Jogo escondido
Com novo álbum pronto, Sonata Arctica traz ao Rio turnê de grandes sucessos que comemora aniversário de 15 anos. Fotos: Daniel Croce.
Se em 2013 sete das 16 músicas apresentadas eram do então novo álbum, “Stones Grow Her Name” (e deveria ser assim mesmo), agora as 20 selecionadas dão um apanhando mais amplo da história do Sonata, muito embora nenhum desses lados B raros tenha sido contemplado. Se precoce, o que o retorno do grupo um ano depois, com o novo álbum guardado em cofre traz de bom é a possibilidade de o fã ver, ao vivo, uma maior variedade de músicas. E dos fãs, não se pode reclamar. As duas noites – a banda volta a tocar hoje, dia 18, ao mesmo Rival – têm ingressos esgotados, e, ontem, por volta das oito da matina, já tinha gente de camisa preta fazendo fila na Rua Álvaro Alvim. E pode ter certeza que ninguém desceu as escadas daquele subsolo para ficar parado: a participação da plateia é contagiante.
Mas as músicas, nem tanto. Mesmo com o acréscimo de 11 não tocadas no ano passado, o repertório do quinteto permanece carente de boas canções. Uma das que se salva desse grupo é “My Land”, cuja introdução sugere um cantarolar imediato do público. É a terceira da noite, mas é como se o show começasse de verdade ali, lembrando que “The Wolves Die Young”, a única nova tocada é, sim, uma boa composição, mas sem punch para abrir um show. Registra-se que, dessa vez, o vocalista Tony Kakko não está naqueles dias de mau humor e conduz o show com hábil simpatia e incansável interação com a plateia. Até na hora do agradecimento final o sujeito vibra. Também, parece que ninguém apontou o foco de luz para o rosto do rapaz. E, ainda, que a banda tem um novo baixista, Pasi Kauppinen, que cumpre bem o papel, e com muito mais interesse que o anterior, que tinha ares de um entediado funcionário público.Mesmo assim, a impressão que fica é semelhante à de um ano atrás. A de que o Sonata Arctica não tem um bom repertório e que falta ao grupo, talvez por ter um só guitarrista, uma pegada maior, sobretudo para uma banda de heavy metal, e mais ainda quando se trata de um show. Mantém-se, também, o feroz desempenho técnico do guitarrista Elias Viljanen – o que é bom – ante a uma notória ausência de feeling. Não por acaso, um dos melhores momentos do show prossegue sendo com “FullMoon”, disparada a melhor música do show e – quiçá – desses 15 anos de banda, cujo refrão grudento, artifício quase ausente em toda a noite, honra a tradição do heavy metal melódico.
Mas a noite tem outros momentos de destaque, além dos já salientados. Em “Black Sheep”, por exemplo, quando o show começa a engrenar, a imagem de todos na beirada do placo – exceto o baterista Tommy Portimo, claro - é pura empolgação. O tecladista Henrik Klingenberg e seu keytar (aquele “teclado de mão”) é um dos que mais interage, em duetos com cada um dos integrantes. Em “Paid In Full”, até Kakko dá uma tocadinha de leve na guitarra de Viljanen e o público – claro – adora. Embora a plateia esteja na mão, algumas boas músicas nem tiveram uma participação tão eloquente. Uma delas é “Sing in Silence”, ausente no ano passado, de forte sotaque pop. Outra é “Victoria’s Secret” e seu bom refrão, embora o título seja piada pronta. Para o show de hoje, se rolar um ensaio durante a tarde, o Sonata Arctica pode incluir duas músicas diferentes, incluindo a outra nova conhecida, “Cloud Factory”, jamais tocada ao vivo. Será que vale o repeteco?Set list completo:
1- The Wolves Die Young
2- Losing My Insanity
3- My Land
4- Black Sheep
5- Sing in Silence
6- Flag in the Ground
7- Tallulah
8- FullMoon
9- White Pearl, Black Oceans…
10- Kingdom for a Heart
11- Wolf & Raven
12- In the Dark
13- Replica
14- Paid in Full
15- Victoria’s Secret
16- Last Drop Falls
17- I Have a Right
Bis
18- Cinderblox
19- The Cage
20- Don’t Say a Word
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