Mais pesado de novo
Com Dave Lombardo, Suicidal Tendencies retorna às raízes do skate hardcore em show eletrizante no Rio. Fotos: Rodrigo Simas/ARTS Live Frames.
Aquela metade que já foi a vários shows de certo sabia que seria assim, com a tal reunião no palco que Muir chama de “família Suicidal”; convenhamos que não soa muito bem. Porque tem sido desse jeito nos últimos tempos, até no Circo Voador, em 2013, quando o ST quase roubou a cena ao fazer a abertura para o Soulfly (relembre). O que não se sabia era que, com grandes mudanças na formação, sendo a mais alarmante a entrada do baterista Dave Lombardo (integrante fundador do Slayer), o grupo voltaria a tocar o repertório com os arranjos mais parecidos com os das gravações originais. Registre-se que, ultimamente, e sobretudo após a regravação de clássicos no álbum “No Mercy Fool!/The Suicidal Family”, de 2010, as músicas vinham sendo apresentadas, nos shows, cheias de groove, como se eles misturassem, ao vivo, Suicidal e Infectious Grooves, braço funky da banda.

Mike Muir e o baixista virtuose Ra Diaz, que, chileno, arriscou um portunhol para falar com o público
Do novo álbum – sim, eles lançam discos regularmente -, o bom “World Gone Mad”, que saiu no ano passado, entram duas faixas. O single “Clap Like Ozzy” é a mais conhecida, e a versão ao vivo serve para o baixista Ra Diaz realçar a virtuose, outra característica do ST - lembre-se que Robert Trujillo saiu daqui. A outra é “Get You Fight On!”, música com bela melodia e ótima introdução dedilhada de Dean Pleasants, que seguramente o público irá cantar mais nas turnês subsequentes. Reservada para o bis, “Living For Life”, outra das novas, acabou limada, muito por causa dos “danos” causados pela subida do público no palco – de novo! – em “Pledge Your Allegiance” (aquela do “ST!”), que acabou arrematando a noite.
Além de intrujão no palco, a público se acaba em rodas de pogo o tempo todo, e mais ainda e com maior agressividade quando incentivado, ou pelos discursos vomitados sem fim por Mike Muir, ou para atender aos pedidos do chileno Diaz, que arrisca um portunhol básico. É assim em já em “You Can Bring Me Down”, da fase thrash metal mainstream, que abre a noite, o no super clássico “How Will I Laugh Tomorrow”, sobretudo nas partes mais velozes. E também em “Cyco Vision”, executada com uma pressa descomunal. Se muitas vezes previsível, um show do Suicidal Tendencies, de outro lado, pode sempre surpreender. Como esse, mais pesado, veloz e fiel à própria banda. Imagine para a turma que estava vendo tudo aquilo pela primeira vez…Na abertura, o La Raza encarou o Imperator praticamente vazio e desinteressado. Mesmo assim, mandou um set de cerca de meia hora todo com músicas próprias. O som, com os pés fincados na década de 1990, mistura rock, rap, hardcore e adjacências sem muita criatividade. A verve e os esforços implementados pelo vocalista Alex Panda, o único com boa presença de palco no quinteto, tampouco surtiram efeito, e o show acabou passando despercebido mesmo, embora exista, honra seja feita, certa identificação sonora da banda com o Suicidal. Se os produtores tivessem escolhido uma banda da cidade para fazer a abertura, talvez o resultado fosse melhor.

Tem uma banda tocando ali: visão geral do palco invadido pelo público à convite do Suicidal Tendencies
1- You Can’t Bring Me Down
2- I Shot Reagan
3- Clap Like Ozzy
4- Freedumb
5- Trip at the Brain
6- Get Your Fight On!
7- War Inside My Head
8- Subliminal
9- Send Me Your Money
10- Possessed to Skate
11- I Saw Your Mommy
12- Cyco Vision
13- How Will I Laugh Tomorrow
14- Pledge Your Allegiance
Tags desse texto: La Raza, Suicidal Tendencies
Tinha que rolar uma turnê Slayer + SxTx, imagina o caos?