O Homem Baile

Às claras

Booze & Glory demora, mas engrena com a chegada do público na abertura para o Dropkick Murphys no Circo Voador. Foto: Nem Queiroz.

boozeglory17“Essa banda é contra o facismo, contra o racismo e contra a homofobia”. A afirmação pode até soar banal nesses dias tão estranhos, mas, dita pelo vocalista do Booze & Glory, Question Mark, bem no meio do show do grupo, ontem (27/10), no Circo Voador, soa como necessária carta de intenções. Porque a banda, que se auto intitula street punk no próprio cenário do show, sabe que o termo muitas vezes serve para camuflar vertentes menos simpáticas do punk rock e do oi!, para dizer o mínimo, e que esse não é – martelo batido – o pub deles. O grupo vem dos subterrâneos de Londres – o sotaque carregado não nega – e é, de outro lado, fortemente identificado coma cultura de torcidas locais, sendo que os integrantes torcem para o West Ham, time do Iron Maiden Steve Harris.

O show serve como abertura para o Dropkick Murphys (veja como foi) e se divide basicamente em duas partes. A melhor delas, da metade para o final, tem o pico de audiência quando Mark, que também é guitarrista, deixa o instrumento de lado para comandar o público em um encerramento de grande adesão, com o refrão da colante “Only Fools Get Caught”. Antes, outra música, a suspeita “London Skinhead Crew”, que parece um hino de torcida com trecho catarolável de arquibancada, e de certa maneira identificada com a banda de fundo, já fazia as rodas de pogo, antes tímidas, se tornarem intensas. Também conhecida, embora mais nova, “Carry On” é uma das mais colantes, por conta de um bom refrão, e por isso tudo, uma das mais aplaudidas pelo público.

No começo, cerca de uma hora antes, nem parecia que seria assim. Porque a outra parte, no início do show, encontrou um Circo Voador ainda vazio, com a plateia meio paradona, o que se refletia na expressão assustada de cada um dos integrantes do B&G. Mesmo assim, a força de músicas como “Leave the Kids Alone”, uma ode à farra adolescente, e “Last Journey”, a tal que é precedida pela carta de intenções anti-reacionária, mais cadenciada e com outro refrão dos bons, dão uma ótima impressão. Grosso modo, a banda funciona com os dois guitarristas e vocalistas, sendo que Mark canta mais do que toca e se concentra mais nas bases, e Liam The Lion, que também canta bem, descola os solos mais interessantes, sem cair no enfastio técnico que o punk rock não permite, mas agradável mesmo assim.

O grupo tem um novo álbum lançado no mercado, inclusive no Brasil, intitulado “Chapter IV”, que cede seis faixas ao show. Além das já citadas “Last Journey” e “Carry On”, se salientam “Violence and Fear” e “Back on Track”, ambas com ótimas intervenções de Liam nos solos, e ainda “Simple”, uma das que o público acompanha batendo palmas, já na metade mais animada da noite. Antes das duas últimas músicas, Mark “negocia” tocá-las “em troca” de uma daquelas fotos da banda de costas para o público que ilustram os instagrams da vida. Trato feito, as duas são justamente “London Skinhead Crew” e “Only Fools Get Caught”, aquelas em que o público mais agitou, antes de o Dropkick Murphys quebrar tudo. Se a última impressão é que fica, que o quarteto street punk londrino leve essa para casa.

Set list completo:

1- Days, Months & Years
2- Maybe
3- Leave the Kids Alone
4- The Day I’m in My Grave
5- Back on Track
6- Down And Out
7- Last Journey
8- The Time Is Now
9- Violence and Fear
10- Simple
11- Carry On
12- Blood From A Stone
13- London Skinhead Crew
14- Only Fools Get Caught

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