O Homem Baile

Satisfeitos

Com poucas novidades, Evanescence mantém o brilho de Amy Lee e descarrega um caminhão de grandes hits para renovada plateia. Fotos: Daniel Croce.

A vocalista e chefe geral do Evanescence, Amy Lee, aclamada o tempo todo durante o show no Rio

A vocalista e chefe geral do Evanescence, Amy Lee, aclamada o tempo todo durante o show no Rio

“Émilí! Émilí! Émilí!”. É que grita a plateia ensandecida que lota o Vivo Rio na noite deste sábado (22/4), a cada vez que o som baixa de volume, como se o Evanescence se resumisse somente à vocalista Amy Lee. Ou, por outra, com o rodoviário entra e sai no grupo, é mesmo Amy a dona da festa, assumindo cada vez mais um evidente protagonismo, seja cantando em momentos solo, em teclados e no piano de cauda, ou quando avança sobre o público soltando aquele vozeirão que nunca decepciona. Sem lançar um álbum novo há mais de cinco anos, então, é que o negócio pega, com blockbusters cultivados durante anos pela MTV, quando a emissora ainda tratava de música. Um atrás do outro, não tem como dar errado, e sai todo mundo satisfeito depois dos 90 minutos de bola rolando.

Por isso, quando “Going Under” entra com o som já devidamente ajustado, o público vem junto, como aconteceria em quase toda a noite. Antecedida por “What You Want”, ótima música do terceiro álbum (resenha aqui), mas subaproveitada, ganha força não só nos vocais de Amy Lee, mas na forma entusiasmada como a cantora interpreta a música. Mais adiante, em “My Hearty Is Broken”, que nem chegou a ser um grande sucesso, há outro momento de brilho da banda, por sinal muitíssimo bem ensaiada, em interação com a plateia. Nota-se um predomínio da voz feminina – como de hábito - e uma grande renovação no meio dos fãs, com muita gente mais nova vendo a banda ao vivo pela primeira vez, o que é ótimo; as imagens do público na grade exibidas no telão são realmente tocantes.

A nova guitarrista do Evanescence, Jen Majura, em performance por ora bastante discreta

A nova guitarrista do Evanescence, Jen Majura, em performance por ora bastante discreta

Mas há sim, novidades, a começar guitarrista Jen Majura, desde 2015 na banda, e que estreia no Brasil nessa turnê. Discreta, ela parece não querer comprometer – praticamente todos os solos são de Troy McLawhorn – e aparece mais fortalecendo a base do baixista Tim McCord, o mais antigo no grupo, à exceção da chefona, ou mesmo fazendo vocais de apoio. Com o tempo, deve se soltar mais. No repertório, uma única música nova, “Take Cover”, que vem sendo tocada nessa turnê desde outubro. Naturalmente sem muita atenção por parte do público, a música sugere, à primeira ouvida, uma base eletrônica meio na vibe das recentes composições solo de Amy Lee, mas também aponta para aqueles refrães grandiosos consagrados pelo Evanescence.

Teve “The Change”, segundo Amy a pedidos dos fãs no Facebook (será?) e que não rolou em Brasília, mas que está no bojo das possíveis nesse giro. É mais um momento em que a vocalista se supera, transbordando emoção e com um mini solo do ótimo baterista Will Hunt. É também uma das poucas músicas em que o público não canta junto, mas, ao final, solta aquele “aaah!” de espanto antes de embarcar em um vigoroso aplauso. Há também pérolas como “Breath No More”, só tocada nos primórdios da banda, e que reaparece depois do lançamento da coletânea “Lost Whispers”, no início do ano, e ainda “Even In Death”, da mesma compilação. Ambas tocadas na versão vocal + piano que, embora reserve belos momentos, subtrai a força do show como um todo.

O guitarrista Troy McLawhorn, que centraliza os solos, toca ao lado de Amy Lee no início do show

O guitarrista Troy McLawhorn, que centraliza os solos, toca ao lado de Amy Lee no início do show

E se não tem disco novo pra mostrar, que sejam descarregados os caminhões de hits difundidos mundo afora nos últimos 15 anos. O maior deles é “Bring Me To Life”, reservado para o final e que enlouquece pela última vez a plateia; dá pra cantar sem querer e tudo. Mas não ficam atrás “The Haunted”, com Amy Lee colocando o coração pela boca; “Disappear”, hoje já uma das grandes, com refrão decoradinho da grade à porta de entrada; e a ótima “Made Of Stone”, com riffs pesados que se contrapõem ao excesso de momentos intimistas do show com a necessária crueza. “Whisper”, que parecia ter sido limada para a entrada de “The Change”, aparece em um bis tímido, com uma música só, mas convincente, em um arremate pesado como deve ter um show de rock. Não se viu, dali em diante, outra expressão em cada rosto que não fosse de satisfação plena.

Set list completo:

1- Everybody’s Fool
2- What You Want
3- Going Under
4- The Other Side
5- Lithium
6- Even in Death
7- My Heart Is Broken
8- Made of Stone
9- Haunted
10- New Way to Bleed
11- Take Cover
12- Breathe No More
13- My Immortal
14- Your Star
15- The Change
16- Disappear
17- Call Me When You’re Sober
18- Imaginary
19- Bring Me to Life
Bis
20- Whisper

Usina de tambores: o ótimo baterista Will Hunt, a força motora no fundo do palco do Evanescence

Usina de tambores: o ótimo baterista Will Hunt, a força motora no fundo do palco do Evanescence

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