcado, poderia resultar em gol e na expulsão do zagueiro alemão. Mas nem o árbitro de carne e osso, nem o VAR quiseram marcar, em outro flagrante caso de garfada nesta Copa 2018. Boateng ainda seria, mesmo assim, expulso com um segundo cartão amarelo, mas só no final da segunda etapa.

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Nuances de um jogo tenso, em que tudo poderia acontecer a qualquer momento, mas, drama dos dramas, só foi acontecer no desfecho final. A Alemanha, que não é mais aquela Alemanha de 14, que já não era uma Brastemp, pressionou a Suécia, aquela seleção que tirou a Itália da Copa, na maior parte do tempo. Mas os Suecos, bravos, souberam defender, sobretudo no segundo tempo, e beliscaram uma chance de gol aqui e outra acolá.

De um lado, bola na trave e sururu na zona do agrião com Olsen salvando a pátria viking; do outro, escorregão de Neuer e pênalti não marcado em cima de um sistema defensivo mal protegido. Um dos melhores jogos da Copa que mantém a Alemanha no páreo e não garante a classificação do México, mesmo com seis pontos, e ainda pode proporcionar um incrível empate triplo na rodada final. Foi ou não foi por um triz?

Ainda mais cedo, o lance que a TV mostra parece decalcado da Copa de 70, num gap de 48 anos. Da meia cancha, tal qual Gérson, o zagueiro Alderweireld faz um lançamento de 40 metros para o domínio perfeito do meia Hazard. Este, tal qual Jairzinho, o furacão da Copa de 70, se livra do zagueiro e do goleiro e marca o quarto gol da Bélgica, na goleada de cinco a dois sobre a Tunísia.

Marcaram ainda, para os belgas, Lukaku, duas vezes, uma com cada pé, seu substituto, Batshuay, que perdeu três chances claras antes de fazer o quinto, e o mesmo Hazard, abrindo o placar, de pênalti, na primeira etapa. Falhou a Bélgica, ao tomar um gol de bola parada, e notadamente o goleiro Curtois, cuja envergadura de quase dois metros o impediu de cair rápido para impedir o segundo gol dos tunisianos. Mas, àquela altura, os belgas já tinham ido embora.

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Assim, com quatro gols, Lukaku divide a artilharia da Copa com ninguém menos que Cristiano Ronaldo, e com um repertório parecido, com gol de tudo o que é modo: de perto, de longe, com esquerda, direita, de cabeça e o escambau. Tudo, assim como o gajo, em duas míseras partidas. E deitaram e rolaram Hazar e De Bruyne no meio campo Belga, ante uma Tunísia que não armou retranca, mas partiu pra cima e foi generosa, ao entregar vários presentes aos seus oponentes.

Goleou a Bélgica? Sim. Pegou moleza a Bélgica, contra Panamá e Tunísia? Sim, e por isso mesmo sapecou três a zero em uma e cinco a dois em outra, enquanto a Inglaterra suou sangue para vencer esses mesmos tunisianos, com gol, de virada de Harry Kane nos acréscimos; de novo. Joga fácil esse time da Bélgica? Joga muito fácil, e, pelo cruzamento das chaves, deve chegar nas quartas com muito mais folego para brilhar do que em 2014. Mais aí já pega pedreira.

E o México, hein? Depois de derrotar a Alemanha na primeira rodada, e com muitos méritos, poderia aproveitar a partida contra a frágil Coréia para fazer saldo de gols e se garantir nesse embolado grupo. Mas, além de dar mole e deixar escapar até o dois a zero, ao tomar um gol de Son nos acréscimos. O melhor jogador deles, do Tottenham, azucrinou a defesa mexicana.

No fim das contas, a Coréia finalizou mais, mas menos no alvo, e poderia até ter arrancado um empate. Está, contudo, fora da Copa, em um grupo que se mostrou difícil demais para quem ainda segue ingênuo nas quatro linhas. E a boa notícia para o México é que desencantou o atacante Chicharito, com um belo gol. Agora é entrar de cabeça no desenrolo desse grupo, no qual pode ser líder ou eliminado em 90 minutos.

Até a próxima que garfaram a Suécia com VAR e tudo!

Resultados de 23-6-2018:
Bélgica 5 x 2 Tunísia
Coréia do Sul 1 x 2 México
Alemanha 2 x 1 Suécia

Top 64 jogos da Copa 2018:
1-Portugal 3 x 3 Espanha
2- Alemanha 2 x 1 Suécia
3- Argentina 0 x 3 Croácia
4- Bélgica 5 x 2 Tunísia
5- Argentina 1 x 1 Islândia
6- Alemanha 0 x 1 México
7- Bélgica 3 x 0 Panamá
8- Colômbia 1 x 2 Japão
9- Brasil 2 x 0 Costa Rica
10- França 1 x 0 Peru
11- Tunísia 1 x 2 Inglaterra
12- Brasil 1 x 1 Suíça
13- França 2 x 1 Austrália
14- Rússia 5 x 0 Arábia Saudita
15- Rússia 3 x 1 Egito
16- Coréia do Sul 1 x 2 México
17- Nigéria 2 x 0 Islândia
18- Portugal 1 x 0 Marrocos
19- Dinamarca 1 x 1 Austrália
20- Sérvia 1 x 2 Suíça
21- Suécia 1 x 0 Coréia do Sul
22- Costa Rica 0 x 1 Sérvia
23- Polônia 1 x 2 Senegal
24- Egito 0 x 1 Uruguai
25- Uruguai 1 x 0 Arábia Saudita
26- Peru 0 x 1 Dinamarca
27- Irã 0 x 1 Espanha
28- Croácia 2 x 0 Nigéria
29- Marrocos 0 x 1 Irã

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