Bola é Bola Mesmo

Não pode, Messi

Um dia depois do brilho intenso de Cristiano Ronaldo, craque do Barcelona perde pênalti e Argentina só empata com amadores da Islândia. Fotos: Divulgação FIFA.

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Em um sábado de almanaque com nada menos quatro jogos de Copa do Mundo seguidos, aprendeu-se ao menos duas lições. Messi não pode perder o pênalti que daria a vitória a Argentina, contra nenhum adversário, em nenhuma circunstância, mesmo não sendo lá um exímio batedor como Henrique Dourado. O técnico da seleção peruana, Ricardo Gareca, não pode, sob justificativa alguma, deixar Paolo Guerrero no banco, sob pena de ver o inconstante Cueva mandar outra cobrança de pênalti nas alturas, Baggio 94 style.

Quem espera de Messi, nessa Copa 2018, as atuações estonteantes do Barcelona, lamento informar, mas dificilmente elas ocorrerão. Os três gols contra o Equador que garantiram a classificação dos argentinos na rodada final das Eliminatórias podem ter nos trazido essa ilusão. Mas de Messi, em Copa, deve-se esperar apenas uma boa Copa, como foi a de 14, com o Preá jogando bem, fazendo gols decisivos e levando a Argentina – quem sabe – até a final, e eleito o melhor jogador da Copa, com a ajuda decisiva de coadjuvantes de luxo como Di María e Mascherano, aquele que se rasgou todo.

Como foi a partida de ontem, na qual o camisa 10 sacou nada menos que 11 tiros a gol, ou tentativas de um total de 26 da Argentina. Como a da marca fatal no qual cobrou o pênalti mal, no meio da área esquerda do gol, entre o meio do gol e a trave, facilitando a defesa do cineasta Halldorsson, de boa envergadura, mas longe de ser um goleiro consagrado, um paredão como Courtois e afins. Cercado de adversários por todos os lados, o pobre Messi não teve a ajuda de seus companheiros, pois se três estão a marcá-lo, alguém precisa estar livre. Nem do treinador, que bem poderia ter deslocado o craque para outro lugar, de modo a tentar confundir os islandeses.

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Nada disso. Ficou lá o Preá – repita-se - rodeado de pernas de pau por todos os lados. Sim, porque se a seleção da Islândia é pitoresca sob todos os aspectos, simpática e cheia de boas histórias, o time nada joga, não passa daquelas equipes tradicionais nórdicas da Europa, como Noruega e Finlândia, com gigantes todos duros e cabeças de bagre. Por isso foi o amontoado um ferrolho daqueles que nem a Suíça tem mais – confirmaremos hoje contra o Brasil – do qual nem a as invencionices de Sampaoli conseguiu se livrar. Nem Messi. Nem um craque como Messi. Nem com um pênalti a favor. O empate de Cristiano Ronaldo tem gosto de vitória; o de Messi, de derrota. Assim é futebol.

Depois de um longo e estranho processo de acusação de doping, do qual só foi liberado pela justiça comum suíça, com um brasileiríssimo efeito suspensivo, o peruano Guerrero está apto para jogar o Mundial, que a sua seleção não disputa desde 1982. Os adversários, a mídia nacional e internacional, cada peruano espalhado por esse mundão, e as torcidas do Corinthians e do Flamengo querem Guerrero em campo. E o que faz o professor? Coloca o Guerrero no banco.

Ora, faça-me o favor. A única chance que tem o Peru de conseguir algo em um grupo com a França como cabeça de chave é fazer frente ante a Dinamarca e Austrália, e para isso, como time que tem, precisa usar de sua força máxima, com Guerrero e o escambau, dane-se em que condições. E o jogador vinha bem, chegou inclusive atuar pelo Flamengo em boas condições. Se estivesse em campo, teria seguramente convertido o penal que Cueva mandou lá em Lima.

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E chorou o jogador do São Paulo, no que, é bom lembrar, Zico, que nunca perdia um pênalti, também perdeu em 1986, e lhe caiu o mundo sobre as costas. Longe de ser craque, Cueva pode perder pênalti, sim. Messi é que não pode. Foi melhor o Peru quase o tempo todo contra a Dinamarca de Eriksen e mais 10, mas com Guerrero entrando aos 17 do segundo tempo, caiu na máxima do “quem não faz leva” ou da falta de peso na camisa em relação a Dinamarca, e perdeu a partida porque quis. Ou porque Gareca não quis vence-la. Eis aí a lição.

Ah, esses professores… Parece ter melhorado o da França, que diferentemente de quatro anos atrás, passou o jogo todo reclamando do árbitro e/ou falando com seus jogadores. Em 14, Didier Deschamps se contentou em ser eliminado pela Alemanha nas quartas de final, em pleno Maracanã. Ainda no cargo, enquanto Zidane não vem, ele precisa fazer dessa ótima geração de jogadores franceses um time competitivo.

Não foi que se viu contra a Austrália, outra equipe de cabeças de bagre clássicos, mas forte, organizada pelo holandês Bert Van Marwijk, vice em 2010, que marca forte e dá um trabalho danado para perder. A França mostrou um time mal organizado que dependeu basicamente das individualidades de Pogba, que deixou Griezmann na cara do gol para sofrer um pênalti e marcou o chorado gol da vitória. Ou do excepcional Kante, mas não do zagueiro Umtiti, que fez uma lambança extraordinária.

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Deschamps também não se ajudou, ao fazer substituições estranhas. Precisando desempatar o jogo, sacou, de uma vez só, dois de seus atacantes rápidos para colocar um centroavante e um meia. Não funcionou, mas o gol saiu em seguida. Ele precisa e vai arrumar essa França de tantos talentos, é no que acreditam os franceses, porque desafios maiores virão. E não dá pra se contentar com eliminação, seja para quem for, né?

E a pelada brutal que se anunciava para o desfecho do sabadão lindo de Copa nem foi tão ruim assim. É difícil acreditar nos croatas, mesmo com feras do Real Madrid, Barcelona e Juventus em campo. Mas o que dizer da seleção da Nigéria, que, se de um lado abandonou o futebol solto e romântico dos africanos, de outro não adquiriu a competitividade do futebol global? E seguem duros na queda, baixando o pau.

Impressiona como nomes do naipe de Mikel, Iwobi e NDidi, entre outros, úteis a equipes de grandes ligas europeias, em sua seleção não conseguem fazer lá grande coisa. E assim a partida é fraca, com dois chutes a gol da cala lado, um gol contra da Nigéria que muda o rumo das coisas, e, pra finalizar, um gol de pênalti convertido por Modric, um craque perdido na partida toda. Vai que é tua, Argentina!

Até a próxima que hoje é dia de Brasil-sil-sil!

Resultados de 16-6-2018:
França 2 x 1 Austrália
Argentina 1 x 1 Islândia
Peru 0 x 1 Dinamarca
Croácia 2 x 0 Nigéria

Top 64 jogos da Copa 2018:
1- Portugal 3 x 3 Espanha
2- Argentina 1 x 1 Islândia
3- França 2 x 1 Austrália
4- Rússia 5 x 0 Arábia Saudita
5- Egito 0 x 1 Uruguai
6- Peru 0 x 1 Dinamarca
7- Croácia 2 x 0 Nigéria
8- Marrocos 0 x 1 Irã

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