Consolidado
Em ótimo show no Rio, Soulfly mostra a força do repertório e a afirmação de subgênero próprio desdobrado do clássico “Roots”. Fotos: Nem Queiroz.
O show, a rigor, começou antes dele próprio quando Max Cavalera deu o ar da graça em algumas entrevistas na TV e na web e desfilou um perfil menos “desconectado da realidade”, e até deu mostras de que está em dia com a caderneta odontológica. No palco, a mesma sensação. Não que tenha saído de um spa com o shape de um atleta, mas é inegável que se movimenta melhor, canta com mais altivez e toca com mais precisão e frequência que das outras vezes em que esteve no Brasil, em que pese o sensacional mosh de 2013 (relembre) e o show consagrador de Brasília, no Porão do Rock (veja como foi). Max tem para si até um momento solo, em que cola uns nos outros riffs e pequenos trechos de clássicos que incluem Motörhead e Black Sabbath. Referências é que não faltam ao longo do set: tem Metallica, Pantera, Zumbi dos Palmares, Iron Maiden e o escambau.

O guitarrista Marc Rizzo, Max e o baixista Mike Leon; o batera Kanky Lora (fora da foto) completa o time
Max Cavalera, o ícone musical brasileiro mais bem sucedido no exterior desde a bossa nova, rege o público tal qual um sacerdote. Vestido mais ou menos para a função divina, e com a mão de fogo estendida sobre os fiéis, vê o subgênero do heavy metal que ele próprio criou, desdobrando o álbum “Roots” para todo o sempre, exultado a plenos pulmões pela plateia. Entre as novas, “Archangel” chama a atenção pela tensa linha de guitarras, com Rizzo esmerilhando logo de cara. “Sodomites”, mais cadenciada, tem a participação do baixista Mike Leon (dado a exibicionices hard rock), outra novidade na banda. O final tem uma versão ainda mais porrada para “Ace Of Spades”, com Max cantando sem guitarra e ladeado pelo vocalista/guitarrista do Claustrofobia, Marcus D’Angelo. Um show e tanto que realça a consolidação de uma banda, de um repertório, de um gênero próprio, de um deus chamado Max Cavalera.

Max Cavalera abre os braços e comanda o participativo público que conhece todas as músicas do Soulfly
Set list completo Soulfly:
1- We Sold Our Souls to Metal
2- Archangel
3- Ishtar Rising
4- Blood Fire War Hate
5- Refuse/Resist
6- Territory
7- Sodomites
8- Master Of Savagery
9- Solo guitarra
10- Prophecy
11- Seek ‘N’ Strike
12- Babylon
13- Tribe
14- Arise/Dead Embryonic Cells
15- No Hope = No Fear/Umbabarauma
16- Max solo: Iron Man/Orgasmatron/Polícia/Escape to the Void/Desperate Cry/Roots Bloody Roots
17- Roots Bloody Roots
18- Frontlines
Bis
19- Back to the Primitive
20- Troops of Doom
21- Ace of Spades
Bis
22- Jumpdafuckup/Eye for an Eye

O vocalista e guitarrista Marcus D’Angelo agita o público durante o show de abertura, do Claustrofobia
Tags desse texto: Capadócia, Claustrofobia, Soulfly
Só uma pequena gafe no comentário dizendo que o Claustrofobia tocou pela primeira vez no RJ. Já fui no show deles no clube recreativo Trindade (São Gonçalo) anos atrás. Mas foi uma boa matéria.
Provavelmente o vocalista se referiu à cidade do Rio de Janeiro, não ao estado.