Diversão garantida
Mestre dos palcos, Accept realça boa fase no Rio como repertório renovado e clássicos do heavy metal. Fotos: Nem Queiroz.
Não nesta noite. Aqui, agora, é a vez do metal clássico, tradicional, de sotaque alemão – chame como quiser -, com o brilho de guitarras no talo, riffs perturbadores de tão atraentes, e uma inigualável presença de palco que coroa uma apresentação do tipo que não tem erro. E não se trata, como costumam bater o martelo os críticos de sofá, de uma banda decadente que vem ao Brasil em turnê caça-níqueis tocando sucessos do passado. Para quem não sabe, o Accept renasceu em 2009, com a entrada do vocalista americano Mark Tornillo, e, de lá para cá, não para de lançar bons discos. Nessa noite, eles cedem nada menos que 10 das 21 músicas apresentadas, muitas já convertidos em hinos da nova fase. Como a excelente “Teutonic Terror”, do disco “Blood Of Nations”, que inaugura o período, em 2010, intrusa no bis, ou “Die By The Sword”, já tratada como hino e com cantarolar próprio, mesmo sendo lançada em “The Rise Of Chaos”, que saiu há apenas três meses (!?), no abrir da noite.
O risco maior vem ainda na parte inicial do show, quando são enfileiradas nada menos que quatro músicas novas, causando certa apreensão no ar. A fraca “Koolaid”, por exemplo, com sotaque mais rock e menos metal, só não silencia a plateia por conta de um bom refrão, um crescente instrumental dos bons, e pela empatia dos músicos, uma constante em toda a noite. Eles tocam e cantam o tempo todo com a animação/energia dos afortunados, como se cada música fosse por si só a mais conhecida de todos os tempos. Em “The Raise Of Chaos”, a música, brilha a habilidade solo do guitarrista Wolf Hoffmann – e não seria a única vez na noite -; “Analog Man” ganha o público pelo riff colante – o que também é clara obsessão da banda -; e “No Regrets”, porrada das boas, descamba para uma sequência de guitarras melódicas que parece não ter fim, cortesia de Wolf e do caçula Uwe Lulis (ex-Grave Digger).Para que tanta coisa nova entre, é preciso que outras das antigas saiam, mas o repertório não decepciona no quesito clássicos, ainda mais com um show bem maior que a abreviada apresentação de São Paulo, que teve apenas, segundo consta, míseros 13 números. Assim se salientam “Princess of the Dawn”, que o público adora e responde com um forte bater de cabeça e uma cantarolagem generalizada; “London Leatherboys”, que dá início a uma série de coreografias ensaiadas pelos músicos no palco; “Metal Heart”, já no bis, alongada e com um pequeno solo do discreto, mas eficiente baterista Christopher Williams; e “Objection Overruled”, com direito a um mini duelo de Wolf Hoffmann e o baixista Peter Baltes, ambos fundadores do Accept, lá nos cafundós da Alemanha, no em meados dos anos 1970.
O simpaticão Wolf é a alma da banda, e, responsável por quase todos os solos, insere passagens eruditas que só incrementam ainda mais o show; o “final sem fim” de “Pandemic”, por exemplo, é sensacional. No ano passado, lançou o bom álbum solo “Headbangers Symphony”, com esse viés. Mas, honra seja feita, é Tornillo o vetor dessa nova fase do grupo. De grande semelhança com o AC/DC Brian Johnson, sua voz parece que vai sumir no minuto seguinte, mas o baixinho se sustenta durante o show com a alta performance que faz jus à essa estonteante fase do Accept. Ah, e teve também, no desfecho final, cantado até pelos seguranças e garçons, “Balls to the Wall”, o super hit extramuros do metal que tinha tudo para fazer do Accept mais uma inefável one hit band. Mas - cá entre nós -, o que é um hitzinho desses depois de showzaço daqueles?Set list completo:
1- Die by the Sword
2- Stalingrad
3- Restless and Wild
4- London Leatherboys
5- Living for Tonite
6- The Rise of Chaos
7- Koolaid
8- No Regrets
9- Analog Man
10- Final Journey
11- Shadow Soldiers
12- Solo de guitarra
13- Neon Nights
14- Princess of the Dawn
15- Midnight Mover
16- Up to the Limit
17- Objection Overruled
18- Pandemic
19- Fast as a Shark
Bis
20- Metal Heart
21- Teutonic Terror
22- Balls to the Wall
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