O Homem Baile

Lenda viva

Pioneiro do oi!, Evil Conduct faz bom show para público cativo no Rio; Blind Pigs e Atox também tocam em verdadeira festa do punk rock. Fotos: Nem Queiroz.

A careta do guitarrsta e vocalista do Evil Conduct, único remanescente da formação original

A careta do guitarrsta e vocalista do Evil Conduct, único remanescente da formação original

Não deu nos grandes jornais, não passou a TV aberta, tampouco bombou na internet, mas aconteceu nesta quarta (11/11), o primeiro show do Evil Conduct no Rio de Janeiro. O grupo holandês, pioneiro no oi!/street punk, fez sair das catacumbas uma boa quantidade de fãs, que, vestidos a caráter, se divertem um bocado com as músicas feitas para cantar junto do trio. E dá-lhe suspensório, cabeça raspada e camisa xadrez no meio do salão do Teatro Odisséia, senão cheio, ocupado por quem realmente conhece a banda e está interessado em curtir a performance dessa lenda viva do punk rock mundial de todas as épocas. Na abertura, tocaram o Blind Pigs, que há muito tempo não dava as caras no Rio, e o local Atox.

É a turnê do álbum “Today’s Rebelion”, lançado no ano passado, e ao menos duas desse disco chamaram a atenção. “Oi! Oi! The Shop!”, que o público não conhecia, mas que aprendeu a cantar as partes mais simples no final, e “Something About You” (a popular “não fui com a sua cara”), já na parte final, cujo cantarolar conquistou a todos de supetão. O trio, liderado por Han, único remanescente da formação original, que toca guitarra e canta em todas as músicas, vem ao Brasil com o baixista Joost e o baterista Phil, não o veterano Ray (sim, eles não curtem sobrenomes), que gravou o disco e deixou o grupo em janeiro, depois de 30 anos(!). Todos fazem afinados backing vocals, como manda a tradição do oi!, e são acompanhados pelo público.

Evil Conduct em ação no palco: Han, guitarra e vocal, o baterista Phil, no fundo, e o baixista Joost

Evil Conduct em ação no palco: Han, guitarra e vocal, o baterista Phil, no fundo, e o baixista Joost

Em tempos esquisitos em termos de consumo de música, sobretudo para os mais experientes que predominam no show, o que conta são os clássicos. Por isso, músicas como “One Day Will Come”, verdadeiro hino, tocada só no bis; “Skinhead Till I Die”, cujo título fala por si e rende uma bela cantoria à capela; e “The Way You Wanna Live”, com uma linha de baixo típica do oi!/street punk, rendem uma festança geral até para os menos iniciados que se empolgam em meio à dança típica do gênero. A despeito do histórico de violência muitas vezes atribuído aos skins, a truculência passa ao largo da noite, a não ser por um breve desentendimento logo resolvido. No início, a romântica “Skinheadgirl”, em tempos de guerra dos sexos, contempla a boa presença de garotas na casa e contribui para o clima de diversão generalizada.

Han, verdadeiro catálogo de tatuagens (um ícone do oi! muito antes de a playbozada aderir) é figuraça que vive de fazer caretas no meio do show, quando não está cantando, mesmo que fale pouco com o público. Quando fala, o carregado sotaque do interior de seu país não contribui muito para que o diálogo se estabeleça. Este se impõe mesmo é com as músicas, cujas letras, na maior parte do tempo, são voltadas para o estilo de vida realmente singular dos adeptos do oi!, como quase todos no meio da plateia. O que prova outra vez que quem está ali é porque é definitivamente do ramo. Pena que três músicas foram limadas do repertório inicialmente planejado, sendo que o show durou pouco mais de uma hora. Mesmo assim, foi uma noite para se anotar no caderninho.

Blind Pigs quase roubando a cena: a atitude do vocalista Henrique o o estilão do baixista Galindo

Blind Pigs quase roubando a cena: a atitude do vocalista Henrique o o estilão do baixista Galindo

Dizer que o Blind Pigs roubou a cena é um exagero – afinal, cada qual no seu lugar -, mas o fato é que o grupo reuniu um público maior e mais participativo, com todos cantando tudo em todas as músicas. No início, parecia que não seria assim, mas o vocalista Henrique sentiu o drama e de pronto partiu para cantar no meio do púbico, e a faísca explodiu. Músicas como “Antro de Trastes”, uma das mais cantadas da noite; “Para Incomodar”, sob o acertado discurso de que punk não é para concordar; e “Nada Fácil ou Real (Punk Rock Brasileira)”, de letra colante; e o mais que clássico “O Idiota”, colocaram o público em largo estado de vibração.

Mas o grupo está lançando o disco “Linha de Frente”, e algumas músicas desse trabalho são apresentadas, como a boa “Carta ao Leitor” e “Sempre Avançar”. Esta, dedicada ao guitarrista Fabiano Andrade, morto em março vitimado por um ataque cardíaco fulminante (saiba mais), levou Henrique às lágrimas, em um momento de forte emoção: “Sabia que quando subisse no palco procuraria ele do meu lado”. O que só reforçou a boa apresentação de uma banda verdadeira em todos os aspectos. Mais cedo, o local Atox abriu a noite. Trata-se de um trio de punk rock clássico que fez lembrar o Cólera em início de carreira. Sobra atitude e falta intimidade com o palco, mas músicas como a colante “Violência”, “Até Cair” e a nervosa “Alvejada Por Todos”, entre outras, mostram bom potencial. Muito bom ver gente nova fazendo punk rock!

O novíssimo trio carioca Atox: abertura com a casa vazia, mas muita atitude e músicas com potencial

O novíssimo trio carioca Atox: abertura com a casa vazia, mas muita atitude e músicas com potencial

Set list (quase) completo Evil Conduct:

1- The Voice Of Oi!
2- Skinheadgirl
3- EC Punk & Proud
4- Home Sweet Home
5- Oi! Oi! The Shop
6- Time For Action
7- The Way You Wanna Live
8- Workingclass Hero
9- Time Is Running Out
10- I’ve Had Enough Of You
11- That Old Tatoo
12- Skinhead Till I Die
13- Something About You
14- A confirmar
15- A confirmar
Bis
16- All Around ok
17- One Day Will Come
18- Nowhere to Go

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Comentários enviados

Apenas 1 comentários nesse texto.
  1. Pedro Cebola em novembro 13, 2015 às 20:24
    #1

    Até cair? Não lembro dessa, mas deve ser boa! Grande noite

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