Brilho em três frentes
Indie rock, música instrumental e formações geográficas marcam a noite de abertura do Festival Dosol. Fotos: Rafael Passos/Divulgação Dosol.
Encarando uma turnê de carro pelo Nordeste sem day off, o Cigarettes está lançando o novo álbum, “The Waste Land”, com o boss Marcelo Colares mostrando uma formação extramuros que inclui o baixista Mancha (aquele da casa de shows de São Paulo) e o afamado diretor de videoclipes Ricardo Spencer, em um inesperado teclado. Do disco novo são três apresentadas, sendo “Plus Belle” a melhor delas, numa versão inclusive mais encorpada pela nova formação e com o guitarrista Gordinho (Pelvs) bem mais solto. O que encaminha para um final dos mais interessantes, muito embora a empolgação dos músicos, sobretudo o introspectivo Colares, não é digna de nota. Outra das novas é “Mantra da Espera”, da cantora paulistana Laura Wrona, mas soa estranho o grupo cantando em português.
Como a espera é longa – é a primeira dez do Cigarettes, com mais de 20 anos de história no Dosol e em Natal -, o negócio é tocar músicas e outras épocas também. Ainda mais que o festival tem um elenco lotado de bandas, mas o tempo para cada uma tocar não é tão grande. E aí entram a cascuda “Beauty Of The Day”, desencravada do disco de estreia, de 1996, uma das poucas em que o teclado de Spencer faz sentido; “Junk”, barulhenta de berço, uma das melhores da noite; e “You Gonna Make a Movie”, cujo desfecho resulta em grandes evoluções instrumentais de parte a parte, uma máxima do indie rock, que termina um show, se morno, do ponto de vista da reação do público, com honesta empolgação – aí, sim - em cima do palco.Lê Almeida, de seu lado, não estava para brincadeira. Como tem acontecido nos shows mais recentes, a banda dele já inicia com uma música de longa duração quase toda instrumental, com um festival de guitarras distorcidas de amaciar os ouvidos dos incautos. Não que Lê, escolado, não produza lá esse momentos típicos das guitar bands noventistas, mas por hora ele parece optar por em um passo em falso, esteticamente falando. Tanto que anuncia uma música nova como “um pouco diferente, mas logo vocês se acostumam”. E dá-lhe pauleira e psicodelia em mais viagens instrumentais de longa duração. Diferentemente do Cigarettes, Lê tem público cativo em Natal, o que resulta em belos momentos de interação entre plateia e banda.

The Sinks e os bons riffs: o guitarrista João Lemos e o baixista Anderson Foca e o baterista Edimar Filho
No encerramento da noite, o Fukai, sensação do momento em Natal, fez um show certeiro, com o público na mão. O grupo - percebe-se - é formado por integrantes cascudos, provavelmente rodados em outras bandas. Os guitarristas Rodolfo Almeida e Vinícius Menna dominam muito bem seus instrumentos, e a vibe praiana com a mistura de classic rock das antigas com reggae, surf music, latinidad e vizinhanças agrada geral. Conceitualmente parece pouco – e é -, mas o som grupo, que ainda por cima canta letras positivistas, e em português, está redondinho e formatadinho para tocar em sua FM de verão preferida.

Ruído de Máquina: o guitarrista virtuose Russel William (D) é quem regula o bom potencial do quarteto
Set list completo The Cigarettes:
1- Lips 2
2- Mandy
3- Plus Belle
4- The Beauty Of The Day
5- Addictions
6- Mantra da Espera
7- Junk
8- Love Sucks
9- You Gonna Make a Movie
O festival Dosol continua neste sábado e no domingo. Clique aqui para ver a programação completa.
Marcos Bragatto viajou á Natal à convite da produção do festival.
Tags desse texto: Festival Dosol