A noite é encerrada em grande estilo, com boa parte do público se divertindo, inclusive com uma inusitada roda festiva distante do vigor do hardcore, mas um tanto animada. É o Seether tocando um de seus maiores hits, “Remedy”, no Rio, na boa casa Sacadura 154, ex-boate agora convertida em espaço para shows. Nem parece que a apresentação, que durou cerca de 1h40, teve lá seus altos e baixos, muito por conta da uma evidente tristeza que permeia boa parte do repertório do grupo, ou ao menos das 17 músicas tocadas na noite; veja o set list completo no final do texto. Tardia mistura do que se chamava alternative metal com o grunge, o Seether segue trilhando um caminho improvável, que, aqui no Brasil, antes de sumir do noticiário, ficou conhecido como “a banda do cara que namora a vocalista do Evanescence”, por conta do clipe de outro sucesso, “Broken”.

Retraído lá com seus problemas o líder e mentor do grupo, Shaun Morgan, aparece no canto esquerdo do palco, mal fala com o público nos primeiros dois terços do show e toca tudo direto, sem intervalos. Mesmo com uma troca maciça de instrumentos a cada música, o som não para, meio por conta de afinações de última hora, meio como forma de entreter bem o público, o que é ótimo. Embora o início seja com a porrada “Gasoline” – ótima escolha -, a primeira parte da apresentação é arrastada e soturna, sobretudo na trinca “Rise Above This”, cuja letra tentou em vão salvar o irmão de Morgan do suicídio; a tensa “Driven Under”, que ainda assim recebe muitos aplausos da plateia, aos gritos de “síder, síder!”; e “Fine Again”, outra soturna, mas que surpreende no crescente final, com direito a palmas marcando o ritmo. Como se vê, o público adora.

A turnê é a do novo álbum do grupo, “Isolate and Medicate” (para os brasileiros que perderam o bonde, o grupo segue lançando material inédito regulamente), e quatro músicas dele são apresentadas. A melhor é “My Disaster”, pesada, com bom refrão e que segue a fórmula que Shaun Morgan como poucos aprendeu com Kurt Cobain, a de alternar esporro e silêncio. Outra das novas é a pesada e colante “See You At The Bottom”, reforçada pelos vocais do guitarrista Bryan Wickmannn, e na qual Shaun enfim, se dirige à plateia: “Sempre quis vir ao Brasil, vocês sabem como fazer uma festa melhor que qualquer um”. Mais tarde, o grupo recebe um abandeira negra alusiva à turnê e estende sobre os amplificadores.

A segunda parte da noite tem um bloco desconexo, com músicas bem diferentes do material em geral composto por Shaun. São elas “Tonight”, praticamente um pop rock mezzo pesado mezzo simplório, que cola nos ouvidos e faz o público dançar com se a Sacadura 154 ainda fosse boate; “Country Song”, cujo título já entrega o que vem a ser tocado; e “The Gift”, que Shaun Morgan toca sozinho, num anticlímax daqueles, e que inclui a tradicional falta de educação da plateia, que grita o tempo todo, em vez de aproveitar o momento intimista; ou seja, não funciona. Em relação a outros shows dessa turnê, o grupo ainda inclui duas músicas, inicialmente não relacionadas no set list: “Burrito”, que mostra referências ao Korn, outra banda símbolo para se entender o Seether, e “Save Today”. Ah, e teve sim “Broken”, mesmo sem Amy Lee. O que seguramente contribui para que a roda de baixo impacto no final citada lá em cima tenha sido uma felicidade só.

Set list completo:

1- Gasoline
2- Needles
3- Rise Above This
4- Driven Under
5- Fine Again
6- Broken
7- Solo de bateria
8- Burrito
9- My Disaster
10- Words As Weapons
11- Tonight
12- Country Song
13- The Gift
14- See You At The Bottom
15- Save Today
16- Fake It
17- Remedy

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