O Homem Baile

Empatou

Com palheta de sucessos, Elton John divide posto de protagonista com Rod Stewart no domingão do Rock In Rio. Fotos Divulgação Rock In Rio/Estácio: Efraim Fernandes (1) e Paulo Rangel(2 e 3).

Sentando em seu próprio piano, Elton John mostra uma série de sucessos para a plateia do Rock In Rio

Sentando em seu próprio piano, Elton John mostra uma série de sucessos para a plateia do Rock In Rio

A noite apontada como a de “dois headliners de uma vez só” no Rock In Rio, por conta de Elton John ter sido escalado antes do encerramento com o gaiato Rod Stewart (veja como foi), ganha um inusitado contorno quando o primeiro desfila 17 números e tem a apresentação maior que a do segundo. Se Rod é setentão, o que dizer dos mais de 50 anos de carreira de Elton John, 68, e seus quase 40 álbuns lançados, entre discos de estúdio e trilhas sonoras? De volta ao festival depois do show salvação da lavoura em uma noite repleta de artistas de gosto duvidoso, em 2011 (relembre), o pianista traz a mesma banda de músicos cascudos para mostrar um bonito extrato de sua trajetória.

Dessa vez Elton John parece mais animado e sai do lugar comum de um pianista de idade avançada que passa a maior parte do tempo sentado tocando, como aconteceu em 2011. Agora, ele gesticula várias vezes com o público, e chega a subir em cima do piano – que é dele -, no afã de interagir com o povão no entorno do Palco Mundo. O que, de fato acontece quando ele toca, muito embora dessa vez, dada a escolhas das primeiras músicas, a coisa tenha demorado um pouco a engrenar. Se em 2011 a embalante “I’m Still Standing” foi logo a segunda da noite, agora o início guarda mais um jeitão virtuose, como no belo solo reservado para o final da bonita “Bennie and the Jets”.

Momento em que um animado Elton John senta sobre o piano e agita o povão do Palco Mundo

Momento em que um animado Elton John senta sobre o piano e agita o povão do Palco Mundo

Em “Levon”, a performance instrumental do pianista sugere uma improvisação (ou como se fosse uma) com os outros músicos que faz o público aplaudir espontaneamente, reforçando o poder da música, não do animador de auditório que habita as bandas de rock dos nossos tempos. Dá gosto de ver a pegada do veterano Nigel Olsson, que conduz uma bateria como poucos, ao dosar precisão, originalidade e vigor. Em “Tiny Dancer, é a vez do guitarrista e arranjador Davey Johnstone sacar uma guitarra de dois braços para fazer das suas com um efeito slide guitar de muito bom gosto, apesar de discreto. Mesmo porque o brilho da noite é reservado ao dono da banda. “Philadelphia Freedom” é a única composição dessa formação, e, com sotaque mais pop, recente até, é outra das menos conhecidas que tem a adesão da plateia.

O figurino de Elton John já foi mais ousado no passado, tal qual ele aparece como ator no filme “Tommy”, rodado em cima da ópera rock do The Who. Mas não se pode chamar de discreto, para um senhor, um conjunto azul cheio de paetês, com a inscrição “Fantastic” bordada nas costas, incluindo óculos (só um!) de lente com tons azulados também. Não há muita diferença das músicas tocadas neste domingo e as de dois anos atrás, mas “Your Song”, limada de última hora na ocasião, aparece no bis. A palheta de sucessos que habitam o inconsciente musical coletivo inclui a marcante “Goodbye Yellow Brick Road”, faixa-título do álbum de 1973 que cede outras três faixas à noite. Uma delas é “Saturday Night’s Alright for Fighting”, um rock’n’roll clásico, na qual outra improvisação leva os músicos para o entrono do piano de EJ, enquanto o povão marca o ritmo com palmas. Coisa linda de ver.

Um das poucas vezes em que Elton John circula pelo palco, agradecendo à resposta do público

Um das poucas vezes em que Elton John circula pelo palco, agradecendo à resposta do público

Elton John fala pouco, e quando solta uns “come on” aqui e uns “thank you” acolá, o faz sem usar o microfone, sentado, gesticulando. Mas se mostra agradecido. “Todos esses anos que viemos o Brasil é sempre o melhor lugar do mundo”, diz, antes de dedicar a sensível “Don’t Let the Sun Go Down on Me” ao público. Outros sucessos inseridos no show são “I Guess That’s Why They Call It the Blues”, de extraordinária força radiofônica nos anos 1980 e que abraça o tom revivalista dessa época no festival, “Sad Songs (Say So Much)” e “Rocket Man”. Dessa vez, a que dançou foi a manjada “Crocodille Rock”, mas no frigir dos ovos, o show de Elton John superou as expectativas e há quem diga que, musicalmente, superou o cabaré de Rod Stewart. Sim, foram duas atrações principias em uma única noite.

Set list completo:

1- The Bitch Is Back
2- Bennie and the Jets
3- Candle in the Wind
4- Levon
5- Tiny Dancer
6- Philadelphia Freedom
7- Goodbye Yellow Brick Road
8- Rocket Man (I Think It’s Going to Be a Long, Long Time)
9- I Guess That’s Why They Call It the Blues
10- Skyline Pigeon
11- Sad Songs (Say So Much)
12- Sorry Seems to Be the Hardest Word
13- Don’t Let the Sun Go Down on Me
14- I’m Still Standing
15- Your Sister Can’t Twist (But She Can Rock ‘n Roll)
16- Saturday Night’s Alright for Fighting
Bis
17- Your Song

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