O Homem Baile

Pela metade

Bons shows – ou não - que são vistos de passagem em um Lollapalooza atleticamente inviável. Fotos Divulgação T4F: Camila Cara (1), Mila Maluhy (2) e Ale Frata (3).

O vocalista do Marrero, Anderson Kratsch, mostra que sabe se movimentar em um palco, quando há espaço

O vocalista do Marrero, Anderson Kratsch, mostra que sabe se movimentar em um palco, quando há espaço

Além de atleticamente inviável, já faz tempo que o Lollpalooza não é feito para quem gosta de música, mas para quem curte ficar circulando entre os palcos. Carece de uma pesquisa com a ajuda do google view para que se tenha a comprovação de que há muito mais gente circulando entre os palcos do que de frente para um deles interessado na apresentação do artista, mas já dá pra perceber que é assim. E os interessados nos shows sofrem com os deslocamentos, as longas distâncias e o tempo curto entre o término de um show e o início de outro. Por isso, saem de um show antes do final, e vão para outro onde não conseguem ver o início. Muitas vezes, perdem o melhor de cada uma das apresentações.

Porque, em condições normais, um show é montado para começar no gás, tem uma meiúca para experimentações e coisas menos colantes, para depois vir com um grande final, porque, no rock, diferentemente das relações, é a última impressão a que fica. Assim, vendo só partes de cada show, e provavelmente não as melhores, vale a máxima segundo a qual quem gosta de tudo não gosta de nada, reformada para quem quer ver tudo, não vê nada. E aí não é possível o sujeito eleger tal show como o melhor do festival sem ter visto o espetáculo na íntegra, ou – quem sabe – sua melhor parte. Por isso aqui neste Rock em Geral só se resenha show que se vê do início ao fim. Senão, não conta.

Contudo, em respeito a alguns artistas, sobretudo nacionais, está decidido uma pincelada aqui, tão de passagem quanto possível foi ver um trechinho do show deles, sempre caminhando de uma lado a outro da imensidão do Lolla. Deu dó de sair do show do Vintage Trouble, por exemplo, para ver o Eagles Of Death Metal (veja como foi). Ainda mais quando é sabido que o show deles cresce horrores no final, como vimos no Rock In Rio (veja como foi), o primeiro festival a trazê-los, em 2013. E ainda tem essa: bandas afins sempre tocam em palcos diferentes no Lollapalooza.

O ótimo público do Matanza, que justificaria a escalação do grupo em um horário melhor, mais tarde

O ótimo público do Matanza, que justificaria a escalação do grupo em um horário melhor, mais tarde

Deu gosto de ver o Marrero, nas – quem sabe – quatro músicas finais, mandando o rock pesado e arrastado que os caracteriza, em um palco grande, com um som bom e até bastante gente, dado o horário bem cedo, no domingão, no Palco Principal. O vocalista Anderson Kratsch mostrou que sabe se movimentar em um palco, quando há espaço para isso. Teve até justa homenagem a David Bowie. No mesmo palco, o Matanza, no sábado, reuniu talvez a maior quantidade de público para o horário – o show começou depois das 14h, com atraso por falta de energia; saiba mais. Uma banda nacional com tantos anos de estrada e um público tão consolidado merece um espaço em um horário melhor. Se o Planet Hemp (veja como foi) pode, porque não eles?

Já a tentativa de ver o Tame Impala com a devida atenção não deu certo pelo cansaço e porque, no lugar escolhido, nas montanhas do Palco Principal, o visual era lindo, mas o som, não. Nem guitarra dava para ouvir, ainda mais debaixo de uma tecladeira dos diabos e de muito efeito na voz. Ficou para a próxima, e olha que os caras nãos saem do Rio. De quebra, uma música só do Dingo Bells, com um baterista vocalista, já dá pra dizer que se trata de uma bandaça de baile, no esquema dos Seletores de Frequência, de BNegão. Ao menos, foi o que deu para apurar.

Perdido bem no início do sábado, o Vintage Trouble perdeu público para outros shows em palcos distantes

Perdido bem no início do sábado, o Vintage Trouble perdeu público para outros shows em palcos distantes

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