Equilíbrio
Com mais rodagem, banda de Robert Plant consegue executar melhor o repertório povoado de clássicos do Led Zeppelin. Fotos: Daniel Croce.
Com menos músicas, as sete do Led Zeppelin incluídas representam mais da metade do show, o que não é necessariamente bom. “Going to California”, por exemplo, começa intimista com os guitarristas Justin Adams e Liam “Skin” Tyson reproduzindo com precisão os belíssimos acordes originais, e ganha em peso e dramaticidade, em um dos melhores momentos da noite. Já em “No Quarter”, tocada pela primeira vez nessa turnê, logo na abertura, a mesma dupla subtrai acordes do riff principal, num processo de desconstrução infeliz que descaracteriza uma obra de raro bom gosto. Mesmo assim, a plateia que enche o Citibank Hall pouco se importa: o negócio é estar perto do ídolo e cantar o que der pra entender. E, no fundo, é isso mesmo, exceto pelos emburrecidos pela tecnologia que preferem os malditos smartphones ao show em tempo real.
Músicas da carreira solo de Plant apropriadas pela Sensational Space Shifters já tocadas na apresentação anterior também aparecem bem melhor desenvolvidas, fruto – repita-se – do entrosamento entre os músicos. É o caso de “Tin Pan Valley”, na qual Plant força a voz com o pedestal do microfone em punho como nos áureos tempos. Ou ainda de “Fixing to Die” (na verdade um cover de Bukka White), que curiosamente tem uma pegada Led Zeppelin, a despeito da monstruosa intervenção do tecladista John Baggott (Massive Attack) e da boa performance de Adams. É outra em que Plant lançar um gogó mais arrojado, e talvez por correr esses riscos “Nobody’s Fault But Mine”, outra do Led, tenha sido retirada do bis de última hora. O show parece tão encorpado e com sonoridade definida que, dessa vez, as intervenções do gambiano Juldeh Camara, que trocou o ritti por uma espécie de violino tribal de arco e flecha até interessante, pouco atrapalham.A apresentação, por ser só de Plant, inclusive, poderia ser maior, mas tem a duração e um show de festival e dever ser idêntica ao do Lollapalooza BR, no próximo final de semana. A abertura foi da cantora St. Vincent (veja como foi). Plant fala menos que o habitual, mas não deixa de mandar um “E aí, galera?” para o público, além de incluir, sarcasticamente, um “trânsito incrível” entre os elogios à Cidade, arrancando gargalhadas do público. Ele se referia às obras da Cidade Olímpica espalhadas pelo caminho até se chegar à casa de shows, o que só fez a lotação se dar em cima da hora. Do único álbum gravado pela Sensational Space Shifters, “Lullaby and the Ceaseless Roar”, lançado no ano passado, só duas músicas são incluídas. “Little Maggie” é a melhor delas com sotaque country e boa evolução dos guitarristas da metade para o final, também com forte ajuda de Baggot. O sprint final é mesmo “Rock and Roll”, aí sim com as guitarras de Tyson e Adams no talo. É o momento de delírio geral, muito embora, somados, eles não conseguem o efeito de um único Jimmy Page. Bem que o show poderia ter sido maior, hein, Seu Plant?
Set list completo:1- No Quarter
2- Rainbow
3- Black Dog
4- Embrace Another Fall
5- Going to California Turn It Up
6- Little Maggie
7- The Lemon Song
8- Tin Pan Valley
9- What Is And What Should Never Be
10- Fixin’ to Die
11- Hoochie Coochie Man/Whole Lotta Love/Who Do You Love
Bis
12- Rock and Roll
Tags desse texto: Robert Plant
Show de bom nível técnico e pra matar a saudade de alguns dos melhores hits do Led Zeppelin. As aparições de Juldeh Camara foi bem divertida. Valeu Mr.Plant! You are always welcome to Rio.