O Homem Baile

Tri! Campeão!

Sonata Arctica persiste com terceira turnê seguida no Rio e vê público aumentar em sua melhor apresentação na cidade. Fotos: Daniel Croce.

Na terceira vez seguida no Rio, show do Sonata Arctica não dependeu só do humor do vocalista Tony Kakko

Na terceira vez seguida no Rio, show do Sonata Arctica não dependeu só do humor do vocalista Tony Kakko

Tão certo quanto o indesejável bloco de sujo na porta da sua casa em fevereiro é o Sonata Arctica tocando no Rio em março sim, março sim. O grupo vem seguidamente à Cidade nos últimos três anos, e, enfim, começa a colher frutos. Ontem, por exemplo, se apresentou para um bom público – o maior das três vezes – no Circo Voador, um up grade e tanto se lembrarmos das últimas noites no charmoso, porém acanhado Teatro Rival. Os fantasmas do rock, todos encalacrados na lona do Circo, ajudaram o grupo a fazer a melhor apresentação dos três anos, em que pese a estreia de um repertório – até que enfim! – renovado pelo álbum mais recente, lançado no ano passado.

Ocorre que o quinteto finlandês tem lá suas vicissitudes e, depois de praticamente omitir o repertório do tal álbum novo, “Pariah’s Child”, no ano do lançamento (veja como foi), desta feita decidiu dividir o show em espécie de meio a meio entre esse disco e o já clássico “Ecliptica”, que marcou a estreia deles, lá em 1999. Assim, nada menos que 11 das 17 músicas são de discos separados por 15 anos e revelam o contraste entre épocas bem diferentes: uma banda começando nos cafundós da Finlândia e outra se consolidando no por vezes árido mercado de shows de rock carioca. A vantagem, por exemplo, é a entrada de músicas como “Letter to Dana”, uma baladaça grudenta que não havia sido tocada nos anos anteriores e que faz o guitarrista Elias Viljanen, em geral muito técnico e sem feeling, se superar; e a supressão de peças como “Tallulah”, que inadvertidamente povoou os outros shows do Sonata por aqui (em 2013 foi assim). Já foi tarde.

Um dos duelos entre o guitarrista Elias Viljanen e o tecladista Henrik Klingenberg, acompanhado por Kakko

Um dos duelos entre o guitarrista Elias Viljanen e o tecladista Henrik Klingenberg, acompanhado por Kakko

Outra das, digamos, inéditas ao vivo por aqui é “San Sebastian”, pinçada de um EP de 2000 que reverberava o material de “Ecliptca”. Identificada com o metal melódico alemã safra década de 90, a música é uma das preferidas do público e faz lembrar a imagem da estátua do São Sebastião cravado de flechas que o Circo original mantinha sobre o palco, e isso na overdose do aniversário de 450 anos da cidade. A canção também evidencia a perícia e a pressão imposta pelo baterista Tommy Portimo, percebida durante toda a noite. Seria a camisa 10 da seleção o motivo de mais essa superação? Entre as músicas novas, a boa “The Wolves Die Young” segue muito bem na abertura; a sinistra “What Did You Do in the War, Dad?” cria um clima tenso que se contrapõe um pouco à “felicidade melódica”; e a porrada “X Marks the Spot” abusa de vozes pré-gravadas e pouco comove o público.

Este – gente difícil, vai entender - prefere se divertir com o resgate das músicas de “Ecliptica”, e “8th Commandment”, uma das que estrearam no Rio, tem o refrão cantado por todo mundo. Ela se junta à já consagrada “FullMoon”, a do refrão com o verso chiclete “Run away, run away, run away”, e à dobradinha “My Land”/”Replica”, com convite do vocalista Tony Kakko para uma visitinha na Finlândia, já no bis, como as melhores entre as seis selecionadas. Outro momento arrojado do show é na boa “Black Sheep”, quando um inesperado duelo entre Viljanen e o tecladista Henrik Klingenberg, de posse de um keytar (Dominó style), duelam na beirada do palco. Ele praticamente não usou os teclados de mesa dura os noventa e poucos minutos de duração do show. O que vale, no fim das contas, é a persistência da banda que aceita desafios e cativa público ano após ano. De três ou quatro shows em 2002 até as 10 datas pelo Brasil este ano, incluindo o cartão batido no Rio. Parabéns aos envolvidos. Em março de 2016, tamos aí.

Camisa 10: o baterista Tommy Portimo, destaque no show do Sonata Arctica ontem, no Circo Voador

Camisa 10: o baterista Tommy Portimo, destaque no show do Sonata Arctica ontem, no Circo Voador

Set list completo:

1- The Wolves Die Young
2- 8th Commandment
3- Paid in Full
4- What Did You Do in the War, Dad?
5- Losing My Insanity
6- Black Sheep
7- Letter to Dana
8- Blood
9- I Have a Right
10- X Marks the Spot
11- Love
12- San Sebastian
13- UnOpened
14- FullMoon
Bis
15- My Land
16- Replica
17- Don’t Say a Word

Vista geral do palco do show da atual turnê do Sonata Arctica, com a banda em plena agitação no palco

Vista geral do palco do show da atual turnê do Sonata Arctica, com a banda em plena agitação no palco

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Comentários enviados

Existem 3 comentários nesse texto.
  1. Daniel em março 4, 2015 às 20:40
    #1

    Quarteto? Mas são 5 na banda!

  2. Marcos Bragatto em março 4, 2015 às 21:20
    #2

    Corrigido, obrigado!

  3. Rafael Mendes em março 5, 2015 às 10:48
    #3

    Excelente resenha Marcos, mas no segundo show do ano passado eles já tinham colocado San Sebastian no set… e que não saia mais!

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