O Homem Baile

Bom enquanto durou

Na estreia no Rio, Crucified Barbara faz apresentação curta para público reduzido, mas mostra músicas novas e saldo é positivo. Fotos: Daniel Croce.

Mia Coldheart, em um dos poucos momentos em que larga a guitarra, para cantar a balada 'Jennyfer'

Mia Coldheart, em um dos poucos momentos em que larga a guitarra, para cantar a balada 'Jennyfer'

Com o set list cortado em cima da hora e um show curto (exatos 60 minutos), o quarteto feminino sueco Crucified Barbara estreou no Rio neste sábado, numa matinê no Teatro Odisséia. O grupo encabeçaria uma noite com três bandas, mas, com o cancelamento do show do Kiara Rocks, por motivos impublicáveis, coube ao gaúcho Hibria fazer a abertura, tocando por um tempo maior que o das meninas. Segundo consta, a casa precisava “ser liberada” para a noite de música de gosto duvidoso da Lapa, e assim o show terminou às 20h. Uma pena também que um público bastante acanhado tenha comparecido. Quem não foi, perdeu uma urgente noite de rock’n’roll.

Para quem não conhece, o Crucified Barbara é da linhagem de bandas suecas que fazem um possante crossover de punk rock e hard rock, que, no caso das meninas, descamba para o peso sem dó. A dobradinha de abertura, “The Crucifier”/“Shut Your Mouth” já mostra a força da banda ao vivo. A primeira com violenta urgência punk, e, a segunda, uma poderosa peça do hard rock contemporâneo, tendo como fio condutor um riff grudento de arrastar qualquer sujeito não familiarizado com o grupo para a beirada do palco. O público é pequeno, mas bastante participativo, em que pese as músicas do quarteto não serem assim tão conhecidas pela maioria.

As guitarristas Klara Force e Mia Coldheart e a baixista Ida Evileye fazem bela coreografia no palco

As guitarristas Klara Force e Mia Coldheart e a baixista Ida Evileye fazem bela coreografia no palco

As duas músicas estão no disco mais recente da banda, “The Midnight Chase”, lançado em 2012, e que descambou nessa turnê, que já passou pelo Brasil em 2012 (veja como foi em Goiânia), mas não pelo Rio. Na ocasião, um projeto de cotas antecipadas foi lançado para viabilizar o show na cidade, mas não obteve sucesso. Por ser já o final do giro, o Crucified tocou só mais duas do tal disco e ajustou o repertório com músicas mais antigas, e até três novas, que devem fazer parte do próximo disco. Uma delas é “Go Roffe”, quando as três moças assumem a pose metálica e se juntam na beirada do palco empunhando seus instrumentos, num dos belos momentos do show. A música foi tocada pela primeira vez nessa turnê pelo Brasil, que já passou por Porto Alegre e Curitiba; neste domingo, é a vez de São Paulo (saiba mais).

Outras duas novas incluídas no bom show foram a curiosa “Sell My Kids For Rock n’ Roll, uma porrada das boas, com um belo solo de Mia Coldheart, que também é a vocalista; e “To Kill a Man”, quase uma balada, que deve ser lançada como single já, já. É Mia a detentora de quase todos os solos na banda, o que não diminui o bom trabalho de Klara Force, a outra guitarrista. As duas entram se sola, por exemplo, no início de “Loosing The Game”, quando as guitarras melódicas voltam ao dominar o pedaço. No bis, com três músicas bem conhecidas, o destaque fica com a boa – já no título – “Rock Me Like The Devil”. A música atualiza como poucas o hard rock oitentista, conferindo-lhe ainda mais peso, e faz o público bater cabeça com os punhos cerrados. Tem cena melhor para se fechar um show?

Público é pequeno, mas agita com animação no show do Crucified Barbara no teatro Odisséia

Público é pequeno, mas agita com animação no show do Crucified Barbara no Teatro Odisséia

Na abertura, o Hibria fez um bom show, mas o grupo foi prejudicado pelo volume do som, absurdamente alto, a ponto de embolar todos os instrumentos numa massaroca só. Tanto que, quando o Crucified subiu no palco, a diferença era cavalar. O público fiel do grupo, porém, pouco se importou, se juntando na frente do palco com muita animação, mesmo em número reduzido. O show foi o terceiro da banda no Rio, e o vocalista Iuri Sanson, sempre falante, relembrou mais de uma vez do show do Rock In Rio do ano passado, junto com o Almah (veja como foi). Curiosamente, apesar dos problemas com os horários, a música “Defying the Rules”, faixa-título do álbum de estreia dos gaúchos, foi incluída de última hora. Vai entender.

Set list completo Crucified Barbara:

O set list com as músicas limadas: 'Play Me Hard', 'Rules And Bones' e 'Motorfucker'(clique para ampliar)

O set list com as músicas limadas: 'Play Me Hard', 'Rules And Bones' e 'Motorfucker' (clique para ampliar)

1- The Crucifier
2- Shut Your Mouth
3- Sex Action
4- To Kill A Man
5- Go Roffe
6- Jennyfer
7- Sell My Kids For Rock n’ Roll
8- Losing the Game
9- In Distortion We Trust
Bis
10- My Heart Is Black
11- Rock Me Like the Devil
12- Into the Fire

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Comentários enviados

Existem 2 comentários nesse texto.
  1. Lucas em abril 20, 2014 às 10:15
    #1

    Fala Bragatto,

    Não havia qualquer pressão para o Crucified Barbara cortar músicas, o Teatro Odisséia estava disponível para o evento até às 21 horas.

    O Hibria teve 10 minutos a mais de palco devivo ao cancelamento de última hora do Kiara Rocks. Não houve qualquer impacto no show das suecas.

    Abraço,

    Lucas

  2. Sergio Luiz em abril 20, 2014 às 15:21
    #2

    O show das meninas foi realmente empolgante. Uma pena de fato o som do Hibria ter sido tão prejudicado com o som extremamente alto dos instrumentos (principalmente a guitarra e a bateria) a ponto de deixar o meu ouvido e dos meus amigos zumbindo e mal dava pra ouvir o Iuri. No mais o show foi excelente, de lamentar mesmo só o publico que foi muito pequeno pra qualidade das bandas que se apresentaram.

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