Ele tem a força
Sob o comando do ótimo vocalista Björn Strid, Soilwork estreia no Brasil com boa performance em matinê no Rio. Fotos: Daniel Croce.
A banda está apresentando as músicas do álbum mais recente, “The Ride Majestic” (quatro no total), que saiu há cerca de um ano, e é a faixa-título que abre a noite, ainda com uns ajustes no som da casa. A paulada em tom de desespero é o mote de como vai ser o show: Strid esbanjando versatilidade no revezamento vocais limpos x vocais rasgados; as guitarras de Sylvain Coudret e David Andersson duelando o tempo todo; e, em quase todas as músicas, muitos refrães com um approach pop – vamos considerar assim – de fazer o público cantar a plenos pulmões. Uma pena que os teclados de Sven Karlsson, na maior parte do tempo, não estejam com uma boa equalização, o que contribuiria ainda mais para a maçaroca sonora do Soilwork, dono de um modo assaz peculiar de se fazer death metal melódico; e não é de hoje.
Mas o sexteto também é dado a empenhos instrumentais intrincados que muitas vezes surpreendem, e chegou até a lançar um disco duplo (“The Living Infinite”, 2013), citado por Björn Strid antes de “This Momentary Bliss”, com a possibilidade de o grupo - quem sabe – tocar a íntegra desse material em turnê. A música, encaixada no bis, é outra que tem refrão chiclete, e, conhecida, incrementa um insano pula-pula, que se soma à roda de dança que já rolava solta há tempos. Lá no fundo, o baterista Bastian Thusgaard, com menos de 10 shows no grupo, não compromete. Ele foi recrutado em meados de julho para substituir Dirk Verbeuren, que saiu da banda depois de 12 anos para integrar o Megadeth. O baixista Markus Wibom completa a formação dessa turnê.
Também do disco novo, “Whirl of Pain”, escolhida para fechar a primeira parte do show, é outra pérola que consegue juntar o lado sombrio do metal extremo com uma pegada colante, outra vez com o brilho do gogó de Strid, em trechos de rebuscada afinação. É uma das poucas em que o teclado chega às caixas com boa definição. Outras que se salientam no repertório são “Nerve”, no início, com um bom solo de Andersson; a dobradinha “Tongue” + “Overload”, ambas com trechos com um sotaque pesado, sim, mas menos associado à música extrema, e mais ao rock; e “Rejection Role”, bem conhecida da turba e com o plus de os dois guitarristas esmerilhando lado a lado na beirada do palco, num ótimo final.Com três músicas, o bis encerra o show depois de cerca de uma hora e vinte minutos com a ótima “Stabbing the Drama”, título do álbum de 2005. A música, outra de amplo domínio do público, desencadeia em uma agitação daquelas, e sintetiza bem o modus operandi do Soilwork de somar características da música extrema com procedimentos mais palatáveis. Antes, em espécie de mensagem final, Björn Strid, que já fazia gracejos sobre o acanhamento da casa, pede para que, quando a banda voltar a tocar na cidade, todos tragam os respectivos amigos. Uma forma gentil de dizer que o Soilwork precisa de um público bem maior para que role essa nova turnê. Que ele seja atendido a cada álbum lançado.
Set list completo:
1- The Ride Majestic
2- Nerve
3- The Chainheart Machine
4- The Crestfallen
5- Death in General
6- Tongue
7- Overload
8- Petrichor by Sulphur
9- The Living Infinite I
10- Bastard Chain
11- Rejection Role
12- Whirl of Pain
Bis
13- Follow The Hollow
14- This Momentary Bliss
15- Stabbing the Drama
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