Bola é Bola Mesmo

Surpresas e decepções

Improvável Grécia surpreende e Uruguai canibal envergonha a alegre Copa do Mundo no Brasil. Foto: Divulgação FIFA.

godinitaliaEu não disse que ia ter drama? Pois então. O jogo já acaba e o grego Samaras consola o marfinense Boubacar, completamente destroçado ao chão. Minutos antes, a TV mostrava o goleiro batendo no peito e dizendo que iria pegar o tiro do atacante. Em vão. O pênalti é batido, a nova saída é dada, o jogo acaba, a Grécia vence por dois a um e se classifica para as oitavas de final.

Até os 47 minutos do segundo tempo, no entanto, o cenário era outro. Um honroso empate dava à Costa do Marfim o direito de passear nas oitavas para fazer o duelo “coast to coast” com a zebraça Costa Rica. Quando, do nada, uma bola é despachada por Cholevas da esquerda para o centro da área e o próprio Samaras é calçado por Sio. O juiz aponta a cal e começa o drama africano.

É muito maior a simpatia de todos para com a Costa do Marfim do que para com a Grécia. Enquanto a primeira em tese joga um futebol alegre e por vezes até inconsequente, a segunda é uma das seleções mais chatas de todas as épocas. Mas assim, desse jeito, os gregos já foram campeões da Europa em 2004 e, diferentemente de Itália, Inglaterra e a badalada Croácia, está classificada.

Aos africanos cabe o desafio de deixar de só jogar bola para começar a jogar futebol. Há anos eles importam técnicos alemães, franceses, portugueses e nada dá certo. No jogo de bola, os brasileiros se parecem com os africanos; em parte viemos de lá. Já passou da hora de treinadores brasileiros buscarem esse mercado para compreender o que se passa. A próxima a decepcionar é a seleção de Gana, podem apostar. E já temos garantido, nas quartas de final, a zebraça Costa Rica ou Grécia. É mole?

O jogo entre Itália e Uruguai já se anunciava como uma batalha de gigantes. Seis títulos mundiais em jogo e duas seleções historicamente encardidas. O que não se podia prever – podia, sim, mas é uma coisa tão inacreditável – é que cenas de canibalismo explícito fossem registradas pelas câmeras de TV. Pois Luizito Suárez voltou a agir como um animal e mordeu o zagueiro Chielline para o mundo inteiro ver. Menos o árbitro mexicano Marco Rodriguez, cuja alcunha é Drácula.

A cena, bizarra, foi protagonizada pela terceira vez por Suárez, o que revela um possível diagnóstico de doença mental que precisa ser tratada. Mas a bela Copa do Mundo no Brasil não é consultório médico e a FIFA deve punir severamente este jogador, um canalha reincidente que não pode voltar a atuar nesse torneio. Sim, de herói passa a vilão imediato e isso não pode só ficar como mote de piadas. É coisa séria.

Com a bola rolando, pagou a Itália pela falta de ofensividade, de modo que ressuscitado Uruguai teve ao menos duas chances claras de gol defendidas pelo extraordinário Buffon, antes de o zagueiro Godin decidir cabeceando de costas, com as costas. Nada mais Uruguai que isso. O jogo começou a ser definido após a expulsão de Marchisio no início do segundo tempo, que pode até ser discutida, mas deu mole o jogador italiano.

No fim a impressão que fica é que Cesare Prandelli tentou tirar a Itália da defesa de sempre e até conseguiu. Mas, quando precisou ele da retranca, falhou. Pelo Uruguai, cai a simpatia pela mística de uma equipe peculiar que deve pagar caro por ter um doente mental defendendo as cores de um País.

Classificada, a Colômbia entrou em campo recheada de reservas para garantir um pontinho a mais. Quando achou que estava difícil, recolocou no time James Rodriguez e mais um. Digo mais um porque James entrou e acabou de enterrar a fraca equipe japonesa, fraca até se compararmos outras participações do Japão em Copas.

Como vimos, o craque decide e James deitou e rolou. Deu passe para dois gols – o primeiro num toquezinho matreiro – e fez ele próprio o terceiro. O camisa 10 colombiano vem se destacando como um dos principais nomes dessa Copa, e a Colômbia já tem a segunda melhor campanha da fase inicial, atrás apenas da Holanda. O problema está justamente no banco, caso o técnico José Péckerman tenha de novo o ataque de retranqueiro que tirou a Argentina da Copa em 2006 (saiba mais). A conferir.

Agora, com uma mini Copa América nas oitavas, já sabemos que Brasil ou Chile ou Uruguai ou Colômbia estão garantidos em uma das semifinais. Façam suas apostas. Ah, e parabéns aos ingleses, que além de ter jogado muito contra Itália e Uruguai, foi a única equipe a tirar um ponto da zebraça Costa Rica. Pena que, a essa altura, já estejam desembarcando no Heathrow.

Até a próxima que Mondragón é highlander!

Resultados de 24/6/2014
Itália 0 x 1 Uruguai
Costa Rica 0 x 0 Inglaterra
Japão 1 x 4 Colômbia
Grécia 2 x 1 Costa do Marfim

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