O Homem Baile

Traulitada

Em show preciso como de hábito, Krisiun toca só duas músicas do novo álbum e homenageia baterista do Motörhead. Fotos: Nem Queiroz.

O baixista e vocalista do Krisiun, Alex Camargo, falando com o público entre uma música e outra

O baixista e vocalista do Krisiun, Alex Camargo, falando com o público entre uma música e outra

Poderia ser um showzaço de lançamento do novo álbum, “Forged In Fury”, lançado este ano, mas o Krisiun optou por tocar o repertório, digamos, clássico do grupo, nesta sexta, no Circo Voador. Daí ter sido um showzaço mesmo assim, em que pese o interesse de boa parte do público, mais na forma – o esporro cavalar – do que no conteúdo – sacar como está a banda com as novas composições. Afinal, trata-se do primeiro disco deles em quatro anos; o anterior, “The Great Execution”, é de 2011. Porque se o som está bem equalizado, de modo a que todos consigam entender cada instrumento, dificilmente uma performance do Krisiun decepciona. O show foi dividido com o Ratos do Porão (veja como foi), sendo que coube ao trio mais barulhento do planeta tocar primeiro.

As duas músicas novas incluídas no set, pela primeira vez no Rio, são “Scars Of The Hatred” e “Ways Of Barbarism”. A primeira tem um início sombrio patrocinado pela guitarra de Moyses Kolesne, que precede uma verdadeira metralhadora sonora, e ao vivo esse trecho, mais cadenciado, mas ultra pesado, realça muito mais. Quando a parte acelerada chega, no entanto, é que a música se revela uma verdadeira obra do Mal. Na segunda, tocada mais adiante, é o batera Max Kolesne que se destaca com uma introdução daquelas que coloca em dúvida como é possível aquele som ser feito por uma pessoa só. A música, com riffs dobrados, tem ainda ótimas evoluções de guitarra que descambam em solos precisos e com o plus de mais de uma mudança de andamento. “Ways Of Barbarism” é realmente uma boa escolha no bom “Forged In Fury”.

O guitarrista Moyses Kolesne e sua guitarra de formas arrojadas, e Alex Camargo agitando com ele

O guitarrista Moyses Kolesne e sua guitarra de formas arrojadas, e Alex Camargo agitando com ele

A reação da plateia, contudo, parece indiferente, a não ser pelo aumento ou diminuição da vibração e da velocidade das rodas de dança, repletas da tal agressividade do bem. “Sentenced Morning”, do álbum “Southern Storm”, de 2008, é também espécie de novidade, uma vez que não fazia parte dos shows mais recentes nesses últimos quatro anos. A música, parente próxima da brilhante “Ominous”, de certo modo compensa a falta que ela faz. E haja preparo físico para tocar tudo certinho nas partes mais velozes, coisa que o trio tem de sobra. Um inesperado solo de bateria antecede o cover para “No Class”, do Motörhead, com direito a homenagem ao baterista Phil “Philthy Animal” Taylor, que morreu nessa semana (saiba mais). O tributo seria mais legal ainda se outra música do Motörhead fosse tocada, como “Overkill”, em que Animal arrebenta logo na introdução, mas foi bonito mesmo assim.

Músicas manjadas nos shows dos últimos tempos seguem cumprindo a vocação de aterrorizar a tudo e a todos. É o caso de “The Will to Potency, cujo refrão é gritado pelo público no final, como poucas vezes acontece. A música segue assustando assim que começa a ser tocada, e o fato de todo mundo saber o que vai acontecer pouco importa. “Combustion Inferno”, também do “Southern Storm”, é outra que segue como uma das preferidas o público, que acredite, tem fã vindo do interior do estado e até de São Paulo, onde o Krisiun tem residência. Também, pudera, as mudanças de velocidade da singela canção não são mesmo de sair da cabeça, mesmo para os não tão iniciados assim. O desfecho é com “Murderer”, outra que retorna aos palcos. No fim das contas foi um ótimo show, mas é preciso tocar mais das novas, pessoal.

Vista geral do palco do Krisiun, com o incrível baterista Max Kolesne apontando para o público

Vista geral do palco do Krisiun, com o incrível baterista Max Kolesne apontando para o público

Set list completo:

1- Kings Of Killing
2- The Will to Potency
3- Slaying Steel
4- Scars Of The Hatred
5- Vengeance’s Revelation
6- Sentenced Morning
7- Descending Abomination
8- Ways Of Barbarism
9- Blood Of Lions
10- Solo de bateria
11- No Class
12- Combustion Inferno
13- Vicious Wrath
14- Murderer

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