Bola é Bola Mesmo

Fim de feira

Brasil se despede da Copa em que foi anfitrião com nova derrota, mas o quarto lugar não é de todo ruim. Foto: Divulgação FIFA.

brasilholandaNão era para ser assim. Luiz Felipe Scolari, em vez de conceder uma entrevista coletiva após o jogo, deveria ter pedido demissão. Não pela partida de ontem, que arrematou uma das piores participações do Brasil em 20 Copas do Mundo. Mas por conta do inexplicável sete a um, que, a bem da verdade, não precisa de explicação. Aconteceu, deve o técnico pedir o boné.

Felipão, inclusive, já é o novo vilão número um do País, ocupando o lugar dado pela mídia ao goleiro Barbosa, considerado o responsável pela falha no gol que deu o título ao Uruguai em 1950. Nos livramos de um erro do passado e já assumimos outro. Sim, às vezes não aprendemos nunca. Assim é o brasileiro.

O jogo de ontem acabou ficando com um placar maior que o jogo demonstrou, em que pese a falha grave da arbitragem, que já começou dando um pênalti para a Holanda, em uma falta cometida largamente fora da área. E o time do Brasil, de novo, desabou. Aliás, vem derrubado desde o fatídico sete a um, quando estourou toda a panela de pressão em torno desses jovens jogadores (leia mais).

Só isso explica as duas irreconhecíveis atuações de David Luiz, que ontem chegou a dar um passe para Blind ajeitar, olhar e marcar, livre, dentro da pequena área. Ou mesmo do super regular Luiz Gustavo, um dos melhores da seleção nessa fase, que parecia completamente perdido, a ponto de ser trocado por Fernandinho, que por sua vez, já falhara muito contra a Alemanha.

Ontem, Felipão fechou o meio para ter como enfrentar a Holanda, como queria boa parte dos analistas. Mesmo assim, veio o três a zero, num placar construído mais ou menos como foi o da final da Copa de 1998, contra a França. Os dois três a zero não demonstram a diferença real entre vencedores e perdedores, mas são, afora o fatídico sete a um, os dois maiores placares sofridos pela seleção brasileira em Copas. É a cobra mordendo o próprio rabo.

O prêmio de consolação do Brasil nessa Copa é um honroso quarto lugar e, como já disse, a boa realização da Copa do Mundo no Brasil, cujas previsões eram terríveis. Aliás, curiosamente, tem sido ao contrário. O Brasil, dentro de campo, de favorito a fiasco. E o Brasil, fora de campo, da expectativa da bagunça ao sucesso da realização dos jogos.

Jogos que têm o desfecho hoje, com o imprevisível clássico Alemanha versus Argentina. A mim, não me surpreende. Acertei três dos quatro semifinalistas, em texto publicado na semana do início da Copa (veja aqui). Como jamais um europeu venceu uma Copa na América, cravo que dá Argentina como campeã, repetindo o Uruguai na copa de 1950.

Não só por isso, mas também porque, como já disse, não considero que os alemães estejam jogando o fino da bola. São herdeiros do enfadonho futebol de toque de bola exagerado da Espanha, só que, honra seja feita, com muito mais objetividade. Não tem a Alemanha, apesar da boa geração de jogadores, todos muito técnicos, um craque. E essa geração, até agora, nada ganhou e carrega, sim, a pecha de time de derrotados, que amarelam na hora H. Hoje, no Maracanã lotado, eles podem mudar isso.

Craque, a Argentina tem. Messi é há anos apontado como o melhor do mundo e nessa Copa já marcou quatro gols – nas outras duas fez um – e decidiu para a Argentina também com grandes jogadas, embora esporádicas. Tem uma boa defesa a Argentina, antes criticada, mas que cresceu junto com o time na Copa e é uma das menos vazadas. E outros jogadores, como Macherano, líder do time, Demichelis, que virou titular, e Di María, que pode voltar hoje, têm jogado muito. Pra cima deles Argentina!

Até a próxima que hoje acaba a Copa do Mundo no Brasil!

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