O Homem Baile

Ajuste fino

Heaven Shall Burn inicia show com dificuldade, mas a força de duas músicas garante ótima impressão no Rio. Fotos: Daniel Croce.

Vocalista do Heaven Shall Burn, o grandalhão Marcus Bischoff tenta entender o que se passa na plateia

Vocalista do Heaven Shall Burn, o grandalhão Marcus Bischoff tenta entender o que se passa na plateia

Pense em um show em que duas músicas se destaquem de tal forma que transformem completamente a relação expectativa versus realidade para uma banda de abertura. Uma, antecipada em relação ao set list inicial, salva a situação de desinteresse que parece realmente inevitável. A outra, com o jogo ganho, serve para um arremate de banda principal para um grupo em tese desconhecido do público, a ponto de o vocalista grandalhão se jogar nos braços da turma do gargarejo. Foi o que aconteceu no último sábado (24/6), no Circo Voador, quando o Heaven Shall Burn, ainda cedo, precisou encarar os fãs do Carcass, e, majoritariamente, os da coqueluche Lamb Of God (veja como foram os shows aqui e aqui, respectivamente).

A primeira é “Voice of the Voiceless”, que reverte completamente uma situação embaraçosa, para dizer o mínimo, durante toda a música que abriu o show, a nem tão ruim assim “The Loss Of Fury”, que teve reação zero do público. Quando as evoluções melódicas das guitarras começaram a brilhar, nessa ótima composição - diga-se de passagem - a plateia desandou a agitar e a participar até o final do show. A segunda, “Black Tears”, com refrão de forte apelo pop, mesmo para uma banda de metalcore e adjacências, encerrou o show em altíssimo nível, como acontece já há algum tempo. O detalhe é que se trata de um cover do Edge Of Sanity, a clássica banda do heavy metal sueco, regravado pelo Heaven Shall Burn no álbum “Iconoclast (Part 1: The Final Resistance)”, de 2008.

Marcus Bischoff e o baixista e surfista Eric Bischoff, com o baterista Christian Bass no fundo

Marcus Bischoff e o baixista e surfista Eric Bischoff, com o baterista Christian Bass no fundo

De certo modo, o show também serve de redenção para a banda, que já tocou na cidade, também como abertura, para o Parkway Drive, há pouco mais de três anos. Na ocasião, o baixista Eric Bischoff se machucou ao tentar surfar em uma praia carioca, machucou o braço e foi vetado pelo departamento médico. Não que a apresentação, sem baixista substituto, não tenha sido, segundo consta, divertida, mas – vamos e venhamos - foi no Teatro Odisseia, cuja estrutura, ainda que tenha melhorado muito nos últimos tempos, é inferior à do Circo Voador. Com tudo isso, o vocalista Marcus Bischoff, antes de dar o mosh citado ali em cima, desce para cantar com o público no final de “Endzeit”, com uma longa introdução pré-gravada, e depois de ver a primeira roda se formar, ainda com certa timidez, sob a iluminação nervosa de “Combat”.

Assim os 40 minutos a que o quinteto tem direito acabam sendo são muito bem aproveitados, em que pese o hábito do público local de chegar só para a atração principal, ou ficar do lado de fora da região do palco durante os shows de abertura. Eles deixaram de ver, por exemplo, como Bischoff dedicou a ultra pesada “The Weapon They Fear” ao público, que a essa altura já não consegue por fim nas rodas de pogo. E talvez até “Counterweight”, repleta de guitarras melódicas, bem identificada com o metal mais tradicional, mas cheia de agressividade. Em suma, o Heaven Shall Burn mostrou o porquê de estar na estrada há mais de 20 anos, e que precisa voltar ao Rio mais vezes, dentro ou fora de festivais.

Emoções: o que parecia que não daria certo tem final feliz com Marcus Bischoff nos braços do povão

Emoções: o que parecia que não daria certo tem final feliz com Marcus Bischoff nos braços do povão

Set list completo:

1- The Loss of Fury
2- Voice of the Voiceless
3- Corium
4- Combat
5- The Weapon They Fear
6- Endzeit
7- Counterweight
8- Black Tears

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