O Homem Baile

Incompleto

Sem efeitos visuais disponíveis, Rob Zombie faz show no peito e na raça no Maximus Festival. Fotos: Alessandra Tolc/ARTS Live Frames.

Rob Zombie em modo águia americana, carregando nas costas o show do Maximus Festival

Rob Zombie em modo águia americana, carregando nas costas o show do Maximus Festival

Era para ser um show cavernoso – e de certo modo foi -, mesmo durante a tarde ensolarada e competindo/dividindo espaço com o rock ocultista do Ghost (veja como foi), no Maximus Festival, sábado (13/5), em São Paulo. Não por acaso – coloque na conta do além -, a dobradinha repete a escalação do Rock In Rio de 2013, edição que marcou a estreia das duas bandas no Brasil, também no mesmo dia, também uma depois da outra, também em palcos diferentes. Apesar do gosto pelos trash movies, da indumentária dos músicos e do cenário com a imagem do King Kong original, Rob Zombie não consegue deixar de lado as referências ao bom e velho rock/metal industrial que o revelou no White Zombie; remember Hollywood Rock 1996.

Mesmo que seja normal para uma banda de apelo bem específico e de menor porte tocar durante a tarde pelos festivais no Hemisfério Norte, a soalheira danada da tarde foi motivo de piada entre Rob e o guitarrista John 5, que tratou de arranjar um óculos espelhado; afinal o sol aqui embaixo é outro. Mistura de hippie fora de época com um pálido zumbi de roupas brancas, Rob Zombie é efervescência pura, e sua média estatura é compensada por uma comprida plataforma montada à frente do palco. Sua banda, de formação longeva e muitíssimo bem entrosada, também tem integrantes mascarados, maquiados ou fantasiados, caso de John 5, atração notável por ter tocado com Marilyn Manson, com um vestido de brechó de péssimo gosto.

Rob cantando com o pedestal do mricrofone, o baterista Ginger Fish e o King Kong no cenário

Rob cantando com o pedestal do mricrofone, o baterista Ginger Fish e o King Kong no cenário

Lançado há cerca de um ano, o disco da vez – o sexto como artista solo – é “The Electric Warlock Acid Witch Satanic Orgy Celebration Dispenser” (acostume-se com os títulos longos à Morrissey), que cede três músicas ao show. “The Hideous Exhibitions of a Dedicated Gore Whore”, conduzida por um ótimo riff de guitarra e com fraseados de teclado pré-gravados é a que mais se destaca. Em “Well, Everybody’s Fucking in a U.F.O.”, Rob lança um casal de ETs infláveis para que a plateia os conduza para longe, e o público começa a se animar, enfim, com tímidas rodas de dança, e “In the Age of the Consecrated Vampire We All Get High” é a menos atraente, sendo salva, no fim das contas, por um bom solo de John 5.

O público gosta mesmo é de um bom clássico, e aí as duas do White Zombie, gravadas há quase duas décadas, ganham imediata aprovação. Sobretudo “Thunder Kiss ‘65”, enxertada no meio com “School’s Out”, de Alice Cooper, grande referência para Rob Zombie, e conhecida até pelos pais dos fãs do Linkin Park que dormiram na fila para chegar primeiro na grade (veja como foi). Na outra, “More Human Than Human”, uma das melhores performances do show, Rob desce esfuziantemente até o fosso para cantar se jogando sobre a turma do gargarejo, e finaliza a música estatelado no chão, de volta ao palco. Apesar do apelo dance, “Never Gonna Stop (The Red, Red Kroovy)”, honra seja feita, tem um riff introdutório feroz, e um apelo pop que nem sempre se encontra na banda.

Rob Zombie e o guitarrista John 5: figurino esquisito e solo curto e com pouca inspiração

Rob Zombie e o guitarrista John 5: figurino esquisito e solo curto e com pouca inspiração

A falta de apelos cênicos, como a exibição de vídeos e mesmo uma iluminação que realce as maquiagens e indumentárias, prejudica um bocado o show, sempre marcado por um quê cinematográfico, até pela carreira de Rob Zombie nessa seara. Por isso ele leva a apresentação no peito e na raça até o fim, se valendo, também, de muitos efeitos pré-gravados que poderiam ser executados por um tecladista; o solo de guitarra de John 5, curto e pouco inspirado, é uma decepção só. Contudo, o repertório do show, que cobre quase todos os álbuns, mostra que a banda de Rob Zombie é isso aí mesmo, talvez muito dependente do efeitos visuais ausentes nessa tarde, ou – difícil de admitir - melhor em disco e videoclipe do que ao vivo.

Set list completo:

1- Dead City Radio and the New Gods of Supertown
2- Superbeast
3- In the Age of the Consecrated Vampire We All Get High
4- Living Dead Girl
5- Well, Everybody’s Fucking in a U.F.O.
6- More Human Than Human
7- Never Gonna Stop (The Red, Red Kroovy)
8- The Hideous Exhibitions of a Dedicated Gore Whore
9- House of 1000 Corpses
10- Solo de guitarra
11- Thunder Kiss ‘65/School’s Out
Bis
12- Dragula

John 5 em cima da plataforma montada sobre o palco, ao lado do baixista mascarado Piggy D.

John 5 em cima da plataforma montada sobre o palco, ao lado do baixista mascarado Piggy D.

Tags desse texto: ,

Comentário

Seja o primeiro a comentar!

Deixe o seu comentário

Seu email não será divulgado