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Em show marcado por latente experimentalismo, Anathema agrada plateia iniciada e ainda presta tributo ao Paradise Lost. Fotos: Daniel Croce.
Isso porque, do doom metal que marcou o início do Anathema, pouco sobrou, de modo que o material mais antigo é solenemente ignorado – nada de 1998 para trás -, diferentemente do Paradise Lost (veja como foi), que fez uma abertura às avessas por questões técnicas e de logística. Os irmãos Cavanagh - além de Daniel, Vincent numa outra guitarra e o baixista Jamie - também, não estão muito preocupados com músicas do tipo início, ponte, refrão, repete tudo e fim. O sexteto vem se tornando um baluarte da música experimental, etérea, progressiva, só que com o acompanhamento fiel dos fãs de heavy metal que conhecem/ouvem falar de tudo desde o início. Por isso, a plateia do Circo, em número idêntico ao do show anterior, adere com fervor e até com a letra de muitas das músicas na ponta da língua.

A boa vocalista Lee Douglas, que participa em poucas músicas, e o baixista da família, Jamie Cavanagh
“Deep”, que não havia sido tocada nos outros dois shows dessa turnê pelo Brasil, é apresentada como “a última chance de ver essa música ao vivo” pelo Mestre de Cerimônias Daniel. A música é de 1999, já é da fase de, digamos, experiências, e conhecida do povão, que não poupa o gogó. A essa altura já acontece um rodízio de instrumentos lá na cozinha, mas os irmãos Cavanagh, graças aos deuses do metal, seguem firme nas guitarras, e o público se deixa levar por uma onda de entusiasmo durante um belíssimo duelo altamente cantarolável, num dos grandes momentos da noite. Ainda mais se realmente a música desaparecer do repertório das turnês dos caras.
“Distant Satellites”, outra das mais recentes, faixa-título do último disco, abre o bis não sem antes Daniel interromper um baticum eletrônico de fechar rave, como se estivesse tudo errado. Ressalta-se que a banda tem dois bateristas, um ofuscado pelo outro, e ainda se dá ao luxo de usar gravações eletrônicas. A música acaba servindo de ponte para a melhor parte do encerramento, com a mocinha cantando do início ao fim na boa “A Natural Disaster”, quando a banda pede para deligar as luzes do palco de modo que o público possa erguer os celulares acessos para um registro fotográfico (cada uma!). É quando Nick Holmes reaparece no palco como se fosse receber um Oscar e participa da boa “Fragile Dreams”, no tal momento para se guardar na memória com todas as forças. Anathema + Paradise Lost: duplinha porreta, essa.Set list completo:
1- Anathema
2- Untouchable, Part 1
3- Untouchable, Part 2
4- The Lost Song, Part 1
5- Thin Air
6- A Simple Mistake
7- Deep
8- The Beginning and the End
9- Universal
10- Closer
Bis
11- Distant Satellites
12- A Natural Disaster
13- Fragile Dreams
Tags desse texto: Anathema, Paradise Lost