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Red Hot Chili Peppers: Flea explica playback no Super Bowl

Baixista admite que grupo, que costuma se recusar a fazer dublagem ao vivo, fez mímica na apresentação, e que essa era a única maneira de aceitar o convite para o show. Foto: Reprodução/Internet.

ap803852527445Depois de ser flagrado fazendo palyback na apresentação do Super Bowl, no último domingo, o baixista do Red Hot Chili Peppers, Flea, publicou uma longa carta aos fãs no site do grupo, explicando o porquê de ter aceitado tocar sobre a música gravada antecipadamente.

“Ficou claro para nós que os vocais seriam ao vivo, mas o baixo, bateria e a guitarra seriam pré-gravados. (…) Não cabia argumentação sobre isso, a NFL (Liga de Futebol Americano) não queria arriscar ter um som ruim e ponto final”, diz Flea em um dos trechos da carta. A decisão de participar ou não do show de Bruno Mars no intervalo da partida final do campeonato causou várias reflexões entre os integrantes do grupo, conhecido por uma energética performance ao vivo, e também justamente por se negar a fazer playback em programas de TV.

“A posição do Red Hot Chili Peppers sobre qualquer tipo de mímica é de não fazê-la”, diz Flea. “Levamos a sério tocar a nossa música, é uma coisa sagrada para nós, e qualquer um que já nos viu em um show sabe que tocamos com o coração, improvisamos espontaneamente, corremos riscos musicais, suamos sangue a cada show. Estamos há 31 anos fazendo isso”, continua o texto.

“Refletimos muito antes de concordar com tudo, e além de muita conversa entre nós, falei com meus amigos do meio musical, pelos quais tenho muito respeito, e todos disseram que topariam fazer se fossem convidados, que seria algo selvagem de se fazer, que diabos”, esbraveja.

Embora fazer playback (simular tocar ao vivo sobre música reproduzida mecanicamente por aparelho de som) seja um clássico do fingimento de um artista sobre um palco, Flea acredita que o grupo foi verdadeiro ao tocar sem plugar os instrumentos.

“Poderíamos ter plugado os instrumentos para evitar que as pessoas expressassem desapontamento ao saber que a parte instrumental da música foi pré-gravada? Claro que sim, seria mais fácil e não seria um problema. Mas achamos melhor não fingir, parecia a coisa mais real a se fazer naquelas circunstâncias”, diz o baixista, que vê a situação como gravar um videoclipe.

“Era como a feitura de um vídeo musical na frente de um zilhão de pessoas, a não ser pelos vocais, e a única maneira de se fazer isso. Nosso único pensamento era o de mostrar para as pessoas quem nós realmente somos”. Na carta, Flea confirma que todos os instrumentos foram pré-gravados e que os músicos fizeram playback no palco. Apenas os vocais, de Bruno Mars, de Anthony Kieds e os de apoio, foram ao vivo.

O baixista termina agradecendo o convite a Bruno Mars e a NFL, e afirma que “faria tudo da mesma forma de novo”. Leia abaixo a íntegra do texto postado por Flea no site oficial do Red Hot Chili Peppers:

“Queridos,

Quando fomos chamados pela NFL (Liga de Futebol Americano) e pelo Bruno (Mars) para tocar a nossa música ‘Give it Away’ no Super Bowl, ficou claro para nós que os vocais seriam ao vivo, mas o baixo, bateria e a guitarra seriam pré-gravados. Eu entendo a posição da NFL sobre este assunto, já que eles só têm uns minutos para montar o palco, e há zilhões de coisas que podem dar errado e arruinar o som para as pessoa no estádio e para os telespectadores. Não cabia argumentação sobre isso, a NFL não queria arriscar ter um som ruim e ponto final.

A posição do Red Hot Chili Peppers sobre qualquer tipo de mímica é de não fazê-la. A última vez que fizemos isso (ou tentamos fazer) foi no final dos anos 80, quando fomos expulsos do ‘Top Of The Pops’, o programa da TV britânica, durante o ensaio, porque nós nos recusamos a fazer a mímica direito, eu toquei baixo com meus sapatos, John tocou guitarra nos ombros do Anthony, e basicamente fizemos uma luta no palco, debochando do que seria uma real performance ao vivo.

Fizemos mímicas em um ou dois shows esquisitos da MTV e foi sempre uma chatice. Levamos a sério tocar a nossa música, é uma coisa sagrada para nós, e qualquer um que já nos viu em um show (como na noite anterior a do Super Bowl no Barclays Center), sabe que tocamos com o coração, improvisamos espontaneamente, corremos riscos musicais, suamos sangue a cada show. Estamos há 31 anos fazendo isso.

Então, quando a ideia do show do Super Bowl veio, havia muita confusão entre nós, se devíamos topar ou não, mas enfim decidimos, foi meio surreal, uma vez na vida fazer essa coisa maluca e que deveríamos nos divertir fazendo isso. Refletimos muito antes de concordar com tudo, e além de muita conversa entre nós, falei com meus amigos do meio musical, pelos quais tenho muito respeito, e todos disseram que topariam fazer se fossem convidados, que seria algo selvagem de se fazer, que diabos. Ademais, todos nós do RHCP adoramos futebol americano e isso teve grande peso em nossa decisão. Decidimos que, com o Anthony cantando ao vivo, que ainda poderíamos manter o espírito de liberdade do nosso show, e claro que nós tocamos cada nota na gravação feita especialmente para o show. Conheci e conversei com o Bruno, que foi um cara legal, um músico realmente talentoso, e trabalhamos em algo que seria divertido.

Gravamos a música para o dia, só pondo para fora dos nossos corações aquilo que era bem parecido com as versões que temos tocado ao vivo nos últimos anos com o nosso querido Josh (Klinghoffer) na guitarra.

Para a performance real, Josh, Chad (Smith, baterista), e eu tocamos sozinhos o que foi pré-gravado, então não havia necessidade de plugar os instrumentos, por isso não fizemos. Poderíamos ter plugado os instrumentos para evitar que as pessoas expressassem desapontamento ao saber que a parte instrumental da música foi pré-gravada? Claro que sim, seria mais fácil e não seria um problema. Mas achamos melhor não fingir, parecia a coisa mais real a se fazer naquelas circunstâncias. Era como a feitura de um vídeo musical na frente de um zilhão de pessoas, a não ser pelos vocais, e a única maneira de se fazer isso. Nosso único pensamento era o de mostrar para as pessoas quem nós realmente somos.

Sou grato à NFL por ter nos recebido. E sou grato ao Bruno, que é um jovem super talentoso por nos convidar para fazer parte do show dele. Faria tudo da mesma forma de novo.

Nós, como banda, aspiramos crescer como músicos e compositores, e a continuar tocando com nossas entranhas ao vivo no palco para qualquer um que queira explodir os seus miolos.

Atenciosamente,

Flea”

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