Realizado
Encaixotado no Lollapalooza, Smashing Pumpkins reduz repertório, mas Billy Corgan se diverte mesmo assim, na apoteose das guitarras. Fotos Divulgação T4F: Ale Frata (1, 2 e 3) e MRossi (4).
O superbanda ali em cima se refere à formação dessa turnê, que tem, além de Billy Corgan como vocalista e guitarrista, o baterista do Rage Against The Machine, Brad Wilk; o baixista do The Killers, Mark Stoermer; e o guitarrista Jeff Schroeder, fiel escudeiro de Corgan há quase 10 anos. Juntos eles têm a missão de pulverizar o passado indie rock do grupo e detonar um show pesado – o som alto e com boa resolução contribui -, com músicas tocadas pra valer, sem cabeça baixa ou timidez enrustida. Ao contrário, com a pegada que o rock precisa para existir, sobretudo em um espetáculo open air, de arena, como o Lollapalooza. Não é preciso ser nenhum expert em bateria para sacar que a batida de Wilk muda completamente a banda, sobretudo nas músicas mais pesadas. A cavalar introdução de “United States”, fisicamente improvável, que o diga. É nessa música que Corgan empunha aguitarra sozinho na beirada do palco e toca o Hino Americano com os dentes. Tá bom pra você?
O experto Corgan, no entanto, sabe preservar o público que tem e não arrisca a conversão de clássicos que ultrapassaram o mundinho indie em algo mais rock como ele tem feito. Assim, “Disarm”, que São Paulo não conseguiu ouvir em 2010, no Planeta Terra (veja como foi) reaparece com o mesmo “jeitinho fofo” que a consagrou e faz cair lágrimas na fila do gargarejo. O que acontece, também, com “1979”, clássico absoluto do grupo, dos tempos em que o guitarrista Jeff Schroeder “nem era nascido”, segundo ele mesmo, e com “Cherub Rock”, encarregadas da boa abertura. Entre as quatro novas, do álbum “Monuments To An Elegy”, a que colou mais foi “Drum + Fife”, com todo mundo com as mãos erguidas e cantando o verso “I will bang this drum to my dying day”, muito embora o rockão “One and All” tenha deixado a multidão meio atônita.O momento “Billy Corgan paz e amor” inclui sorrisos e piscadelas individuais, além de um desejo de feliz aniversário para Perry Farrel, o idealizador do Lolla, que nasceu em 29 de março. Corgan aproveita para lamentar a morte de sua gata enquanto ele está em turnê, e um gato de pelúcia na mão de um fã na fila do gargarejo é exibido. Era tudo brincadeira, mas o ex-homem de ferro se emociona e é aplaudido, tudo isso antes de “Disarm”, quando a banda é apresentada e Brad Wilk ganha um trechinho de “Killing In The Name”, hit maior do RATM, tocado por Schroeder. A alegria de Corgan é resultado da percepção de que, depois de tantos anos, só agora, de uns tempos para cá, empunhando guitarras nas beiradas de palco pelo mundo afora, é que ele se aproxima artisticamente de seus ídolos. E é essa realização que faz valer à pena, para ele e – por que não? – para o público. Só não ver quem não quer.
Set list completo:1- Cherub Rock
2- Tonight, Tonight
3- Ava Adore
4- Being Beige
5- Drum + Fife
6- Stand Inside Your Love
7- 1979
8- Pale Horse
9- Monuments
10- Drown
11- Disarm
12- One and All (We Are)
13- United States
14- Bullet with Butterfly Wings
Bis
15- Today
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