Guitarras pra que te quero
No Overload Music Fest, God Is An Astronaut despeja toneladas de distorções sobre o público e Alcest pouco surpreende com black metal de baixo impacto. Fotos: Daniel Croce.

God Is An Astronaut: performance peculiar com muitas guitarras, muito volume, muita agitação no palco
Ocorre que, ante aos pares do post rock, o God Is An Astronaut seguramente tem seus diferenciais e veio ao Rio para reforçá-los, com tudo que um show de rock pode melhorar um tipo de som. Quem faz a diferença na banda é o guitarrista Torsten Kinsella, aquele no centro do palco. É ele o responsável por tirar um som de guitarra absolutamente novo – e já faz tempo – realçado ainda mais ao vivo. Tanto em dedilhados inspiradíssimos, como em conduções de extremo bom gosto, ou até em solos eventuais, Kinsella se salienta como um músico peculiar, cujo precedente, caso exista, está na banda de surf music americana The Mermen, comandada pelo também fora de série Jim Thomas. Ao lado dele, Jamie Dean se divide entre uma guitarra que contribui mais para a potência sonora (e que potência!) do show do que para a música em si, e sintetizadores que dão intensidade do esporro que brota no palco, embora por vezes soe exagerado.

O guitarrista Torsten Kinsella, peça chave para se entender o GIAA, e o irmão e baixista Niels Kinsella
O repertório do show é do tipo para dar uma geral na carreira, com ênfase no disco mais recente, “Origins”, lançado no ano passado, e em “All Is Violent, All Is Bright”, de 2005. A novidade é o single “Dark Passanger”, que deve entrar no próximo álbum. O grupo promete voltar para lançá-lo no Brasil. “Tudo o que falavam para nós sobre o público brasileiro ser quente participativo foi o realmente encontramos”, se desmancha Jamie Dean. A música, que vem sendo tocada em toda a turnê, tem um mini duelo de guitarras na meiúca, antes de descambar para um peso abissal que leva a plateia ao êxtase, mas que – azar – acaba logo. Quem sabe eles não desenvolvam mais antes da gravação final para o disco? Ah, nem precisa.

O animado guitarrista Jamie Dean, que se divide com os sintetizadores e vai tocar no meio da plateia
Na abertura, o Alcest surpreendeu ao mostrar uma performance bem mais pesada e consistente do que se vê nos discos da banda. Convertido em quarteto no palco, o grupo, liderado pelo idiossincrático Neige, atua em limiares nada palatáveis do black metal e do shoegaze, tanto que foi até a Islândia trabalhar os caras do também esquisitão Sigur Rós. Assim, basicamente o show se alterna em passagens etéreas e outras mais pesadas, com riffs e bater de cabeça sugestionado pelo volume das guitarras, daí a identificação com o post rock. Os vocais são tímidos e pouco contribuem, exceto quando são rasgados e identificados com o metal extremo, em que pese as músicas serem conhecidas e cor e salteado pela plateia.

Alcest: na beira do palco, o idiossincrático Neige recebe a boa participação dos fãs; mas até quando?
Set list completo God Is An Astronaut
1- When Everything Dies
2- Transmissions
3- All Is Violent, All Is Bright
4- Reverse World
5- Echoes
6- Spiral Code
7- Remembrance Day
8- The End of the Beginning
9- Fragile
10- Calistoga
11- Forever Lost
12- Worlds In Collision
13- The Last March
14- From Dust to the Beyond
15- Dark Passenger
16- Fire Flies and Empty Skies
Bis
17- Red Moon Lagoon
18- Suicide by Star
19- Route 666
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