No sufoco
De volta ao Rio 30 anos depois, Exciter supera calor desumano e revê era embrionária do thrash metal em ótimo show. Fotos: Luciana Pires.
Sim, estamos no valoroso Teatro Odisséia na noite desta quarta (22/2) e o Exciter está de volta ao Rio depois de completos 30 anos em dezembro, o que faz do show, guardadas as devidas proporções – e bota guardadas nisso – fadado a comparações. Ou não, quando se verifica razoável renovação de público, sobretudo entre os que sobem no palco e se atiram indelevelmente sobre o os demais. Ou, por outra, é a chance dessa turma, enfim, ver ao vivo, tête-à-tête, a tal banda que tocou para um Maracanãzinho lotado da qual tanto os pais falam. Reflexões que um trio absolutamente em forma impede que sejam feitas, sobretudo em músicas seminais para o então embrionário thrash metal, como “Heavy Metal Maniac”, título do álbum de estreia, de 1983, a primeira a desencadear intensas rodas de dança entre os que sobreviveram ao show do Sacred Reich, na abertura; veja como foi.
Beehler, que só voltou para a banda há menos de três anos, é ladeado pelo guitarrista John Ricci, responsável por solos que seguem identificando o Exciter com o segmento que um dia se chamou speed metal, e pelo baixista Allan Johnson, cuja voz grave, quase gutural, faz ótimo contraponto à do baterista. Ou seja, nada mais nada menos que a formação original reunida outra vez, com as jaquetas e braceletes espinhosos em ação, o que não é pouco para quem começou tudo com tenra idade e segue botando pra quebrar. É o que faz de “Violence & Force” espécie de pedrada old school juvenil, dado o vigor e ao mesmo tempo salientando a casca de quem é adolescente há mais de 30, 40 anos. A música dá título ao segundo disco do grupo, que cede ainda “Pouding Metal” e seu riff matador ao repertório.Mas se o assunto é riff, melhor ficar com outra das antigas. “Iron Dogs”, iniciada com belo solo de guitarra, repleta de distorção, sem disfarçar a peraltice de Eddie Van Halen, tem a cadência que o thrash metal consagrou ao usá-la para mudar violentamente o andamento na parte final de uma música. E como funciona bem ao vivo. O sprint final, com a dobradinha “Beyond the Gates of Doom” e “Long Live the Loud”, ambas velocíssimas e com o som de ótima qualidade no talo, é simplesmente matador. Na segunda, um daqueles caras mais novos sobe no palco e canta o refrão junto com Johnson, e Dan Beehler se livra do sacrifício com o semblante de triatleta em início de carreira ao cruzar a linha de chegada. Da próxima vez – fica a dica - os produtores podem usar a as luzes como iluminação mesmo, não como estufa.
Set list completo:1- I Am the Beast
2- Rain of Terror
3- Heavy Metal Maniac
4- Iron Dogs
5- Victims of Sacrifice
6- Stand Up And Fight
7- Violence & Force
8- Rising of The Dead
9- Pounding Metal
10- Beyond the Gates of Doom
11- Long Live the Loud
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