O Homem Baile

Realizado

Encaixotado no Lollapalooza, Smashing Pumpkins reduz repertório, mas Billy Corgan se diverte mesmo assim, na apoteose das guitarras. Fotos Divulgação T4F: Ale Frata (1, 2 e 3) e MRossi (4).

O chefão Billy Corgan canta e toca guitarra em uma das melhores fases do Smashing Pumpkins

O chefão Billy Corgan canta e toca guitarra em uma das melhores fases do Smashing Pumpkins

Escalado como espécie de “headliner lado B” no Lollapalooza, o Smashing Pumpkins não se intimidou e mostrou para um público estimado em 25 mil pessoas o formato superbanda que já havia convencido – e muito – no Rio (veja como foi). Contudo, a limitação de horário do show, que não poderia passar de uma hora e meia, mesmo sendo a apresentação de encerramento do domingão no Autódromo de Interlagos, em São Paulo, fez a banda subtrair do repertório a música “Heavy Metal Machine”. Uma pena, já que a canção, de longa duração e que contém diversas evoluções instrumentais, compunha a parte derradeira do show com uma verdadeira apoteose das guitarras. E ainda teve o constrangimento de Billy Corgan, sozinho com um violão, no bis, tocar a clássica “Today” junto com um apressado foguetório disparado antes da hora pelos produtores.

O superbanda ali em cima se refere à formação dessa turnê, que tem, além de Billy Corgan como vocalista e guitarrista, o baterista do Rage Against The Machine, Brad Wilk; o baixista do The Killers, Mark Stoermer; e o guitarrista Jeff Schroeder, fiel escudeiro de Corgan há quase 10 anos. Juntos eles têm a missão de pulverizar o passado indie rock do grupo e detonar um show pesado – o som alto e com boa resolução contribui -, com músicas tocadas pra valer, sem cabeça baixa ou timidez enrustida. Ao contrário, com a pegada que o rock precisa para existir, sobretudo em um espetáculo open air, de arena, como o Lollapalooza. Não é preciso ser nenhum expert em bateria para sacar que a batida de Wilk muda completamente a banda, sobretudo nas músicas mais pesadas. A cavalar introdução de “United States”, fisicamente improvável, que o diga. É nessa música que Corgan empunha aguitarra sozinho na beirada do palco e toca o Hino Americano com os dentes. Tá bom pra você?

O batera do Rage Against The Machine, Brad Wilk, que forne mais peso ao Smashing Pumpkins

O batera do Rage Against The Machine, Brad Wilk, que forne mais peso ao Smashing Pumpkins

O experto Corgan, no entanto, sabe preservar o público que tem e não arrisca a conversão de clássicos que ultrapassaram o mundinho indie em algo mais rock como ele tem feito. Assim, “Disarm”, que São Paulo não conseguiu ouvir em 2010, no Planeta Terra (veja como foi) reaparece com o mesmo “jeitinho fofo” que a consagrou e faz cair lágrimas na fila do gargarejo. O que acontece, também, com “1979”, clássico absoluto do grupo, dos tempos em que o guitarrista Jeff Schroeder “nem era nascido”, segundo ele mesmo, e com “Cherub Rock”, encarregadas da boa abertura. Entre as quatro novas, do álbum “Monuments To An Elegy”, a que colou mais foi “Drum + Fife”, com todo mundo com as mãos erguidas e cantando o verso “I will bang this drum to my dying day”, muito embora o rockão “One and All” tenha deixado a multidão meio atônita.

O momento “Billy Corgan paz e amor” inclui sorrisos e piscadelas individuais, além de um desejo de feliz aniversário para Perry Farrel, o idealizador do Lolla, que nasceu em 29 de março. Corgan aproveita para lamentar a morte de sua gata enquanto ele está em turnê, e um gato de pelúcia na mão de um fã na fila do gargarejo é exibido. Era tudo brincadeira, mas o ex-homem de ferro se emociona e é aplaudido, tudo isso antes de “Disarm”, quando a banda é apresentada e Brad Wilk ganha um trechinho de “Killing In The Name”, hit maior do RATM, tocado por Schroeder. A alegria de Corgan é resultado da percepção de que, depois de tantos anos, só agora, de uns tempos para cá, empunhando guitarras nas beiradas de palco pelo mundo afora, é que ele se aproxima artisticamente de seus ídolos. E é essa realização que faz valer à pena, para ele e – por que não? – para o público. Só não ver quem não quer.

Um entre vários momentos da noite em que Billy Corgan se realiza empunhando a boa e velha guitarra

Um entre vários momentos da noite em que Billy Corgan se realiza empunhando a boa e velha guitarra

Set list completo:

1- Cherub Rock
2- Tonight, Tonight
3- Ava Adore
4- Being Beige
5- Drum + Fife
6- Stand Inside Your Love
7- 1979
8- Pale Horse
9- Monuments
10- Drown
11- Disarm
12- One and All (We Are)
13- United States
14- Bullet with Butterfly Wings
Bis
15- Today

Smashing Pumpkins em ação na vista geral do público no Palco Axe do Lollapalooza 2015

Smashing Pumpkins em ação na vista geral do público no Palco Axe do Lollapalooza 2015

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