Bola é Bola Mesmo

Tem que ganhar

Não se pode desprezar a disputa pelo terceiro lugar em uma Copa; pior é não chegar nem nesse jogo. Foto: Reprodução internet.

revelino78Não vale nada uma ova. Se a disputa pelo terceiro lugar na Copa do Mundo no Brasil não é a partida que Brasil e Holanda queriam disputar, que jogassem melhor para evitá-la. Agora, que tratem de disputar essa terceira colocação como se fosse o último prato de comida no planeta. E, de fato, é. Mesmo que uma quarta colocação não seja fazer feio, se há como ficar melhor, vamos lá.

Não sou do tipo que acha que essa decisão deveria deixar de existir. Trata-se, afinal, de um alento para quem – como eu – percebe que a Copa passou rápido demais e já está acabando. Depois de domingo, só daqui a quatro anos. Então, ter um jogo a mais além da grande final para assistir, mesmo sabendo que o Brasilzão foi duramente eliminado, chega a ser uma bênção.

Se a Holanda tem como objetivo e motivação a mais sair invicta de uma copa – coisa que nunca aconteceu -, a seleção brasileira tem a oportunidade de fazer um bom jogo, ganhando ou perdendo, para honrar a tal amarelinha. Não que não tenham se esforçado os jogadores contra a Alemanha, mas deixar o amargo sete a um como última lembrança da Copa seria muito cruel.

Felipão sabe disso e vai montar um sistema de jogo mais equilibrado. Ele tem todos os motivos do mundo para querer a vitória, além se ser a obrigação de um técnico e de uma equipe sempre entrar em campo para vencer. O plus é que, do outro lado do meio campo, está Louis van Gaal, de certo modo um Felipão dos países baixos, de flagrante rivalidade. Ou seja, o bicho vai pegar. Assim é o futebol.

A expectativa maior, contudo, é o que vai acontecer após a partida, independentemente do resultado. Para mim, Felipão vai entregar oficialmente o cargo, coisa que ele ainda não fez por causa justamente do jogo de hoje. Podemos apontar mil defeitos no técnico da seleção brasileira, mas burro ele não é. Encerrado o projeto que fracassou é hora de partir para outra.

O curioso é que, no futebol brasileiro, sempre se reclama, na mídia, quando de manda o treinador de uma equipe embora após uma derrota, e agora todos querem a saída de Felipão. Eu também quero, porque o sete a um deixa sua manutenção no cargo insustentável. Curioso também que toda a crônica esportiva detone Felipão por colocar o time pra frente contra a Alemanha, com Bernard, e não para trás, com mais um ou dois volantes. Uma verdadeira inversão de papéis, o avesso do avesso. Assim é o futebol.

Disse que sou a favor da disputa de terceiro lugar, mas nem sempre fui assim. Em 1974, meu pai cortava um dobrado para me fazer entender por que o Brasil de Pelé, já sem Pelé, não ia bem na Copa. Amargamos a disputa contra a Polônia naquele ano sem entender o que era a desconhecida Holanda e seu goleiro com o número 8 às costas. Pior, perdeu o Brasil com gol do artilheiro Lato e com Leão e Marinho Bruxa quase saindo no tapa.

Em 1978, a chateação foi quase a mesma, mas tínhamos a convicção de que o Brasil foi roubado com a manipulação dos horários dos jogos e que o Peru abrira as pernas, o que se confirma ano após ano. Mas venceu o Brasil a Itália, em um jogo marcado pela despedida do craque Rivelino, ídolo maior depois de Pelé, e de um golaço de Nelinho, cujo chute fez a bola descrever uma trajetória com uma impressionante curva de 90º antes de chegar às redes do mesmo Dino Zoff que frustraria nossa classificação às semifinais em 1982.

Não chegar nem à disputa de terceiro lugar, naquele ano em que o Brasil encantou, mas não levou, foi bem dolorido. O que aconteceria em outras duas Copas, antes do título redentor de 1994. Ou seja, temos que dar valor pelo Brasil estar nessa disputa de terceiro lugar. Sim, poderia ser melhor. Mas, também, já foi pior e não foi bom. Pra cima deles, Brasil!

Até a próxima que o Rio de janeiro é que é a capital da Argentina!

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