No Mundo do Rock

Edu K projeta ano de 2015 ‘tocando o horror’ com o De Falla

É dele a produção do álbum “Costa do Marfim”, que marca uma guinada eletrônica na carreira do Cachorro Grande. Foto: Luciano Oliveira.

defalla13-1Coube a Edu K capitanear uma guinada brusca na carreira do Cachorro Grande, ao produzir o novo álbum, “Costa Do Marfim”, com uma roupagem totalmente eletrônica (saiba mais). Revelado no inquieto De Falla, na década de 1980, Edu já fez de tudo um pouco: cantou funk e imitou Axl Rose, se vestiu de Marilyn Manson e virou rapper, foi cantor romântico e por aí vai. Como produtor, já trabalhou com nomes como díspares como Pavilhão 9, Detonautas e Tubarões Voadores, e no ano que vem vai fazer o disco solo de Keila Gentil, da Gang Do Eletro.

Procuramos o sujeito para falar justamente sobre o disco do Cachorro Grande, mas o assunto descambou para o De Falla, que em 2015 lança um álbum de inéditas, intitulado “Monstro”, e o documentário sobre a volta da banda aos palcos, “Sobre Amanhã”, produzido pela Zeppellin Filmes. O disco marca a volta de Carlo Pianta, da formação clássica da banda, e tem participações que vão de Humberto Gessinger, dos Engenheiros do Hawaii até Pitty e BNegão. Clique aqui para ler uma entrevista exclusiva com o Cachorro Grande, e veja abaixo o bate papo rápido que tivemos com Edu K:

Rock em Geral: Como rolou de te chamarem para produzir o disco novo do Cachorro Grande?

Edu K: Sempre rolou, entre eu e os Cachorros, um papo de fazer um disco “Chemical Brothers”, uma psicodelia 66, porém pós rave. Mas, como somos todos mega enrolados e malucões, esse projeto sempre ficou lá no fundo da gaveta do ácido do Jim Morrison (risos) até agora! E veio em boa hora!

REG: Eles já vieram com a proposta de mudar completamente o som deles quando te chamaram ou você é que apontou esse caminho?

Edu K: Cara, a proposta veio deles e o movimento inicial pra fora da casinha também. Eles me apresentaram as demos do disco, já com a direção básica: uma viagem de Porto Alegre a Berlim do Bowie com uma passagem pela Manchester City dos Stone Roses. Mas, claro, passando pelo meu crivo rolou uma despirocação de proporções bíblicas, e eles vieram no banco da frente do Scania nessa viagem toda! Fomos criando conforme fomos gravando, teve muita coisa feita na hora.

REG: Em que artistas você buscou referência para dar essa nova sonoridade, mais eletrônica, ao rock do Cachorro Grande?

Edu K: Na verdade, em ninguém - não durante o processo em si, ao menos. Obviamente existem essas referências, que inclusive já citei, no fundo da mente. Mas isso é uma coisa orgânica já pra qualquer banda de rock. O trabalho teve um flow totalmente livre, com as portas eternamente escancaradas pra toda e qualquer bizarrice, pensamento oblíquo, experimentos, investigações da psique humana (risos) por aí vai! Sou muito amigo dos guris, fora o fato de ser “guasca faca na bota” como eles, a sinergia foi completa e irrestrita! Mas, claro, eu trouxe toda uma nova paleta sonora pra banda, com muita coisa eletrônica, loopings, sequenciadores e um uso maior de synths em detrimento dos usuais pianos e órgãos dos discos anteriores. Mesmo isso era uma expectativa que o próprio (Pedro) Pelotas (tecladista) já tinha para o disco: eu apenas peguei nas mãozinhas sujas deles e os guiei pelo Vale da Morte, depois de jogar fora meu relógio na garupa da moto do Peter Fonda! (risos)

REG: No fim das contas, qual é a tua avaliação desse processo e qual deve ser o passo seguinte para o grupo?

Edu K: A Cachorro já era uma das maiores bandas de rock do Brasil, depois desse salto no espaço sideral os caras, além disso, se tornaram uma das mais corajosas bandas do momento e deram uma guinada incrível na carreira. Acho de uma bravura invejável uma banda no patamar e no estágio deles dar uma aloprada dessas, com todo o culhão e inspiração do mundo! Tenho certeza de que essa nova direção da banda veio para ficar, crescer e se transformar infinitamente daqui pra frente.

REG: Quais s chances de termos um disco com músicas inéditas do De Falla, ou mesmo um DVD gravado ao vivo?

Edu K: Estou mixando nosso novo disco, que se chama “Monstro” e sai no ano que vem. O disco tá muito foda, uma espécie de elo perdido entre os dois primeiros (“Papaparty”, de 1987, e “It’s Fuckin’ Borin to Death”, de 1988) e o “Kingzobullshit” (1992), e marca a volta do Carlo Pianta, baixista da formação clássica. No ano que vem também sai um documentário sobre a volta da banda aos palcos, “Sobre Amanhã”, produzido pela Zeppellin Filmes. Portanto, dá pra espera um 2015 lotado de De Falla, de volta à militância: tocando o horror e azucrinando os modos e bons costumes da zumbificada família brasileira!

REG: Qual é a formação do De Falla que gravou esse disco?

Edu K: Somos eu, o Pianta, Castor Daudt (guitarra), Flavio Santos (o Flu, baixo) e Biba Meira (bateria). E tem as participações especiais: Humberto Gessinger (Engenheiros do Hawaii), Beto Bruno (Cachorro Grande), Pitty, Lucio Vassarath e BNegão.

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