Reinvenção e afirmação
Com músicas novas e versões modificadas de clássicos, Linkin Park faz jus à condição de atração principal no Maximus Festival. Fotos: Alessandra Tolc/ARTS Live Frames.
Por isso, nesse show de duração reduzida – uma hora e meia é pouco para eles – logo se percebe que muitas das músicas consagradas recebem versões amplamente diferentes das originais, como se o sexteto estivesse ou cansado de se repetir, ou tendo a noção de que é preciso olhar pra frente para não ficar para trás. Assim, “In The End” surge flertando com o rap, e até com Chester Bennington mandado um trecho à capela; “Crawling” recebe um tratamento quase acústico, no piano; e “What I’ve Done” tem uma introdução a guitarra de Brad Delson sobrecarregada de efeitos, só para ficarmos em três exemplos. Tal procedimento, se visar sair da mesmice – e isso é bom – pode desagradar fãs de primeira viagem que esperam ouvir as músicas tais como foram gravadas nos discos.
De um modo geral, o som do Linkin Park, a julgar por esta apresentação, parece over-produced, com arranjos com mais efeitos criados por samples, teclados e adjacências do que o necessário, uns sobre os outros, o que deixa tudo muito eletrônico e pouco orgânico, em uma significativa mudança de rumo, ao se analisar a caminhada deles até aqui. Por vezes, o show parece se transformar uma rave comandada por DJs, e, em que pese a eventual habilidade de Mike Shinoda e de Joe Hahn, não é bem por aí. Acontece, por exemplo, em “Castle Of Glass”, cuja vocação já apontava para esse caminho; na ótima “Breaking the Habit”; e em “Lost In Echo”, precedida por um generoso elogio de Mike Shinoda, segundo o qual os fãs brasileiros são tão agitados que viram meme. Vem dos fãs, inclusive, a bandeira do Brasil modificada que ele exibe pendurada nos teclados.Mas o grupo tem um disco novo, “One More Light”, que será lançado no próximo dia 19, e, como de hábito, gosta de mostrar as músicas novas nos shows. No sábado, mandaram só quatro, dado o limite de tempo do festival. A mais conhecida é “Heavy”, já lançada, com a participação da cantora Kiiara, mas não é o que demonstra o público ante ao melodrama da canção. A melhor é “Battle Symphony”, composição das boas, com refrão cantado pelo público, já que também foi lançada na web. “Talking to Myself” tem forte apelo pop e realça o trabalho de Brad Delson e sua surrada guitarra, e “Good Goodbye” cresce bastante ao vivo, muito a custa de um cantarolar que a turma da beirada do palco já conhece e trata de amplificar.
Com tantas variáveis, o show como um todo carece de uma melhor arredondada no repertório de modo a não deixar determinados trechos tão distantes de outros, mesmo que exista claramente fãs mais animados com esse ou aquele bloco de músicas. Individualmente, é possível destacar números como “In The End”, batidaça e modificada ao mesmo tempo, com unânime adesão por parte da plateia; “Faint”, um hit talhado para o pula-pula generalizado, com boas intervenções de Delson; ou ainda o desfecho pauleira com “Bleed It Out”. No frigir dos ovos, mesmo subestimado por espécie de “intelligentsia rocker” que se julga superior, o Linkin Park segue tentando se manter criativo e, ainda assim, sem deixar de dialogar com as grandes plateias.Set list completo:
1- The Catalyst
2- Wastelands
3- Talking to Myself
4- Burn It Down
5- One Step Closer
6- Castle of Glass
7- Good Goodbye
8- Lost in the Echo
9- Battle Symphony
10- New Divide
11- Breaking the Habit
12- Crawling
13- Leave Out All the Rest
14- Somewhere I Belong
15- What I’ve Done
16- In the End
17- Faint
18- Numb
19- Heavy
20- Papercut
21- Bleed It Out
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