Prazer, rock’n'roll
Estreando turnê pelo Brasil, Cheap Trick substitui bem o Lynyrd Skynyrd e é finalmente ‘apresentado’ ao público carioca no Solid Rock. Fotos: Nem Queiroz.

A dupla de figuraças do Cheap Trick: o guitarrista Rick Nielsen e o vocalista e guitarrista Robin Zander
Não que o grupo tenha adentrado o palco enlouquecendo o público logo de cara, exceto uma meia dúzia de três ou quatro dependurados ali na grade. De início, a postura da plateia, já numerosa, era quase dispersa, até passar para contemplativa, e, depois, para uma tímida participação, para enfim a interação total acontecer no final. A bem da verdade, praticamente nenhuma música do Cheap Trick soa familiar nesse ambiente, e, aí, é a força das canções e da execução dos músicos o mérito da saborosa conquista. De um modo geral, os caras pinçaram um repertório da antigas, deixando quase de fora as músicas dos álbuns mais recentes, e mudaram bastante o set list em relação ao show de São Paulo, numa troca de nada menos que 10 músicas, incluindo “She’s Tight”, que regravada pelos fanfarrões do Steel Panther, acabou limada quando até poderia ajudar.

Robin Zander e o visual 'papel de parede de gibi', com o batera Daxx Nielsen e Rick Nielsen circulando
Dois outros momentos específicos marcam a apresentação. Um é a estranheza de músicas como a monocórdica “Speak Now or Forever Hold Your Peace”, conduzida por Tom Petersson, com seu baixo peculiar de cordas dobradas, e que tem um desfecho amalucado e esporrento. Ou outro, e aí o trabalho de sedução é a favor, vem com baldadaças que sempre têm grande apelo. Caso de “The Flame”, uma das bem identificadas, com violão no palco, tocado por Zander, e na apenas razoável “Voices”. Embora tenha lançado um álbum todo de temática natalina em outubro (caras de pau!), e apesar da proximidade das festas de final de ano, apenas “Run Rudolph Run” desse material é tocada, e, consagrada por Chuck Berry, nem é tão identificada assim com Santa Claus e adjacências. O público, a essa altura, canta o refrão atendendo ao apelo da banda.
E no epílogo, hits como “Dream Police”, impulsionada por um distintivo exibido no telão, e “Surrender”, o clássico que seria citado pela guitarra de Steve Morse mais tarde, no show do Deep Purple, têm grande adesão, o que garante, enfim, o arremate que o Cheap Trick merece. Sim, ficou faltando a espalhafatosa e eloquente guitarra de cinco braços que Nielsen costuma exibir, mas, no finalzinho, ele ainda buscou aquela amarela de dois trastes, em formato de “Uncle Dick”, para tocar, meio às pressas – parece que havia duvida se havia ou não tempo - “Auf Wiedersehen”, que costuma ser emenda com “Goodnight Now”, mas aí não deu tempo mesmo. Mas que, no fim das contas, o quarteto agradou, isso agradou. Quando voltar, em um show sozinho, a semeadura dessa noite seguramente vai frutificar.Set list completo:
1- Hello There
2- ELO Kiddies
3- Big Eyes
4- California Man
5- Lookout
6- On Top Of The World
7- The House Is Rockin’ (With Domestic Problems)
8- Voices
9- Long Time Coming
10- Speak Now or Forever Hold Your Peace
11- That 70’s Show
12- Magical Mystery Tour
13- I Know What I Want
14- The Flame
15- I Want You To Want Me
16- Dream Police
17- Run Rudolph Run
18- Surrender
19- Auf Wiedersehen
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