O Homem Baile

Pra voltar

Na primeira vez na cidade, Moonspell dá geral nas várias fases da carreira, toca Sepultura com Derrick Green e mostra potencial para show fora do Rock In Rio. Fotos Divulgação Rock In Rio/Estácio: Efraim Fernandes.

O líder do Moonspell, Fernando Ribeiro, à frente da apresentação climática do grupo no Sunset

O líder do Moonspell, Fernando Ribeiro, à frente da apresentação climática do grupo no Sunset

É de se lamentar que com mais de 20 anos de estrada o Moonspell nunca tenha tocado no Rio de Janeiro, mas o Rock In Rio – que diria – está aí mesmo para encher o Palco Sunset nos dias que o Palco Mundo transborda heavy metal. Nem que para isso a banda tenha que fazer um inusitado dueto com o vocalista do Sepultura, Derrick Green, na sexta passada, dia 25, de acordo com o regulamento do palco, criado para grandes encontros. Oras, Derrick subir e cantar quatro músicas com o Moonspell, sendo dois clássicos do Sepultura, não é grande encontro nem aqui nem em Lisboa, de modo que o Moonspell ainda precisa voltar ao Rio para um show, digamos, mais completo.

Não que não houvesse esforço por parte da banda, que bolou um repertório para passar a limpo, na medida do possível, as várias fases de toda a carreia, e olha que não são poucas, em uma hora só e com todas essas variáveis. A base do repertório, entretanto, é o disco mais recente, “Extinct”, que saiu em março, cuja imagem da capa aparece no telão do fundo do palco. São três desse trabalho, com destaque para “The Last Of Us”, um sensacional gothic metal inspirado diretamente no pós punk inglês, leia-se The Sisters Of Mercy, entenda-se a música “When You Don’t See Me”. Não é a que mais agrada ao público, mas a ótima composição, realçada pela voz mais que grave de Fernando Ribeiro, revela uma faceta pouco explorada pelo Moonspell, que é, desde já, muitíssimo bem vinda.

O simpático Derrick Green, que participa do show em quatro músicas, sendo duas do Sepultura

O simpático Derrick Green, que participa do show em quatro músicas, sendo duas do Sepultura

“Extinct”, a faixa-título, é a primeira em que Derrick Green participa, e curiosamente, manda vocais limpos em contraponto à voz cavernosa de Fernando. Funciona, mas o melhor momento com o vocalista do Sepultura vem mais tarde, com a dobradinha “Territory”/“Roots Bloody Roots”. As adaptações são ótimas, mas o bom baterista Miguel Gaspar não capta o som de bateria típico das músicas, e o groove do arranjo, bandeira do Sepultura mundo afora, também não é acertado. E não é muito agradável ver o simpático Derrick como representante do Sepultura, em vez de Andreas Kisser ou Max Cavalera, por exemplo. Mas, de certo modo, o público se sente contemplado como se fosse uma homenagem a banda brasileira mais bem sucedida no exterior. E, ademais, fora poucos que conhecem bem o Moonspell ali na frente, essas são as únicas duas músicas que servem para agitar durante o show.

O grupo usa muitos efeitos gravados - sem problemas -, como o violino que aparece em “Breathe (Until We Are No More)”, outra das novas. A sombria “Vampiria” resgata a fase inicial da banda, só que com o som bem mais encorpado do que o encontrado no álbum “Wolfheart”, lançado há duas décadas. O lado mais doom metal aparece em “Full Moon Madness”, que, repleta de idas e vindas, é de cortar na alma do ouvinte mais atento. A interpretação de Fernando contribui com o clima soturno que só não é mais dramático porque se trata de um show à luz do dia em um festival cheio de coisas que chamam a atenção de tudo o que é lado. Por isso reforça-se a necessidade de o grupo fazer uma turnê solo no Rio o mais rápido possível. A primeira prova já foi dada e aprovada com louvor.

Fernando e Derrick juntos na beirada do palco: agora o Moonspell precisa fazer show solo no Rio

Fernando e Derrick juntos na beirada do palco: agora o Moonspell precisa fazer show solo no Rio

Set list completo:

1- Breathe (Until We Are No More)
2- Extinct
3- Night Eternal
4- Opium
5- The Last of Us
6- Em Nome do Medo
7- Territory
8- Roots Bloody Roots
9- Vampiria
10- Alma Mater
11- Full Moon Madness

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