O Homem Baile

Patinho bonito

Estranho no ninho, stoner rock pesadão do Red Fang atrai fãs e agrada a incautos no Maximus Festival. Fotos: Alessandra Tolc/ARTS Live Frames.

O guitarrista Bryan Giles, cujos vocais, ao vivo, são melhores que os do baixista Aaron Beam

O guitarrista Bryan Giles, cujos vocais, ao vivo, são melhores que os do baixista Aaron Beam

Uma banda rodada como o Red Fang, com mais de 10 anos de estrada e que já esteve no Brasil outras vezes, até que mereceria um lugar melhor na escalação do Maximus Festival, em São Paulo, no último sábado (13/5). Mas como encaixar o stoner rock viajandão dos caras em um festival de heavy metal, ainda que nem tanto assim? A resposta é mesmo colocando o quarteto para tocar mais ou menos na hora do almoço, encarando um solzão virado no capeta, com o público ainda se descobrindo no festival, como a primeira atração internacional. Só que oportunidade é oportunidade, palco é palco e riff de guitarra é riff de guitarra. Sem ele, vamos e venhamos, não seria possível o stoner rock, muito menos o Red Fang.

Senão vejamos. O ponto alto show, de meia horinha só, é em “Wires”, bem no meio da apresentação, quando o grupo envereda mais fortemente em um instrumental desgovernado que o caracteriza. Os músicos produzem um som mais consistente e o baterista John Sherman, com um kit enxuto, desanda a implementar viradas de fazer lembrar o grande Keith Moon. O público, diminuto, ali na frente do palco, reconhece a música desde o início, e nesse trecho vibra junto com as bruscas mudanças de andamento. É uma das poucas em que o baixista Aaron Beam vai bem nos vocais. Se em disco ele e o guitarrista Bryan Giles se confundem, ao vivo Giles é bem melhor.

O outro guitarrista, David Sullivan, e o baixista Aaron Beam empunhando seu instrumento

O outro guitarrista, David Sullivan, e o baixista Aaron Beam empunhando seu instrumento

Como em “Malverde”, um delicioso petardo stoner que começa com a guitarra gemendo como se fosse um hino e descamba para o peso (e bota peso nisso!) lento e arrastado que caracteriza o segmento. Mesmo com um refrão embolado, e ainda com o som do festival passando por ajustes, a música é outra bem aceita pelo público; uma parte parece ser mesmo de fãs da banda, e outra é de fato acachapada pelo som dos caras. Das sete músicas do show (mesmo número do Ghost, veja como foi), três são do álbum “Murder the Mountains”, de 2011, talvez o mais bem sucedido deles, e apenas uma é de “Only Ghosts”, que saiu no ano passado. É “Flies”, que parece não apetecer muito o público e soa como péssimo cartão de visitas.

É preciso registrar, também, que o grupo não é do tipo que agita muito em cima de um palco, e parece não estar tão à vontade com o tamanho do festival. Só Beam se move um pouco mais, quando não está preso à frente do microfone, sendo que o outro guitarrista, David Sullivan, parece entretido demais nas seis cordas para arriscar qualquer movimento mais, digamos, simpático. Vai ver que o shows dos caras – e é chato dizer isso – seja melhor em um lugar fechado. Mesmo assim, “Prehistoric Dog”, única representante do álbum de estreia e bem conhecida, é o desfecho ideal, com o início das rodas de dança que seriam uma constante mais tarde. Também, com uma pauleira cheia de riffs como essa, não dá mesmo pra ficar parado.

Aaron Beam, fazendo as vezes de vocalista, com o nervoso baterista John Sherman no canto

Aaron Beam, fazendo as vezes de vocalista, com o nervoso baterista John Sherman no canto

Set list completo:

1- Blood Like Cream
2- Malverde
3- Crows in Swine
4- Wires
5- Flies
6- Dirt Wizard
7- Prehistoric Dog

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