De arrepiar
Facção ativa do Entombed toca clássicos do death metal sueco para público vibrante no Rio. Fotos: Daniel Croce.
Registre-se que o A.D. ali no nome da banda se dá porque o guitarrista Alex Hellid, dono do nome Entombed, encheu o saco e decidiu não fazer mais nada. Daí não restou alternativa aos quatro integrantes que estavam na formação até 2013 senão seguir com um novo nome: Entombed A.D.. No ano passado, eles lançaram o álbum “Back to the Front”, que cede ao show duas músicas. “Pandemic Age” é a que abre a noite com o som em um volume – thank God – abissal. A música é uma das mais porradas da noite e agita o público mesmo sem ser tão conhecida assim. A outra é “Second to None”, mais cadenciada e com riffs colocados à prova na roda de pogo que se instala no centro do salão.
Mesmo com só um guitarrista, a banda não perde em termos de peso e agressividade. Nico Elgstrand, que sofre com os ajustes no som do Odisséia, parece viver uma fase mais “classic rock”, impingido solos com uma sonoridade diferente da comumente encontrada no death metal, ou mesmo no som do Entombed das antigas. É o que acontece na bela evolução instrumental no arremate de “Left Hand Path”, quando posa de virtouse, ou em “Damn Deal Done”, já no bis, que reaparece com um sotaque stoner de cidadania sueca. A música é encorpada pelo baixista Victor Brandt, que ergue o baixo o tempo todo na beirada do palco, e tenta descolar bases cheias de groove em meio ao esporro. Detalhes sutis que podem marcar a facção “A.D.” do Entombed.Mas a roda de pogo pegou fogo mesmo com clássicos como “Livind Dead”, que proporcionou o primeiro mosh da noite; em “Wolverine Blues”, música que dá título ao disco mais conhecido do Entombed, com direito a grande cantoria por parte da plateia; e “Chaos Breed”, um peça síntese do thrash death metal que resulta em punhos cerrados erguidos, nos trechos mais cadenciados, e num violenta roda nos mais velozes. É um daqueles momentos em que Petrov mostra o tal antebraço arrepiado com a reação de todos, muito embora a simpatia e o carisma do vocalista tenha sido uma constante em todo o show. Pena que, no frigir dos ovos, a trituração sonora tenha durado só uma horinha. Que voltem logo.
A noite não foi boa só por causa do show dos suecos. Na abertura, o Krow, grupo mineiro que faz toda a turnê brasileira junto com o Entombed A.D., tratou de despejar um thrash metal ultra pesado. As maratonas de guitarras e a fúria mostradas em músicas estendidas fez lembrar o Sepultura de início de carreira, só que mais pesado ainda. O show foi tão bom que acabou como num sopro. De guitarras, claro. Antes, para um público bem pequeno, o Lastima não arregou. O grupo, agora com dois vocalistas, faz um grindcore from hell do tipo “Satã está presente” - e em todas as músicas - com letras em português. Meia hora foi o bastante para trio que toca distribuir esporro e para a dupla de frente se esgoelar até limite das cordas vocais, num outro bom show da noite.Set list completo Entombed A.D.:
1- Pandemic Rage
2- I for an Eye
3- Revel in Flesh
4- Second to None
5- Eyemaster
6- Strange Aeons
7- Living Dead
8- Out of Hand
9- Chaos Breed
10- Wolverine Blues
11- Left Hand Path
Bis
12- Chief Rebel Angel
13- Supposed to Rot
14- Damn Deal Done
15- Serpent Speech
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