Volta por cima
Performance correta e repertório incomum ao meio faz Deftones encontrar seu próprio tamanho no Rock In Rio. Fotos Divulgação Rock In Rio: David Argentino/I Hate Flash (1), Michael Meneses/Estácio (2) e Fernando Schlaepfer/I Hate Flash (3).
Explica-se que, revelado no bololô no nu-metal, o grupo jamais caiu em lugares comuns ou becos sem saída do gênero. Ao contrário, vive buscando se reinventar na proa do pop rock, com um olho no indie e outro no peso. Por isso, em “Rocket Skates”, já a segunda da noite, as palhetadas da guitarra de Stephen Carpenter encontram vocalizações nervosas de Chino, mas com texturas que seguramente vêm de outro lugar que não as profundezas metálicas, a despeito de ele envergar uma vistosa camiseta do cantor Morrissey, inicialmente escondida por baixo de outra. Embora o grupo seja emblematizado pelo jeitão de skatista de Chino Moreno, nada seria sem as invencionices de Carpenter, único integrante colado com o vocalista no Deftones desde o início, e lá se vão quase 30 anos e sete álbuns.
Deles, cinco têm músicas representadas no show de encerramento da quinta, dia 24, no Palco Sunset, sem ênfase no mais recente, “Koi No Yokan”, de 2012, um sucesso de crítica. Representam essa fase mais recente os singles “Tempest” e “Swerve City”, que aprecem em sequência, na meiúca do set. Ambos têm Moreno em uma segunda guitarra, e, no primeiro, um rockão tenso com vocais melodramáticos, é o peso que contagia a plateia. O segundo, milhas de distância da vizinhança do metal e com sotaque mais pop e contagiante, desencadeia um sugerido cantarolar na plateia, numa prova de que, sim, eles estão atentos ao que o Deftones anda fazendo. E que já está na hora de a banda lançar algo de novo, até para superar a morte do baixista “Chi Cheng”, em 2013, após um fatídico acidente de carro.Curiosamente o grupo vai bem também em desvios de rumo como “Knife Party”, mais lenta, cheia de texturas de guitarra e que revela talvez o elemento principal buscado incessantemente por Chino e Stephen Carpenter: uma sombria melancolia indie de fazer inveja ao Radiohead - repita-se - incomum ao meio. A música, de resultado sombrio até, é uma das que a plateia mais vibra, muito embora o show seja do tipo com o “público na mão”. No arremate, os clássicos “Engine No. 9” e “Head Up”, que na versão de disco tem os vocais de Max Cavalera, agradam geral e dão a segurança de que o grupo mandou um set bem sacado. E que, para o Deftones, a julgar por essa apresentação, muitas vezes é melhor ser atração principal de um palco secundário do que banda de abertura em palco principal.

Chino se diverte na beirada do palco; ele revelaria uma vistosa camiseta do Morrissey por baixo desssa
1- Diamond Eyes
2- Rocket Skates
3- Be Quiet and Drive (Far Away)
4- My Own Summer (Shove It)
5- Sextape
6- Knife Party
7- Tempest
8- Swerve City
9- Passenger
10- Change (In the House of Flies)
11- Engine No. 9
12- Headup
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