Cresceram
Com maiores estatura e reconhecimento, e ‘músicas novas já consagradas’, The National volta a fazer show contagiante no Circo Voador. Fotos: Nem Queiroz.
É preciso lembrar, no entanto, para começo de conversa, que “Sleep Well Beast”, o sétimo álbum da banda, foi agraciado com o Grammy na categoria “Melhor álbum musical alternativo”, o que deve ter despertado – mais ainda – a curiosidade pelo novo material. E que, há cerca de sete anos, nesse mesmo Circo Voador lotado, o mesmo The National se apresentou tocando quase a íntegra – uma faixa ficou de fora - do álbum de então, “High Violet” (relembre). Ou seja, os riscos estão aí e o National adora corrê-los. E se sai muito bem, a julgar pela execução de músicas como “Day I Die”, que parece hit de longa data, pela reação da plateia; e a tristíssima “Nobody Else Will Be There”, que abre a noite em baixo tom, mas também com ótima resposta. Sim, todos estavam lá.
A paisagem do palco também revela que a banda cresceu e não só em estatura. Dessa vez, há a companhia de um naipe de metais com dois músicos do tipo faz de tudo, incluindo percussão e uns barulhinhos sampleados a mais. De início, dá até medo de eles estragarem tudo, ao tornar over um som tão específico quanto o do National, mas no fim das contas tudo sai bem. Durante o show, é notável que a performance do vocalista Matt Berninger, com sua voz peculiar, um barítono radical, se destaque, mas, dessa vez, a dupla de guitarristas Aaron Dessner e Bryce Dessner (irmãos gêmeos?) também aparece, seja tocando em ótimas evoluções instrumentais, se revezando em teclados com trechos enriquecedores ou ainda nas invencíveis coreografias com as guitarras erguidas ao público. Coisa linda, ainda mais para uma banda indie.
Acontece por exemplo em “Guilty Party”, quando um duelo de guitarras incomum chama a atenção, embora revestido por samples; em – de novo – “Day I Die”, com os dois guitarristas impingindo um crescente final instrumental empolgante; e em “Fake Empire”, que aparece coladinha, e as duas guitarras são erguidas na beirada do palco em tributo ao rock. Entre uma fala e outra, Berninger reconhece a importância do local para os fãs e deixa se empolgar pela reação da plateia, como se uma coisa movesse outra. Não por caso, sempre que pode, ou que a ocasião pede, ele se aproxima da grade que separa o palco do público, em geral mais pela emoção da música do que como um atributo burocrático de frontman.Se com as novidades a relação banda + público é das melhores, imagine nas músicas consagradas. É assim que “Mr. November” bota pra quebrar, já no bis, com Matt arregaçando a garganta e até o discreto, mas eficiente baterista Bryan Devendorf (do boné vede limão), realça suas viradas. “Squalor Victoria”, com mais vocal forçado ao limite e um refrão, digamos, de contagiar; “Terrible Love”, talhada para fechar a noite lá em cima; e “Empire Line”, outra das novas, com melodia deliciosamente sombria, como manda o receituário do National, são outras músicas que se salientam nesse ótimo show. Que só não acabou em alto astral por conta da inclusão derradeira de “Vanderlyle Crybaby Geeks”, quase acústica e cantada à capela. Ah, ficou bonito mesmo assim.
Set list completo:
1- Nobody Else Will Be There
2- The System Only Dreams in Total Darkness
3- Walk It Back
4- Guilty Party
5- Don’t Swallow the Cap
6- Bloodbuzz Ohio
7- Squalor Victoria
8- I Need My Girl
9- Wasp Nest
10- Conversation 16
11- Empire Line
12- Slow Show
13- Pink Rabbits
14- Day I Die
15- Fake Empire
16- About Today
Bis
17- Carin at the Liquor Store
18- Mr. November
19- Terrible Love
20- Vanderlyle Crybaby Geeks
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