O Homem Baile

Endosso

Ao vivo, novo vocalista do Kamelot é aprovado no Circo Voador; grupo acrescenta duas músicas em relação aos outros shows da turnê. Fotos: Daniel Croce.

A emoção do vocalista Tommy Karevik, aprovado também ao vivo, e por aclamação, no Circo Voador

A emoção do vocalista Tommy Karevik, aprovado também ao vivo, e por aclamação, no Circo Voador

Primeiro, a tristeza. A saída do vocalista Roy Khan, há três anos, deixou os fãs do Kamelot inconsoláveis e inseguros quanto ao futuro do grupo. Depois, a certeza de que o sueco Tommy Karevik é o cara certo para ocupar o posto, dada a boa performance no novo álbum, “Silverthorn”, lançado em 2012. E por fim, ontem (8/2) no Circo Voador, um público apenas razoável pode atestar, ao vivo, sem (com alguns, na verdade) efeitos, que Karevik é mesmo o sujeito talhado para comandar a banda americana. Além do tom de voz parecido com o de seu antecessor, ele tem boa presença de palco, envergadura e um alcance vocal - algo indispensável para o gênero – dos melhores; fato reconhecido pelo público, que não cansava de gritar seu nome em coro.

A recepção é tão animada que o repertório do show é acrescido em duas músicas, em relação aos outros shows da turnê, de acordo com Tommy Karevik por causa de esta ser a primeira vez dele no Rio, e também para compensar a longa espera, já que o Kamelot estava há cerca de nove anos ausente na cidade. São elas “Don’t You Cry”, de performance semi-acústica, e, portanto dispensável em um show de metal; e “EdenEcho”, esta sim um bônus de responsa, na qual os agudos de Karevik reafirmam sua vocação para cantar no Kamelot. Do álbum novo, o grupo mandou nada menos que cinco das 12 faixas. Na melhor delas, “Sacrimony (Angel of Afterlife)”, aparece outro destaque da noite: a vocalista Alissa White-Gluz, integrante do The Agonist e convidada especial para a turnê desse álbum.

Tommy Karevik duela com a cantora Alissa White-Gluz, que bem que poderia participar mais no Kamelot

Tommy Karevik duela com a cantora Alissa White-Gluz, que bem que poderia participar mais no Kamelot

No início do show Alissa aparece no palco como reles elemento figurativo, fantasiada de noiva from hell, mesmo porque, inicialmente, sua voz aparece em volume baixo demais. O técnico de som da banda, aliás, custa a ajustar a equalização do som, e por isso ela só desabrocha pra valer na metade final do show. Introduzida com gaiatice pelo riff gravado de “Final Countdown”, do Europe, “Sacrimony…” reserva uma bela performance do novo Kamelot, com direito a duelos vocais e teatralizados entre a dupla que empolga a plateia. É uma das poucas músicas da noite em que os teclados de Oliver Palotai dialogam em boa sintonia com a guitarra de Thomas Youngblood (outra é “My Confession), e a canção, que em disco tem além de Alissa a vocalista do Amaranthe, Elize Ryd, ainda traz um refrãozão daqueles de cantar junto até o sol raiar.

O desequilíbrio entre teclado e guitarra é latente em várias músicas, como se cada um quisesse “mostrar mais serviço” que o outro, e isso numa banda com mais de 20 anos nas costas. Estranha-se também que todos os integrantes tenham direito a um momento solo - com destaque absoluto para o baterista Casey Grillo -, menos justamente o guitarrista Youngblood. Tais desacertos não prejudicam, entretanto, a clássica “Center Of The Universe”, cuja introdução de guitarra já demanda um lindo cantarolar da plateia; “When the Lights Are Down”, que tem a inesperada participação de Alissa White-Gluz; e o desfecho final, com “March Of Mephisto”, de tom épico, na qual a vocalista também faz o vocal gutural, originalmente gravado por Shagrath, do Dimmu Borgir; e que diferença!

Karevik agitando ao lado do baixista e figuraça Sean Tibbetts, que também teve direito a um solo

Karevik agitando ao lado do baixista e figuraça Sean Tibbetts, que também teve direito a um solo

Em que pese a empolgação dos fãs mais dedicados que vibram com o mínimo movimento de cada um dos integrantes e não hesitam em puxar coros com os nomes deles, no mínimo três conclusões pode-se tirar depois do show do Kamelot: a) O vocalista Tommy Karevik não deixa dúvidas de que é o sujeito certo para ocupar o posto do não menos brilhante Roy Khan; b) A vocalista de apoio dessa turnê, Alissa White-Gluz, tem vaga de titular no time, e o grupo deve pensar seriamente nessa hipótese; e c) Não se pode confiar em uma banda em que todos têm direito a um momento solo, menos o guitarrista. Mas o que valeu mesmo foi o endosso coletivo dessa nova fase, aprovada com louvor.

Set list completo:

1- Torn
2- Ghost Opera
3- The Great Pandemonium
4- Veritas
5- Center of the Universe
6- Soul Society
7- Song for Jolee
8- Rule the World
9- Drum Solo
10- When the Lights are Down
11- Sacrimony (Angel of Afterlife)
12- The Human Stain
13- Don’t You Cry
14- My Confession
15- Keyboard Solo
16- Forever
Bis
17- Bass Solo
18- The Haunting (Somewhere in Time)
19- EdenEcho
20- Karma
21- March of Mephisto

Alissa e o baterista Casey Grillo, no alto, e o guitarrista Thomas Youngblood, Karevik e Tibbetts, abaixo

Alissa e o baterista Casey Grillo, no alto, e o guitarrista Thomas Youngblood, Karevik e Tibbetts, abaixo

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