Paradões
Tocando muito e se mexendo pouco, Tempus Fugit transforma show de rock em “espetáculo de câmara” na Mostra Internacional de Rock Progressivo, no Rio. Fotos: Luciano Oliveira.
Bem ensaiado, o grupo soube aproveitar a qualidade do som do festival, ainda que reclamasse o tempo todo dessa ou aquela falha. Músico de rock progressivo é tão detalhista que o baterista Ary Moura, em uma de suas falas, chega a dizer que a banda tem uma música nova, mas desistiu de tocá-la porque “não deu certo no ensaio”. Talvez pelo mesmo motivo dois baixistas se revezam no palco. O que faz parte do grupo, Marquinhos do Santos, estava muito mais à vontade e integrado ao som do Tempus Fugit, em comparação ao substituto, que trava um duelo particular um uma partitura em cima do palco. Nada que prejudicasse o bom show “maior banda de rock progressivo de Jacarepaguá”, nas palavras do gaiato tecladista André Mello, responsável por soltar boas tiradas nos intervalos.
O som do grupo, cujo nome, como se sabe vem de uma canção do Yes, reverbera o rock progressivo de varias épocas e origens, incluindo o prog metal que lhe soa bem contemporâneo – a formação é dos anos 1990. Fica melhor quando as composições são mais apuradas e fogem de se destacar somente por causa dos arranjos à progressivo bem manjados (e muito bem feitos), como as mudanças de andamento que o publico adora e outros artifícios. É o que se vê, por exemplo, “Daydream & The Dawn…”, cuja melodia em um dos trechos mais avançados deságua em um excelente crescente dramático. A retomada da guitarra é um dos momentos em que o público aplaude espontaneamente o quarteto. Outra que realça é “Goblin’s Trail”, cujo final, também protagonizado pelo excelente guitarrista Henrique Simões, faz a música crescer horrores e arranca mais aplausos do público.Outra característica que se destaca no som do Tempus Fugit é o equilibrado diálogo entre teclado e guitarra, que não disputam espaço como acontece com muitas bandas – reconhecidas até – do gênero. “Tocando Você”, guiada por uma bela melodia da tecladeira (tem moog e o escambau) de André, é um bom exemplo, com espaço até para um meramente ilustrativo dedilhado de violão, em que pese a perícia técnica, compenetrada e séria de Simões. O peso aparece em músicas como “Bornera” e “Pontos de Fuga”, um prog metal dos bons, e vale o registro que o grupo é melhor na parte instrumental do que quando tem vocal, mesmo quando André Mello incrementa o gogó com efeitos, como acontece na discreta “Never”.
O encerramento da boa apresentação, com “Chessboard”, no entanto, peca pelo exagero. Trata-se de uma longa suíte instrumental marcada pelos desencontros entre as diversas partes. A ideia é boa, necessária até para quem toca rock progressivo, mas no computo geral soa como se o grupo tivesse o sonho (qual não tem?) de compor uma música do tipo, mas acabou forçando demais de modo que a peça não ficou lá essa coca-cola toda. O que positivamente, não chega a comprometer o bom show do Tempus Fugit. Será que a turma tinha razão quando decidiu deixar de fora do show aquela música que “não deu certo no ensaio”?Set list (quase) completo:
1- Prologue - War God
2- Unfair World
3- The City And The Crystal
4- Daydream & The Dawn…
5- The Sight
6- Tocando Você
7- O Dom de Voar & Princesa Vanessa
8- Goblin’s Trail
9- Bornera
10- Never
11- Pontos de Fuga
12- Chessboard
Bis
13- A confirmar
Veja também: como foi o show de Carl Palmer
A Mostra Internacional de Rock Progressivo continua no próximo final de semana e vai até o dia 1o de fevereiro. Abaixo, todos os detalhes:
Programação:
Sexta, dia 24, 21h: Dialeto
Dia 25, sábado, 21h: Violeta de Outono
Dia 26, domingo, 21h: Calix
Dia 31, sexta, 21h: Terreno Baldio
Dia 1/2, sábado, 21h: Premiata Forneria Marconi
Serviço:
Mostra Internacional de Rock Progressivo
Tenda CCBB na Praça dos Correios: Rua Visconde de Itaboraí, 20, Centro - Rio de Janeiro
Preços: R$ 10 (inteira) e R$ 5 (meia-entrada)
Vendas: Bilheteria do CCBB, www.ingressorapido.com.br ou www.ingressomais.com.br
Início das vendas: 6 de janeiro
Capacidade: 600 pessoas
Formas de Pagamento: dinheiro e cartões Mastercad, Redeshop e Visa
Funcionamento da Bilheteria: de quarta a segunda, das 9h às 21h
Informações: (21) 3808-2020
Tags desse texto: Mostra Internacional de Rock Progressivo, Tempus Fugit
O bis foi um medley de “Prologue-Goblin’s Trail” (parte final). Quanto a música não tocada, foi descartada apenas por motivos de escolha de repertório. Não sei de onde ele tirou isso de que “não deu certo no ensaio” rsrs… “Chessboard” é uma suíte dividida em duas partes. Uma com 11 minutos e outra com 8. Talvez não seja uma coca-cola, mas é uma boa pepsi. Valeu pela resenha, obrigado!
Gostaria de ressaltar ao amigo e crítico que a banda ficou na eminência de não participar do festival por falta de baixista e o amigo Alex (baixista sub) foi nosso grande herói nessa hora tão importante que a música progressiva atravessa, E que a música nova em questão foi exaustivamente ensaiada com o Marquinhos (nosso baixista) que não sabíamos se iria tocar nesse festival por causa de seu compromisso com outros trabalhos e o Alex conseguiu em tempo recorde - apenas dois ensaios - fazer praticamente todo o repertório! Portanto, não que não tenha dado certo, mas foram esses os problemas apresentados!
Obrigado!
Houve um pouco de má vontade da parte técnica da empresa na hora de fazer o monitor, depois de algumas microfonias fui até a mesa do monitor e constatei que a mesma estava abandonada, depois que o dono da empresa saiu de cena. É claro!
Não tinha como eu ficar em duas mesas ao mesmo tempo e essa foi a causa das falhas técnicas.