O Homem Baile

Entrega garantida

Um ano depois, Imagine Dragons volta ao Rio e toca (quase) a íntegra do novo disco para plateia que ainda não teve tempo de crescer. Fotos: Daniel Croce.

De volta em pouco tempo: Dan Reynolds fica cara a cara e mata a saudade do público brasileiro no Rio

De volta em pouco tempo: Dan Reynolds fica cara a cara e mata a saudade do público brasileiro no Rio

É uma espécie de download, ao vivo, com os integrantes da banda tocando ali na sua frente, todas as músicas do disco novo (menos uma) do Imagine Dragons. Em sua segunda vinda ao Brasil, um ano após a primeira e do sucesso do show do Lollapalooza, o grupo mostra nada menos que 12 faixas de “Smoke And Mirrors”, lançado há exatos dois meses, salteadas entre um ou outro hit do disco de estreia. É o caso típico do grupo de sucesso precoce e fugaz vivendo o auge antes da hora. Como a grande maioria do público, muitos levados ao Citibank Hall, mesmo local do show do ano passado (veja como foi) por seus responsáveis e afins. Uma verdadeira festança de aniversário no play do condomínio.

No comando, o bom vocalista/entertainer Dan Reynolds faz a parte dele certinho. Se no passado alegava uma ordinária ligação com o futebol para justificar a paixão pelo País, agora se diz – e mais de uma vez – que estava “com saudades”. “Eu adoro o povo daqui”, diz, antes de “Trouble”, a segunda do show, uma das novas, desencadeando os gritos de “uiloviu, uiloviu!” da plateia entusiasmada. Pode parecer clichê - e é -, mas em “Release”, já na segunda metade, tocada só com voz e violão, Reynolds realmente se emociona. Também pudera: é muita energia canalizada de uma só vez para um grupo de pouquíssima rodagem e, vamos e venhamos, com muito mais a mostrar do que já tem de consolidado.

O guitarrista Wayne Sermon toca violão, em uma das muitas vezes em que troca de instrumento no show

O guitarrista Wayne Sermon toca violão, em uma das muitas vezes em que troca de instrumento no show

Mas os tempos são efêmeros e a plateia curte o momento como manda o figurino dos nossos dias. Emburrecida pela tecnologia de acesso fácil, usa e abusa de registros fúteis que de nada servirão no futuro; talvez apenas para o esquecimento rápido a vir com o inevitável amadurecimento. A banda, também, entra na onda quando Dan Reynolds diz que precisa de “likes” e procura, no meio daquele povaréu, um tal de Mateus. Ao subir no palco, Dan faz uma famigerada “selfie” com ele; não precisava, né? O positivo no público é que quase todas as músicas novas de “Smokes And Mirrors” já são conhecidas, não só os singles “I Bet My Life”, “Gold” e “Shots”, que vêm antecipando o disco, nessa ordem, desde o ano passado. Tanto que a primeira já parece como parte do bloco final da noite, em um de vários e constrangedores momentos micareta pop.

A banda, também, não consegue concatenar um set list que faça sentido. Mesmo com um repertório de flagrante baixo impacto, começar com a trinca “Shots”, “Trouble” (duas das novas) e “It’s Time” não chega a ser uma boa decisão, ainda mais com “Forever Young”, do Alphaville, tocada em seguida, com uma notável preguiça instrumental. Mesmo assim a recepção é calorosa e seria até se o grupo começasse com “Chiquita Bacana”. Mas o show parece começar de verdade já com meia hora de bola rolando, com “I’m So Sorry”, quando o bom, mas omisso guitarrista na maior parte do tempo Wayne Sermon conduz o quinteto a uma evolução instrumental – nisso eles são bons – contagiante de verdade. Ele também faz das suas no hitaço “On Top Of The World”, citando Led Zeppelin no início, e no belo solo de “Hopeless Opus”.

Reynolds e o baixista Ben McKee entre os jatos de fumaça do bem produzido palco do Imagine Dragons

Reynolds e o baixista Ben McKee entre os jatos de fumaça do bem produzido palco do Imagine Dragons

Outras das novas que encantam a plateia são “Polaroid”, cujo cantarolar é ensaiado por Reynolds de antemão; a já citada “Gold”, canção tensa que foge da alegria besta que permeia o show e desemboca em exibição de Sermon; e “Friction”, mais pela vibração da plateia do que pela música em si. Vale o registro da bela produção visual do palco, com jatos de fumaça e telões de led esbeltos em torres formando pórticos de luz que impressionam. E também o uso menos frequente da percussão que por vezes ofusca outras possibilidades. Com tanta música nova no show, “I Bet My Life”, no fim, abriga uma série de citações a músicas do disco de estreia, e o desfecho com élan épico vem com “Radioactive”, que reúne tudo o que o Imagine Dragons oferece em cada uma das músicas, incluindo – aí, sim – a overdose de batucada com direito a espancamento de um tambor gigante; como o público adora isso! No bis, com “The Fall”, Dan Reynolds se joga nos braços do público. No fundo, no fundo, parece que ele adora isso aqui mesmo.

Set list completo:

1- Shots
2- Trouble
3- It’s Time
4- Forever Young
5- Smoke and Mirrors
6- Polaroid
7- I’m So Sorry
8- Summer
9- Gold
10- Demons
11- Dream
12- Hopeless Opus
13- Release
14- On Top of the World
15- Friction
16- I Bet My Life
17- Radioactive
Bis
18- The Fall

O momento 'espanca tambor' que finaliza o show do Imagine Dragons com muita empolgação da plateia

O momento 'espanca tambor' que finaliza o show do Imagine Dragons com muita empolgação da plateia

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