Monstro
Power trio liderado pelo baterista-lenda Carl Palmer esbanja virtuose e bom gosto em exibição de gala na Mostra Internacional de Rock Progressivo, no Rio. Fotos: Luciano Oliveira.
Embora seja um baterista o elemento principal na banda, não se trata de uma apresentação majoritariamente percussiva. Palmer sabe muito bem o papel de seu instrumento, e embora passe boa parte das músicas inventando viradas, batidas e andamentos de surpresa (segura as baquetas como se fosse um músico de jazz), abre espaço para que seus cúmplices na empreitada mostrem serviço. É o que se vê logo da cara na abertura, com o clássico dos cinemas “Peter Gun”, de Henry Mancini, quando o guitarrista Paul Bielatowicz deixa a guitarra voar com peso e intensidade pra lá de convincentes. Na sequência, em “Karn Evil 9: 1st Impression, Part 2”, tema rocker-erudito do ELP, é a vez do baixista Simon Fitzpatrick soltar os dedos, como se dedilhasse o instrumento. Os dois ainda teriam direito a um momento solo cada, generosidade do dono da noite.

O guitarrista Paul Bielatowicz não esconde ser fã de Eddie Van Halen, no modo de tocar e na camiseta
Aos que sentiam falta da tecladeira de Keith Emerson, que costuma usar até facas ante o instrumento, mais de uma vez Bielatowicz usa efeitos que lembram um teclado, numa referência mais que apropriada. De tanto esmerilhar a guitarra durante as músicas, contudo, prefere um solo, digamos, neoclássico, com mais citações à música erudita, como um Yngwie Malmsteen em dias calmos. Mas a grande referência do moço, fisicamente parecido com Steve Howe, do Yes, é mesmo Eddie Van Halen, cuja imagem aparece estampada na própria camiseta, e o estilo devidamente aplicado nas cordas, com mão invertida para todo o lado. Tanto que um sujeito mais exaltado no meio do povão não se contém e pede “Eruption”, número de guitarra e marca registrada de Eddie, sem ser atendido.

O baixista Simon Fitzpatrick usou a base de 'Stairway to Heaven' para fazer o público cantar no solo
Se já não bastassem os cerca de 10 minutos de duração desse verdadeiro clássico do rock progressivo – a música é de Aaron Copland – é nela que Carl Palmer embute um número solo para ficar na memória. Em cerca de seis minutos, o baterista apresenta um número de percussão riquíssimo, com ênfase também nos pratos, aros, hastes e baquetas, sempre interagindo com o público com impagáveis expressões. Numa das passagens, faz uma baqueta “tocar sozinha” ao ser percutida pela outra. Mais que um exercício de pura virtuose aos 63 anos, trata-se de um número de entretenimento excepcional. E, como se sabe, no rock progressivo solo é exercício obrigatório. Sobra a discreta “Nutrocker” para o bis, mas a essa altura, com quase duas horas de power rio instrumental em volumes altíssimos, faz pouca diferença. Mais que um show, Carl Palmer comandou uma verdadeira exibição de rock instrumental e de bom gosto.
Set list (quase) completo:1- Peter Gun Theme
2- Karn Evil 9: 1st Impression, Part 2
3- Knife-Edge
4- America
5- Mars, the Bringer of War
6- Solo de guitarra
7- Carmina Burana
8- Solo baixo
9- Toccata and Fugue in D Minor (a conferir)
10- Pictures at an Exhibition
11- Fanfare for the Common Man
Bis
12- Nutrocker
A Mostra Internacional de Rock Progressivo continua neste domingo (19/1), com o show do Tempus Fugit, e vai até o dia 1o de fevereiro. Abaixo, todos os detalhes:
Programação:
Hoje, domingo, dia 19, 21h: Tempus Fugit
Dia 24, sexta, 21h: Dialeto
Dia 25, sábado, 21h: Violeta de Outono
Dia 26, domingo, 21h: Calix
Dia 31, sexta, 21h: Terreno Baldio
Dia 1/2, sábado, 21h: Premiata Forneria Marconi
Serviço:
Mostra Internacional de Rock Progressivo
Tenda CCBB na Praça dos Correios: Rua Visconde de Itaboraí, 20, Centro - Rio de Janeiro
Preços: R$ 10 (inteira) e R$ 5 (meia-entrada)
Vendas: Bilheteria do CCBB, www.ingressorapido.com.br ou www.ingressomais.com.br
Início das vendas: 6 de janeiro
Capacidade: 600 pessoas
Formas de Pagamento: dinheiro e cartões Mastercad, Redeshop e Visa
Funcionamento da Bilheteria: de quarta a segunda, das 9h às 21h
Informações: (21) 3808-2020

O atento Carl Palmer presta atenção com cuidado ao tirar o som de sua bateria, de modo até improvável
Tags desse texto: Carl Palmer, Emerson, Lake & Palmer, Mostra Internacional de Rock Progressivo
O EL&P também tem uma música chamada ‘Eruption’.
Amigo, tocaram “The Barbarian” com toda certeza, eu estava lá.
Um abraço! :)