O Homem Baile

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Alçado à condição de atração principal, Hatebreed confirma fase mais voltada do metal em noite que teve o Napalm Death como banda de abertura. Fotos: Daniel Croce.

Jamey Jasta: agressividade e violência sonora com naturalidade para comandar o Hatebreed

Jamey Jasta: agressividade e violência sonora com naturalidade para comandar o Hatebreed

Independente de preferências pessoais emburrecedoras, uma coisa é certa: Jamey Jasta é um excelente frontman. De postura discreta, mas com um gogó de outro quando o assunto é gritar, e muito e com muita velocidade, ele é o cara. Ontem, no Circo Voador, Jasta comandou uma plateia ensandecida com uma incrível naturalidade, sem precisar se valer de apelativas solicitações do tipo “pulem!” ou “abram a roda!”. Ok, que com o repertório consolidado do Hatebreed nos últimos 20 anos a coisa fica mais fácil, mas não é o próprio vocalista um dos responsáveis por isso? Pois bastaram 70 minutinhos para o quinteto desfilar porradas, umas atrás das outras, que de imediato decretam a correia sob a lona do Circo Voador.

De cara o show começa com “Straight to Your Face”, direto na sua cara, em bom português, num cartão de visitas segundo o qual o bicho vai pegar de verdade. O grupo é descendente direto do crossover nova-iorquino hardcore metal, mas, ultimamente, vive uma fase focada no thrash de raiz ultrarrápido de Slayer em sua fase mais radical e adjacências. Não por acaso a banda manda a cover para “Ghosts Of War”, dedicada ao guitarrista Jeff Hanneman, morto no ano passado, junto com um desejo de descanse em paz por parte de Jamey Jasta, que ergue os braços aos céus (inferno?). É nessa música que o guitarrista Wayne Lozinak reforça a tese metálica solando feito adolescente que acabou de comprar a primeira guitarra.

O guitarrista Wayne Lozinak e a camiseta do Cro-Mags usada para anunciar um dos covers da noite

O guitarrista Wayne Lozinak e a camiseta do Cro-Mags usada para anunciar um dos covers da noite

Não é por acaso que Lozinak aparece trajando uma surrada camiseta do obscuro Cro-Mags, ícone do hardcore underground, do qual o grupo tocar outro cover, para “It’s The Limit”, numa versão bem mais acelerada que a original. As duas fazem parte do álbum tributo “Lions” (2009), e quem esperava que eles fossem tocar “Refuse/Resist”, do Sepultura, como no ano passado, no Monsters Of Rock (com Andreas Kisser, relembre), se surpreendeu. Mas o Hatebreed não é banda cover e o público tem o massacre sonoro que deseja com “As Diehard As They Come”, logo na parte inicial, com todo mundo cantando junto; “Honor Never Dies”, que, aí, sim, tem forte incentivo de JJ pelo acompanhamento do público; e ainda a discreta “Indivisible”, que cresce um bocado ao vivo.

Em “Doomsayer”, do bom álbum “Rise Of The Brutality”, Jasta força a memória e lembra que foi na turnê desse disco que o Hatebreed esteve no Rio pela última vez, há nove anos (isso tudo?), nesse mesmo Circo Voador, junto com o Agnostic Front. Político, ele, que é apresentador da MTV americana (ainda é?), agradece aos parceiros de palco do Napalm Death, subjugados como banda de abertura (veja como foi). No final, “I Will Be Heard” cumpre a profecia e o quinteto recebe uma generosa cantoria à capela, antes de a banda tirar uma foto com a lona cheinha, cheinha. Na abertura, antes do Napalm Death, o Fórceps representou bem a cena carioca com um bom vocalista cheio de variações guturais. O grupo sofreu com o pouco público que ainda chegava e com o som mal ajambrado, mas deu para mostrar boas mudanças de andamento e arranjos inventivos que podem melhorar se forem mais desenvolvidos.

Vista do palco, com Jamey Jasta no centro, o baixista Chris Beattie, à esquerda e o batera Matt Byrne

Vista do palco, com Jamey Jasta no centro, o baixista Chris Beattie, à esquerda e o batera Matt Byrne

Clique aqui para ver como foi o show do Napalm Death

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