No Mundo do Rock

Lollapalooza: Selvagens à Procura da Lei em sintonia com as manifestações

Com o álbum de estreia lançado no ano passado, grupo de Fortaleza vai estrear música “Bem-Vindo ao Brasil” no domingão, dia 6. Foto: Rafael Kent/Divulgação.

selvagensaprocuraCopa do Mundo, eleições, manifestações… É isso que passa pela cabeça dos integrantes do Selvagens à Procura da Lei, às vésperas do show do Lollapalooza, que eles próprios consideram como o “o maior show dos Selvagens até então”. Por isso, embora estejam na turnê do álbum de estreia, auto-intitulado, lançado no ano passado, o grupo vai tocar pela primeira vez a música “Bem-Vindo Ao Brasil”.

Mas quem já conhece não sairá decepcionado com o repertório, que inclui músicas consagradas pela banda, como “Brasileiro” e “Mucambo Cafundó”, as duas em sintonia com os “anseios por mudança” que a banda vê na população. Para quem não sabe, nascido em Fortaleza, o grupo estreou no ano passado em uma grande gravadora - fato raro hoje em dia - e conta com Gabriel Aragão e Rafael Martins (guitarras e vocais), Caio Evangelista (baixo) e Nicholas Magalhães (bateria).

Gabriel foi o encarregado de responder as perguntas que enviamos via e-mail, e destacou a obrigação que o artista tem de “representar o povo”; a parceria com a gravadora em um cenário em que o novo rock não atinge a grande mídia; e a lamentação de não poder ver o show de Johnny Marr; as duas bandas tocam no mesmo horário, no domingo, dia 6. Para explicar de onde veio o nome do grupo, contudo, Gabriel pediu ajuda ao baterista Nicholas Magalhães. Veja abaixo:

Rock em Geral: Qual é a expectativa de tocar em um festival grande como o Lollapalooza?

Gabriel Aragão: Recebemos o convite ainda no ano passado e a expectativa tem rolado desde então sobre nós. Será um dos maiores públicos em um show dos Selvagens e, definitivamente, um ponto alto em nossa carreira. Será também um ano diferente na história do país. Copa do Mundo, eleições, manifestações… Ninguém sabe ao certo como vai funcionar tudo isso em conjunto. Então, também existe essa outra expectativa pairando sobre os brasileiros. Sendo o Lollapalooza no começo de abril, antes da copa e das eleições, o artista brasileiro tem a oportunidade e, diria até, a obrigação de representar o povo. Falando por nós, que temos músicas como “Brasileiro” e “Mucambo Cafundó” como singles, o que se pode esperar da participação dos Selvagens no Lolla é uma forte ligação entre o artista e a sua geração, pois os dois compartilham dos mesmos sentimentos e anseios por mudança.

REG: Vocês já pensaram no repertório a ser tocado? Vai ser o show normal da turnê de vocês ou será uma apresentação especial?

Gabriel: Temos preparado esse show há um tempo e não tenho medo de afirmar que será o maior show dos Selvagens até então. Falo isso porque estamos vivendo um momento histórico em que as pessoas, aparentemente, voltaram a ser mais críticas, voltaram às ruas, voltaram a ter necessidade de colocar algo para fora. E o rock é o grito gerado desse sentimento. Nossa apresentação será totalmente especial e cheia de surpresas. A novidade que posso adiantar é que escrevemos uma música nova chamada “Bem-Vindo Ao Brasil” que fala sobre esse sentimento geral e vamos tocá-la pela primeira vez no Lollapalooza.

REG: O Selvagens vai tocar no Palco Interlagos, num horário bastante cedo. Incomoda essa posição na grade de shows? Acha que a banda merecia uma posição melhor?

Gabriel: Considerando que os shows começam por volta do meio dia e o nosso show está marcado para às 14h45, boa parte do público já estará presente. Também, seremos a última banda brasileira no Palco Interlagos.

REG: Do ponto de vista das atrações desse palco e do domingo no festival, você acha que o Selvagens está entre bandas afins?

Gabriel: Acho que o público vai ter facilidade em entender o nosso som, nossa letra, nossa comunicação, pois somos todos do rock, independente da intimidade. Do ponto de vista do rock nacional somos umas das pouquíssimas bandas que levantam essa bandeira.

REG: Vocês pretendem curtir as outras atrações do festival? Quais shows geram mais expectativas entre vocês?

Gabriel: Todos nós queremos ver o Soundgarden. Também queríamos ver o Johnny Marr, mas vamos estar tocando no mesmo horário.

REG: Vocês são uma banda nova que tem contrato com uma grande gravadora, o que é algo não muito comum atualmente. Recomendam esse procedimento ou o meio independente é mesmo o caminho para bandas iniciantes?

Gabriel: Toda parceria que vem para somar é importante para qualquer banda de rock. O novo rock nacional já nasceu, mas ainda não atingiu a grande mídia, e isso não se deve ao fato de uma banda estar ou não em uma gravadora. Existe cada vez mais um público carente por bandas que cantem sobre a sua geração e acreditamos que seja apenas uma questão de tempo até a grande mídia perceber isso.

REG: Estão satisfeitos com o trabalho do disco de estreia? Já estão preparando o lançamento do segundo?

Gabriel: Conseguimos atingir o Brasil através desse disco que, em parceria com a Universal, distribuímos e divulgamos nacionalmente. O Lollapalooza é resultado desse trabalho. Temos um disco novo na manga e estamos tão afim de mostrar as músicas novas que não aguentamos esperar e vamos tocar a inédita “Bem-Vindo Ao Brasil” no dia 6 de abril.

REG: A propósito, como surgiu o nome da banda? Qual o lance da “procura pela lei”?

Nicholas Magalhães: Inicialmente o nome era Os Selvagens, mas queríamos uma frase poderosa, um símbolo, e em uma aula de Sociologia do Gabriel, o professor explicava a condição humana como todos sendo homens selvagens à procura de um código de conduta, então a gente adaptou. Todos nós devemos correr atrás do que realmente traz felicidade, então estamos nessa eterna corrida. A lei dos Selvagens está mais para a lei da sociedade alternativa (valeu Raul!).

LOLLAPALOOZA

O Lollapalooza acontece nos dias dias 5 e 6 de abril, sábado e domingo, no Autódromo de Interlagos, em São Paulo. As atrações principais desse ano são Muse, Nine Inch Nails, Arcade Fire e Soundgarden. Para ver a programação completa, vá até aqui.

Ainda há ingressos, que, no primeiro lote, saem por R$ 290 (inteira) ou R$ 145 (meia-entrada). No segundo lote o preço sobe para R$ 350 (inteira) ou R$ 175 (meia-entrada). O Lollapass, para os dois dias do festival, continua sendo vendido, em lote limitado, por R$ 540 (inteira) ou R$ 270 (meia-entrada). O valor pode ser parcelado, no cartão de crédito, em até três vezes. Clique aqui para saber tudo sobre o festival.

Atrações do festival, Muse, Cage the Elephant, Jake Bugg e Disclosure vão fazer shows paralelos em São Paulo; clique aqui para ver todos os detalhes. No Rio, Arcade Fire e Imagine Dragons também têm shows individuais agendados. Clique aqui e aqui para ver todos os detalhes.

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