O Homem Baile

Superado o criador

Na abertura para o Helloween, Gamma Ray, liderado por Kai Hansen, mostra pouco poder de fogo em repertório irregular. Fotos: Daniel Croce.

O guitarrista e vocalista do Gamma Ray e fundado do Helloween, Kai Hansen: criatura supera o criador

O guitarrista e vocalista do Gamma Ray e fundado do Helloween, Kai Hansen: criatura supera o criador

Depois de ter vindo ao Rock In Rio praticamente para passear (saiba mais), Kai Hansen pode mostrar o trabalho de sua banda, ontem, abrindo para o Helloween na Fundição Progresso, no Rio. Embora esteja à frente do grupo desde a sua criação, em 1989, Hansen é integrante fundador do Helloween, o que faz dessa turnê com as duas bandas o sonho de consumo de muita gente. Com repertório irregular, entretanto, o Gamma Ray deixa a desejar, em um show que não engrena como o da banda principal (veja como foi), muito embora reserve momentos marcantes para quem conhece o mínimo do heavy metal mundial.

A comparação é inevitável. Enquanto o Helloween se remenda e sobrevive muito bem à custa do talento do guitarrista Michael Weikath e do baixista Marcus Grosskopf, Kai Hansen mergulha num mundo obscuro em que mal consegue compor boas músicas como nos tempos do Helloween, sobretudo na fase “Keepers”, obra essencial para o heavy metal. Ou seja, na hora de montar mesmo um set list curto, de pouco mais de uma hora, os 10 discos do Gamma Ray não oferecem lá muitas opções, anda mais quando há – e está correto – a ênfase no disco mais recente, caso de “To The Metal”, lançado há três anos, que cede três músicas ao repertório do show. Mesmo assim, Hansen poderia ter caprichado mais nas escolhas.

Kai Hansen e o duelo de guitarras melódicas na beirada de palco com o eficiente Henjo Richter

Kai Hansen e o duelo de guitarras melódicas na beirada de palco com o eficiente Henjo Richter

Não que sejam ruins. “To The Metal”, com um andamento marcial à Manowar é uma ótima ode ao heavy metal, um dos temas preferidos de Hansen. Em “Empathy”, o dueto de guitarras de Henjo Richter e Kai Hansen também garante um dos grandes momentos do show, mas “Rise”, praticamente desconhecida, dada a reação fria da plateia, passa batida. A novidade maior, porém fica com a inclusão de “Master Of Confusion”, do novo álbum, a ser lançado no ano que vem (se bem que o estúdio deles, em Hamburgo, pegou fogo recentemente, saiba mais). A música é um metal clássico dos bons, com sutis referências – para dizer o mínimo – às guitarras dobradas do Iron Maiden. A performance com os três na beirada do palco, incluindo o discreto baixista Dirk Schlächter, é de empolgar.

A coisa pega fogo mesmo nos clássicos, embora poucos e espalhados pelo show, daí a pecha de irregular. “Rebellion In Dreamland”, por exemplo, teria sido o ápice da noite, caso a música não fosse encurtada e emendada com “Dethrone Tyranny”. Com a ausência de clássicos do naipe de “Land Of The Free” (uma das mais pedidas pelos fãs), “New World Order” e “Heavy Metal Universe”, sobrou para “Future World” a configuração do ponto alto da noite, com uma cantoria de não ficar devendo a do show principal. Também, pudera. A música, clássico do Helloween, ganha uma evolução de solos dobrados de Hansen e Richter, e ainda é somada a “To the Metal” e a “Send Me a Sign”, numa trinca poderosa para arrematar a apresentação em alto astral. No computo geral, no entanto, o show reforça o porquê de o Gamma Ray ser a banda de abertura e o Helloween, a principal.

Coadjuvantes de luxo: aqui é o baixista Dirk Schlächter que interage com o guitarrista Henjo Richter

Coadjuvantes de luxo: aqui é o baixista Dirk Schlächter que interage com o guitarrista Henjo Richter

Set list completo:

1- Anywhere in the Galaxy
2- Men, Martians and Machines
3- The Spirit
4- Master of Confusion
5- Rebellion in Dreamland
6- Dethrone Tyranny
7- Empathy
8- Rise
9- Solo de guitarra
10- Future World
11- To the Metal
12- Send Me a Sign

Tags desse texto: ,

Comentários enviados

Sem comentários nesse texto.

Deixe o seu comentário

Seu email não será divulgado