O Homem Baile

Convidado atrevido

Em apenas duas músicas, Dee Snider sobe no palco, converte o Angra em banda de apoio e protagoniza um dos melhores momentos do Rock In Rio 2015. Fotos: Diego Padilha/I Hate Flash/Divulgação Rock In Rio (1 e 2) e Daniel Croce (3).

Dee Snider abaixado na beirada do palco: carisma e presença de palco que roubam a cena

Dee Snider abaixado na beirada do palco: carisma e presença de palco que roubam a cena

Podem anotar aí. Essa edição do Rock In Rio ainda não chegou nem na metade, mas a passagem meteórica do eterno líder do Twisted Sister, Dee Snider, pelo Palco Sunset já é, de antemão, um dos melhores momentos de todo o festival. Em apenas duas músicas, no arremate do show do Angra, o muso do hard rock, curiosamente todo de branco, entrou no palco com uma disposição cavalar para tocar dois hinos que, de certa forma, unificam todo o heavy metal e suas diferenças em milhares de subgêneros. Naquele momento mágico, não havia quem não cantasse os versos de “I Wanna Rock” e de “We’re Not Gonna Take It”, verdadeiros manifestos, cartas de intenções do rock em todas as épocas e lugares.

O sessentão da cabeleira loira que já foi rosa e hoje de cara limpa que já foi maquiada sabe muito bem sobre o que está falando. Sofreu censura de conservadores e foi ao parlamento americano defender a si próprio, o rock e a liberdade de expressão. Por isso pode bradar por aí que não vai aceitar porra nenhum mesmo e que quer rock e está acabado. E aí o povão que ainda se agigantava na região do Palco Sunset vai junto numa interação poucas vezes notada desde a invenção do espetáculo. Em ótima forma, “Dee Fuckin Snider”, como ele próprio se anuncia, corre de lado a outro e dá aula de presença de palco e carisma, afastando aquela coisa chata de pedir para o público fazer isso ou aquilo: a música e o carisma falam por si só.

A Metal Queen Doro Pesch e o guitarrista Rafael Bittencourt cantam uma música do Angra juntos

A Metal Queen Doro Pesch e o guitarrista Rafael Bittencourt cantam uma música do Angra juntos

Não que o Angra não fizesse um bom papel. Ao contrário, o grupo vinha mostrando um repertório bem sacado, com músicas de várias fases com outros vocalistas, além de mostrar coisas do novo álbum, “Secret Garden”, lançado este ano. Entre elas, destacam-se “Final Light”, aquela do clipe do avião, que é inclusive exibido no telão, e “Crushing Room”. Nessa, quem canta é o guitarrista Rafael Bittencourt, junto com outro convidado, a Metal Queen Doro Pesch. Mas Fabio Lione segue muito bem, consolidando essa nova formação com perfeito entrosamento. Assim como Rafael e Kiko Loureiro, que duelam lindamente em “Nothing to Say” e na introdução de “Waiting Silence”.

É bom para os fãs guardarem na memória, já que, aproveitando a repercussão de um festival como o Rock In Rio, Rafael anuncia a troca de guitarristas em pleno palco. Antes de “Carry On”, ele chama Marcelo Barbosa, do Almah, que vai ocupar o lugar de Kiko quando a agenda do Megadeth o convocar (saiba mais). Barbosa é veterano no metal nacional e faz sua estreia ali mesmo, nesse clássico do primeiro disco do Angra. Outro novato na banda, o baterista Bruno Valverde vai muito bem, embora sofra com problemas na captação do som de seu instrumento. No final, Kiko Loureiro e Doro voltam ao palco para marcar presença no grande encerramento, com as duas músicas cantadas por Dee Snider. Coisa pra não sair da cabeça ta cedo.

O momento em que o guitarrista Kiko Loureiro dá lugar ao seu substituto eventual, Marcelo Barbosa

O momento em que o guitarrista Kiko Loureiro dá lugar ao seu substituto eventual, Marcelo Barbosa

Set list completo:

1- Newborn Me
2- Nothing to Say
3- Waiting Silence
4- Final Light
5- Lisbon
6- Crushing Room
7- Rebirth
8- Carry On/Nova Era
9- I Wanna Rock
10- We’re Not Gonna Take It

Tags desse texto: ,

Comentários enviados

Sem comentários nesse texto.

Deixe o seu comentário

Seu email não será divulgado