O Homem Baile

Com gana

No encerramento da primeira noite do Porão do Rock, Pitty se supera com apresentação mais concisa, porém não menos representativa do novo trabalho. Foto: Divulgação Porão do Rock.

pittyporao14Já era alta madrugada de domingo quando uma boa quantidade de público gritava pela entrada da última atração na primeira noite do Porão do Rock 2014. Muitos chegaram ainda com o sol a pino (e que sol!) e ficaram ali pelas redondezas enquanto outras 17 atrações se apresentavam no sortido festival. O vídeo com o rosto computadorizado no telão aparece explicando tudo de sete mil jeitos e confirma que o show da Pitty está prestes a começar. Não há muito que conversar diante de cerca de 20 mil pessoas apinhadas na frente de um palcão daqueles e o couro come logo de cara com “Setevidas” – a música – cantada no talo; se o palco é bom, o som é ótimo, embora sempre carente de ajustes no início de cada show.

As três primeiras pauladas são de derrubar qualquer saudoso fã que passou os últimos anos vendo gravações antigas. Além de “Setevidas”, a irmã mais velha “Anacrônico” e “Admirável Chip Novo”. É festival? É público grande e mar de gente? Então toma! Não é a primeira vez de Pitty vem ao cerrado – só Porão já são quatro -, mas a impressão que se tem é de que a garganta da moça está sentindo a secura dessas bandas. Assim, no início a voz dela soa rouca e parece que não vai se manter em bom estado até o fim do set. Em “Teto de Vidro”, uma das músicas das antigas remodeladas e na qual Pitty toca guitarra, o esforço vocal é latente. Na raça – “don’t give up the fight” -, ela retoma o vocal normal de outras apresentações durante a noite, dando a entender que era só questão de adaptação.

O repertório é mais ou menos o que tem sido consolidado nos shows (veja como foi no Rio), só que com três músicas a menos, todas do disco novo: “A Massa”, “Pouco” e “Um Leão”. Mesmo com essa redução, ainda assim são seis a novas apresentadas ao público, de modo que o artifício em nada altera o conceito do show com um todo, com seus prós e contras. Da duração, a própria Pitty diz que não acredita que a noite está acabando quando percebe que faltam só duas para o encerramento. É apenas o terceiro show dessa turnê em um festival de grande moldura e Pitty parece mais agitada que o normal, talvez pela questão da voz ou por condições técnicas que em eventos desse grande porte nem sempre são as melhores. O set list é basicamente o mesmo dos outros festivais; veja no final do texto.

Com a plateia maior e seguramente mais diversificada, há pontos de destaque diferentes. A cantoria, que aparece em várias músicas, aqui realça mais na dobradinha “fofa” “Equalize”/“Na Sua Estante” que em músicas mais porradas que se associam com as do novo trabalho. Já a o encerramento, diferentemente de lugares menores, quando “Serpente” desencadeia uma vibe interativa público e banda, no Porão soa como se algo estivesse faltando, talvez um blockbuster do naipe de “Máscara” (tocada antes, contudo) para marcar a despedida à ferro e à fogo. Outros bons momentos do show são os braços erguidos com a cantarolagem no final de “Pulsos”, sempre em tom dramático; o peso absurdo de “Olho Calmo”, com Pitty de novo na guitarra e chamando a atenção para como essa música representa o momento da banda; e a torta, mas certeira “Boca Aberta”. Sim, valeu apena esperar a madrugada chegar.

Set list completo

1- Setevidas
2- Anacrônico
3- Admirável Chip Novo
4- Semana Que Vem
5- Deixa Ela Entrar
6- Teto De Vidro
7- Memórias
8- Boca Aberta
9- Olho Calmo
10- Me Adora
11- Pulsos
12- Pequena Morte
13- Equalize
14- Na Sua Estante
15- Máscara
16- Serpente

Veja também: como foram os shows de sábado do Porão do Rock 2014

Marcos Bragatto viajou à Brasília à convite do festival.

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Comentários enviados

Apenas 1 comentários nesse texto.
  1. Joaquim em setembro 1, 2014 às 11:05
    #1

    Adoro como vocês falam do trabalho de Pitty. Sempre com muito cuidado, respeito, e sobretudo, tentando ser o mais verdadeiro possível. :)

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