Bola é Bola Mesmo

Emoção até o fim

Oitavas de final da Copa do Mundo no Brasil praticamente institucionaliza o sufoco, mas favoritos avançam. Fotos: Divulgação FIFA.

dzemailiargentinaPor causa de uma lambança do zagueiro Lúcio, a Inglaterra abriu placar e vence o Brasil por um a zero, com gol de Michael Owen. Para os brasileiros, o jogo acontece na madrugada de um dia útil, a poucos minutos de o sol raiar e se a seleção não empatar ainda no primeiro tempo, pode ficar difícil a necessária virada para se classificar às semifinais.

Faltando um ou dois minutos para o apito fatal, súbito, Ronaldinho recebe uma bola ainda antes da linha do meio campo, apronta uma correria para cima do lateral Ashley Cole, cuja coluna sofre desvio até os dias de hoje, e toca para Rivaldo, deslocado pela direita, já dentro da área, marcar com um toque preciso, no cantinho do goleiro inglês. Um dos gols mais bonitos em todos os tempos, anotado nas quartas de final da Copa de 2002.

Ontem, em São Paulo, jogada semelhante aconteceu com Messi fazendo as vezes de Ronaldinho, e Di María as de Rivaldo. Só que o jogo estava empatado em zero a zero, e faltavam apenas dois minutos – eu disse dois! – para acabar o segundo tempo – eu disse segundo tempo! – da prorrogação – eu disse prorrogação! – das oitavas de finais dessa incrível Copa do Mundo no Brasil.

Tão incrível que este jogo, que depois dessa jogada parecia decidido, ainda viu o goleiro Benaglio dando bicicleta na área argentina e um inacreditável lance de bate-rebate incluindo a trave, a canela do suíço Dzemaili e a linha de fundo. E isso em duas cobranças de escanteios seguidas. É ou não é um barato essa destemida Copa do Mundo no Brasil?

Joga pouco a Argentina, mas jogou melhor a Argentina que a Suíça. Os centro-europeus, contudo, tiveram chances claras de marcar em mais de uma oportunidade, de modo que a eliminação dos bicampeões mundiais, caso viesse, não seria surpresa alguma nem motivo de lamentação (eu avisei). No fim das contas, decidiu o craque, e, se Messi é o melhor da Argentina, e se essa é de fado a Copa de Messi (veja mais), Di María está jogando pra burro.

Com a Bélgica não era para ter sufoco. Ok que a partida com os Estados Unidos tenha ido para a prorrogação, nada menos que o quinto tempo extra em oito jogos! Mas aí o técnico Wilmots coloca Lukaku em campo e logo no início da prorrogação e ele faz a jogada para De Bruyne marcar. Em seguida, o próprio Lukaku parece definir a parada com outro gol, o primeiro dele na Copa. Dois a zero.

lukakueua

Eu disse parece, porque se Wilmots tem Lukaku, Jürgen Klinsmann tem Green, que entra no início do segundo tempo, recebe excelente passe de Bradley, erra o chute e, por isso mesmo, vence a muralha Courtois. Pronto, jogo indefinido de novo com o bravo Estados Unidos e seus jogadores extenuados se acabando em campo. Por ter um jogo muito físico, foram os americanos a se acabar no gramado em busca de um empate que os levasse às cobranças de pênalti.

Elas não vieram e deu Bélgica com a justiça por vezes difícil de auferir no futebol. Mas imagine que, só para ser ter uma ideia, o goleiro americano Tim Howard agarrou ou espalmou nada que 16 disparos belgas, que tiveram, ao todo, 38 finalizações contra 14 (que já é grande quantia) dos americanos. Pela primeira vez nessa Copa, jogou bem a Bélgica, sem a preguiça da fase de grupos e sobrando em campo, com talvez a melhor das quatro – eu disse quatro – escalações usadas até então.

Mesmo assim, poderiam os belgas terem perdido o jogo. Os americanos jamais esquecerão o gol perdido por Wondolowsky no último minuto do tempo normal, quando isolou uma bola que era só empurrar para as redes. Time encardido esse americano, que luta, que briga com todas as forças até o fim. A Bélgica foi muito melhor, mas, mesmo assim, se perdesse, estaria o jogo bem decido. Assim é o futebol. E assim é a Copa do Mundo no Brasil.

Repare que, das oito seleções classificadas para as quartas de final, todas ficaram em primeiro lugar em seus respectivos grupos na fase anterior. Cinco (Brasil, Costa Rica, Alemanha, Argentina e Bélgica) tiveram que passar por um grande sufoco em prorrogações imprevisíveis e duas (Brasil e Costa Rica) encararam a agonia das cobranças de pênaltis.

Das três que decidiram no tempo normal, passou sufoco a Holanda, que perdia até os 42 do segundo tempo, quando conseguiu extraordinária virada, e demorou a definir o jogo a França, aos 34 da etapa final. Só a Colômbia não teve vida tão difícil nas oitavas de final. Justamente o adversário do Brasil nas quartas, na próxima sexta, lá no Castelão. Te cuida, Felipão.

Até a próxima que a melhor cobrança de falta ensaiada é a dos alemães!

Resultados de 1/7/2014
Argentina 0 x 0 Suíça (1 x 0 na prorrogação)
Bélgica 0 x 0 Estados Unidos (2 x 1 na prorrogação)

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