Bola é Bola Mesmo

Sem descanso

Até jogos pouco chamativos têm dado retorno de emoção nessa incrível Copa do Mundo brasileira. Foto: Divulgação FIFA.

suicaequadorParecia a Premier League. Já nos acréscimos do segundo tempo, Valencia, que é jogador do Manchester United, promove uma avassaladora arrancada rumo ao campo adversário como se o jogo estivesse apenas começando. Cruza para a área e deixa Arroyo com a bola dominada na marca do pênalti: é só colocar nas redes e partir para o abraço.

E o que faz Arroyo? Se enrola todo e vê o zagueirão lhe roubar a bola para iniciar espécie de contra contra-ataque ainda mais intenso. No caminho, o mesmo defensor sofre uma falta grosseira, mas segue cambaleante até deixar a bola para Seferovic, que havia entrado na segunda etapa.

O atacante da Real Sociedad vira o jogo para o lado esquerdo e sai em disparada para o meio da área, onde recebe e conclui implacavelmente para as redes, aos 48 do segundo tempo, decretando a vitória de dois a um da Suíça sobre o Equador. Assim é o futebol. Um teve o triunfo nas mãos, mas foi o outro o vencedor.

E assim é essa Copa do Mundo na qual um chocho confronto entre equipes de inclassificável escalão pode trazer lances emocionantes e significativos. É a Copa dos ataques, com arredondados 3,5 gols por jogo na qual até a Suíça, tradicionalmente conhecida por montar retrancas indevassáveis, arranca uma vitória num espetacular contra-ataque um centésimo de segundo antes de o jogo acabar. Parecia a Premier League, mas é a Copa do Mundo do Brasil.

Messi desencantou num gol a ser muitíssimo comemorado. Como se sabe, o Preá é jogador de clube e não vai bem pela Seleção Argentina. Daí a efusiva comemoração em uma Maracanã lindão, repleto de torcedores argentinos e – sim – brasileiros. Não jogou bem o time de Messi que, até agora, só é bom no papel. Não tem, o time de Messi, um armador como Conca ou D’Alessandro, nem um definidor como Tevez. Preocupa o time de Messi, ante a uma esforçada Bósnia que, se estreou com derrota, ao menos fez seu primeiro tento em Copas.

Contudo, se temos paciência com o Brasil numa estreia com a Croácia, por que não tê-la com a Argentina diante da semelhante Bósnia? Sendo que o grupo dos argentinos é ainda mais fraco, de modo que as coisas podem ir se encaixando nos jogos contra Irã e Nigéria. Em termos de torcida – podem anotar - eles já largaram na frente (colombianos em segundo), mesmo porque o Brasil, com aquele circo montado em São Paulo, ainda não estreou nesse quesito.

Contra o mau humor difundido nas redes e o pessimismo do brasileiro, que adora Copas, mas optou por detestar justamente a do Brasil, tudo vai bem, obrigado. A única falha grave aconteceu no Beira-Rio, nesse domingo, quando os hinos de França – logo esse! - e de Honduras não firam tocados, sabe-se lá por quê. Que feio, Dona FIFA! Confusão semelhante só aconteceu em 1986, no México, quando, no lugar do Hino Nacional Brasileiro, tocaram o Hino da Bandeira. Menos ruim.

O jogo marcou a estreia oficial em Copas do recurso eletrônico para definir se a bola entrou ou não. Enquanto ninguém sabia o que fazer, o árbitro brasileiro Sandro Meira Ricci (que em 2010 tentou dar o título do Brasilerão ao Corinthians) sentiu o aparelhinho vibrar no punho e apontou para o meio do campo, assinalando o gol contra – outro – do goleiro de Honduras.

O jogo em si foi o esperado. A França tentando se acertar com belos jogadores e Honduras baixando o sarrafo, que é o que eles sabem fazer. A expulsão à brasileira de Palacios facilitou as coisas para a França e fez de Benzema um dos artilheiros da Copa, num indiscutível três a zero imposto pelos franceses quase em ritmo de treino. Mas a França, meus amigos, com esse time sem armador, não vai longe não. Podem anotar.

E a ESPN, que se orgulha de ter a equipe mais preparada, tem transmitido sorrateiramente vários jogos de dentro dos seus estúdios. Deslize imperdoável para um canal pago segmentado em esportes na cobertura de uma Copa realizada no Brasil. Ora, se até a Globo está fazendo a transmissão in loco e tem alterado – fato raro – os horários de suas novelas, os súditos de José Trajano bem que poderiam ter se esforçado mais. No fundo, no fundo, falta elenco à ESPN para cobrir um evento dessas dimensões. Uma pena.

Até a próxima que tem alemão virando baiano!

Resultados de 15/6/2014
Suíça 2 x 1 Equador
França 3 x 0 Honduras
Argentina 2 x 1 Bósnia e Herzegovina

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