Ajuste fino
Heaven Shall Burn inicia show com dificuldade, mas a força de duas músicas garante ótima impressão no Rio. Fotos: Daniel Croce.
A primeira é “Voice of the Voiceless”, que reverte completamente uma situação embaraçosa, para dizer o mínimo, durante toda a música que abriu o show, a nem tão ruim assim “The Loss Of Fury”, que teve reação zero do público. Quando as evoluções melódicas das guitarras começaram a brilhar, nessa ótima composição - diga-se de passagem - a plateia desandou a agitar e a participar até o final do show. A segunda, “Black Tears”, com refrão de forte apelo pop, mesmo para uma banda de metalcore e adjacências, encerrou o show em altíssimo nível, como acontece já há algum tempo. O detalhe é que se trata de um cover do Edge Of Sanity, a clássica banda do heavy metal sueco, regravado pelo Heaven Shall Burn no álbum “Iconoclast (Part 1: The Final Resistance)”, de 2008.
De certo modo, o show também serve de redenção para a banda, que já tocou na cidade, também como abertura, para o Parkway Drive, há pouco mais de três anos. Na ocasião, o baixista Eric Bischoff se machucou ao tentar surfar em uma praia carioca, machucou o braço e foi vetado pelo departamento médico. Não que a apresentação, sem baixista substituto, não tenha sido, segundo consta, divertida, mas – vamos e venhamos - foi no Teatro Odisseia, cuja estrutura, ainda que tenha melhorado muito nos últimos tempos, é inferior à do Circo Voador. Com tudo isso, o vocalista Marcus Bischoff, antes de dar o mosh citado ali em cima, desce para cantar com o público no final de “Endzeit”, com uma longa introdução pré-gravada, e depois de ver a primeira roda se formar, ainda com certa timidez, sob a iluminação nervosa de “Combat”.Assim os 40 minutos a que o quinteto tem direito acabam sendo são muito bem aproveitados, em que pese o hábito do público local de chegar só para a atração principal, ou ficar do lado de fora da região do palco durante os shows de abertura. Eles deixaram de ver, por exemplo, como Bischoff dedicou a ultra pesada “The Weapon They Fear” ao público, que a essa altura já não consegue por fim nas rodas de pogo. E talvez até “Counterweight”, repleta de guitarras melódicas, bem identificada com o metal mais tradicional, mas cheia de agressividade. Em suma, o Heaven Shall Burn mostrou o porquê de estar na estrada há mais de 20 anos, e que precisa voltar ao Rio mais vezes, dentro ou fora de festivais.
Set list completo:1- The Loss of Fury
2- Voice of the Voiceless
3- Corium
4- Combat
5- The Weapon They Fear
6- Endzeit
7- Counterweight
8- Black Tears
Tags desse texto: Heaven Shall Burn