O Homem Baile

Estrelados

Boogarins aproveita espaço diminuto no Rock In Rio, tendo Céu como anfitriã; cantora é aplaudida por bom público em horário cedo demais. Foto Divulgação Rock In Rio: Fernando Schlaeepfer/I Hate Flash.

ceuboogarinsrockinrio17Uma única música em um palco secundário em um horário indigesto e com artistas de gosto duvidoso ao redor é muito pouco para o Boogarins. Não é nada, não é nada, o grupo tem girado o mundo levando o rock psicodélico made in Brasil para gringo consumir ano após ano. Contudo, o quarteto goiano aproveita muito bem a oportunidade – vamos dizer assim – de coadjuvar a boa cantora Céu, como manda a regra do Palco Sunset, no Rock In Rio, agora há pouco, na nova Cidade do Rock. Foi a segunda apresentação – entre as que contam - no dia de abertura da edição desse ano. Grosso modo, mesmo entrando no palco na metade do show, o Boogarins deu o pontapé inicial para as guitarras no festival. O que -acreditem - não é pouco.

De um modo bem econômico, é verdade, já que as improvisações/delírios instrumentais praticados pelo grupo foram um tanto reduzidos, por questões de tempo e horário. E, a bem da verdade, tal atitude, inerente ao rock, desanima boa parte de uma plateia cafona, identificada com as atrações principais, incluindo a cantora que cancelou de última hora por motivos de saúde. É notória a retirada quando o som do palco tende mais para o Boogarins do que para o da Céu, e quando a cantora dá uma saidinha, na tal música, “Lá Vem a Morte”, a coisa se acentua, ainda que ela retorne ao palco para um ótimo desfecho, com as duas bandas tocando juntas. Desafiados, os músicos que acompanham Céu finalmente mostram serviço no hit “Chegar em Mim”.

Porque, como banda da Céu, eles se acovardam na maior parte do tempo, renunciando às possibilidades de seus respectivos instrumentos, talvez até para realçar a figura principal que Céu representa. Tanto que – repita-se – as guitarras só começam a cantar com Dinho e Benke Ferraz, ou um de cada vez ou ambos na mesma música. Mesmo assim, a cantora se vale de um repertório razoavelmente conhecido e tem ótima resposta por parte do público que se aglomera em bom número assim que o show começa. Músicas como “Perfume do Invisível” e “A Varanda Suspensa”, sobretudo essa, dedicada aos povos latino-americanos e bastante aplaudida no final, caem muito bem até no gosto do público circulante do Palco Sunset.

Da parte do Boogarins, como de hábito, o grupo não se prende em músicas mais conhecidas (“Lucifernandis”, por exemplo, não entra), e, quando o faz, mantém a tradição de modificá-las a ponto de mal serem reconhecidas, com a também contumaz dificuldade/característica de Dinho se fazer entender como vocalista. Em “Elogio a Instituição do Cinismo”, que dá título ao álbum de 2016, um inesperado sotaque pop, com refrão e tudo, quase chega as cadeiras duras do público, muito com a ajuda de Céu. Mas é o final – repita-se - a melhor parte, quando em “Chegar em Mim” as duas bandas mandam ver juntas, e aí o excelente baterista Ynaiã Benthroldo puxa a fila e o bicho pega pra valer. Como, aliás, deve ser em todo e qualquer show de rock.

Set list completo:

1- Rapsódia Brasilis
2- Perfume do Invisível
3- Etílica
4- A Nave
5- A Varanda Suspensa
6- Camadas
7- Foi Mal
8- Elogio a Instituição do Cinismo
9- Benzim
10- Lá Vem a Morte Partes 2 e 3
11- Chegar em Mim

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