Funciona
The National leva a tristeza indie para as massas com bom show no Lollapalooza. Fotos Divulgação Lollapalooza: Camila Cara/MRossi.
Vitaminado com um duo de metais, percussão e outras cositas mas, o quinteto original tem mais consistência ainda do que a já oferecida pela dupla de guitarristas Aaron Dessner e Bryce Dessner, que também se revezam em teclados. Tudo para que o vocalista Matt Berninger, com sua voz peculiar, um barítono radical, brilhe entre a delicadeza e o desabafo incontornável sugerido pelas letras, e daí a tal catarse que faz dos shows do National uma boa experiência. Paradoxo esse bem exposto na sensível “Nobody Else Will be There”, que abre o show de maneira sutil, em contraposição a, por exemplo, “Squalor Victoria”, com Matt rasgando a voz como se o mundo fosse acabar.
O resultado, senão pleno, aparece nos rostos com olhos marejados dos fãs mais próximos do palco que têm a imagem exibida no telão, e talvez por isso mesmo Matt não se furte de descer junto a grade que separa o público do palco em diversas vezes; faz isso também nos shows em casas fechadas. Acontece em “Day I Die”, que, ainda pouco conhecida, força a plateia a sair de certa letargia, e na já clássica “Mr. November”, que tem ótima performance da banda e de Matt Berninger em especial. O instrumental segue cada vez mais encorpado, o que garante ao show um substancial advance em relação as músicas gravadas em disco, em suas versões originais.
As imagens tortas, sujas de propósito, escuras, exibidas no telão de fundo e nos laterais, se não realçam detalhes dos músicos tocando para quem não está tão próximo do palco, contribuem para o chamado conjunto da obra da apresentação, que a cada música recebe o carimbo de que, sim, funciona. Boa parte das músicas é do premiado disco novo – cinco das 13 – o que, se contribuiu para momentos de menor adesão do público, mostra o quinteto em boa forma e desabraçado da onda clássica que permeia grandes festivais como o Lolla; dá pra tocar música nova, sim. “Guilty Party”, por exemplo, uma das que têm os metais, começa quase sem ser notada e termina com um ótimo duelo de guitarras, que, erguidas, encantam o público.Se sobressaem também no repertório músicas como a francamente inspirada nos anos 80 “Bloodbuzz Ohio”, que o público aplaude muito no final; “The System Only Dreams in Total Darkness”, turbinada por ótimas intervenções de guitarra, e com Matt se aventurando no passeio pela grade, junto ao público; e no desfecho com “Terrible Love”, uma daquelas em que o vocalista parece que vai colocar os bofes pra fora, de tanto que se esgoela. É o que faz a banda deixar o palco debaixo de muita vibraçao por parte do público, de onde se constata que, sim, é possível tocar para as massas com sucesso sem mexer tanto assim na música que leva uma banda a tal situação. Ao menos, com o The National funcionou.
Set list completo:
1- Nobody Else Will Be There
2- The System Only Dreams in Total Darkness
3- Don’t Swallow the Cap
4- Walk It Back
5- Guilty Party
6- Bloodbuzz Ohio
7- Squalor Victoria
8- I Need My Girl
9- Slow Show
10- Day I Die
11- Fake Empire
12- Mr. November
13- Terrible Love
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